Clemente Ganz Lúcio
Há 60 anos, o movimento sindical demonstrou que é uma instituição que sabe arriscar para ser moderna e responder aos desafios do presente e do futuro. Em 1955, apesar das diferenças políticas presentes na classe trabalhadora organizada, a luta por ideais comuns propiciou a unidade para criar e investir na construção de uma entidade técnica, intersindical, unitária. Nascia o Dieese.
Há 60 anos, o movimento sindical demonstrou que é uma instituição que sabe arriscar para ser moderna e responder aos desafios do presente e do futuro. Em 1955, apesar das diferenças políticas presentes na classe trabalhadora organizada, a luta por ideais comuns propiciou a unidade para criar e investir na construção de uma entidade técnica, intersindical, unitária. Nascia o Dieese.
Desde
então, os dirigentes afirmam que entendem muito bem o papel do
conhecimento na luta social e o poder e a capacidade que ele
gera para o debate público.
As
primeiras pesquisas, sobre custo de vida, já abriram a demanda
para a assessoria, nas negociações com os empregadores e os
governantes locais e presidentes. O trabalho evidenciou que o
conhecimento produzido deveria favorecer, além da assessoria às
lutas sindicais e às negociações coletivas, o investimento em
formação sindical. Assim foi feito durante décadas.
Hoje
o Dieese trabalha para consolidar presença nacionalmente, com a
realização da Pesquisa da Cesta Básica de Alimentos em todas as
capitais brasileiras. A entidade avança ainda, neste momento,
para implantar uma nova pesquisa sobre a situação das ocupações,
do desemprego e das condições de trabalho, com a Nova PED,
Pesquisa de Emprego e Desemprego. Foram criados vários modelos
de pesquisa sindical, para que as entidades sócias conheçam
melhor as características dos trabalhadores da base e para
resgatar informações e produzir análises sobre acordos
coletivos, salários, Pisos salariais e greves, entre outras.
A
produção de estudos e anuários estatísticos se expandiu porque a
demanda temática cresceu. Atualmente, o Dieese assessora o
movimento sindical em mais de 40 temas (salário mínimo, reforma
tributária, terceirização, rotatividade, informalidade,
previdência social, seguridade social, política industrial,
orçamento público, questões de gênero, raça e juventude). A
diversidade de questões é ampla e de grande complexidade.
Pesquisas, estudos, notas técnicas, anuários, livros,
seminários, debates, oficinas são exemplos das várias maneiras
de se disponibilizar permanentemente a produção técnica.
O
investimento em formação sindical cresceu e, ao completar 50
anos, o Dieese perguntou às entidades sindicais filiadas se o
projeto que deu origem à entidade, de criar uma universidade do
trabalhador, ainda estava no horizonte. A resposta foi sim e,
desde então, tem sido feito investimento para a construção da
Escola Dieese de Ciências do Trabalho, hoje em pleno
funcionamento. Reconhecida pelo Ministério da Educação, a
instituição acaba de formar a primeira turma de bacharéis em
Ciências do Trabalho, que, em setembro, receberão os
certificados de conclusão da graduação.
O
movimento sindical hoje mostra-se conectado com sua história
porque mantém e renova os fundamentos originais do Dieese: a
unidade, a diversidade intersindical e a autonomia técnica do
trabalho. Mas vai além, pois aposta na capacidade de organização
para produzir conhecimento para enfrentar as questões que estão
presentes hoje na agenda do sindicalismo e da sociedade.
As
profundas mudanças no mundo do trabalho, nos processos
produtivos, na produção do conhecimento, em uma sociedade que
amplia o campo dos serviços e se integra economicamente, ocorrem
em um cenário em que cresce a desigualdade. Mais da metade da
população vive na pobreza. O meio ambiente também tem sido
penalizado. Os desafios políticos ganham maior relevância. É
urgente empenhar esforços para que a igualdade, a justiça, a
ética, a solidariedade e a cooperação voltem a ter centralidade
nas relações sociais. Manter o Dieese é a decisão de dirigentes
que apostam nesta agenda e no papel de uma instituição que
mobiliza competência cognitiva para gerar conhecimento a serviço
dos trabalhadores.
Clemente Ganz Lúcio é sociólogo e diretor técnico do
Dieese.E-mail: clemente@dieese.org.br
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