segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Discurso proferido na solenidade da Câmara de Vereadores de Joinville, em homenagem aos 60 anos de existência do DIEESE



BOA NOITE A TODAS E A TODOS.
NOSSOS AGRADECIMENTOS A ESTA CASA DO POVO PELA HOMENAGEM AO DIEESE. AGRADECIMENTOS ESPECIAIS AO VEREADOR MANOEL FRANCISCO BENTO, DO PARTIDO DOS TRABALHADORES, PELA LEMBRANÇA DE HOMENAGEAR O DIEESE NESSES SEUS 60 ANOS DE EXISTÊNCIA.

AGRADECIMENTOS A TODOS OS COMPANHEIROS E COMPANHEIRAS PRESENTES; AGRADECIMENTOS ESPECIAIS A TODOS OS DIRIGENTES E ÀS DIRIGENTES SINDICAIS AQUI PRESENTES. AGRADECIMENTOS CARINHOSOS À DIREÇÃO DO DIEESE TAMBÉM AQUI PRESENTE E A QUE NÃO PODE ESTAR (PELA CONFLUÊNCIA DOS ASTROS A MAIORIA NÃO PODE ESTAR AQUI). Sueli do Sintraseb e Jorge Godinho, dos hoteleiros de Criciúma.
ESTA HOMENAGEM AO DIEESE, INICIATIVA DE UM PARLAMENTAR DA CASA, O VEREADOR BENTO, NA VERDADE, É UMA HOMENAGEM A TODO O MOVIMENTO SINDICAL DE JOINVILLE. O DIEESE É CRIA DO MOVIMENTO SINDICAL BRASILEIRO, E SE NÃO HOUVESSEM SINDICATOS FORTES NO BRASIL E AQUI NA REGIÃO, O DIEESE NEM MESMO EXISTIRIA. PORTANTO, COMPANHEIROS E COMPANHEIRAS A HOMENAGEM AO DIEESE É, NO FUNDO, UMA HOMENAGEM AOS TRABALHADORES QUE CONSTRÓEM O PROGRESSO DE JOINVILLE E ÀS ENTIDADES QUE OS REPRESENTAM.
COMPANHEIROS E COMPANHEIRAS:*
Cito aqui, depoimento de Tenorinho, do sindicato dos Laticínios de SP, como era conhecido esse pernambucano, nascido em 1923 e falecido há poucos anos atrás (em 23 de janeiro de 2010):
Diz Teroninho:
“O Dieese passou por todo um sistema de preparação. Ele não surgiu de um estalo, não, ele foi fruto de todo um acúmulo de aprendizagem. Então, nós fizemos o Pacto de Unidade Intersindical, que começou com cinco sindicatos: gráficos, metalúrgicos, marceneiros, têxteis e vidreiros. Ali na rua dos Cerealistas. Então, naquela rua era uma casa baixa de um sócio, onde funcionava o sindicato, que se transformou em sede e dali nós começamos a “mandar brasa” em tudo. E todas as nossas lutas sindicais durante esse período, as lutas reivindicatórias, elas encontravam a barreira de como provar que era aquela percentagem que os trabalhadores reivindicavam, não tinha como, não tinha um aferidor. O único em que a Justiça se baseava – aí vamos chegar no Dieese – era uma comissão do Ministério do Trabalho, a qual não tinha a nossa presença nem participação, e a Secretaria de Abastecimento de São Paulo, comandada por Ademar de Barros e o Secretário era o João Acioli, até um advogado do Sindicato dos Têxteis.
Então esses dois dados nunca conferiam com aquilo que a gente achava que era o custo de vida e nós nos batíamos, e só levávamos alguma vantagem quando fazíamos greves enfrentando polícia, enfrentando todas as dificuldades para fazer uma greve como fizemos em 1953, a chamada “Greve de 700 mil trabalhadores”. Então surgiu a ideia da gente criar o nosso próprio organismo de levantamento de custo de vida. Aí eu, como secretário do Pacto; Salvador Romano Lossaco, presidente do Sindicato dos Bancários – aqui eu rendo a minha homenagem, porque sem ele não “tinha” existido o Dieese; Remo Forli, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos – eram os dois maiores sindicatos na época, os mais combativos eram esses dois; nós, do Laticínio, que não era numericamente tão expressivo, mas politicamente era peso-pesado; enfim, nós somamos cinco sindicatos e começamos a trabalhar dia e noite. Mas era até meia-noite, uma hora, duas horas da manhã, elaborando, pesquisando, estudando, e um dos homens-chave nisso aí se chama – foi este que já falei - Salvador Romano Lossaco, que não era do Partido Comunista, era um anarquista nato, mas de uma fidelidade de classe e de uma competência para ficar do nosso lado, que era impressionante.
Nós fundamos o Dieese. Fundamos o Dieese e pusemos: Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos. Antes era só Departamento Intersindical de Estatística. Aí um jornalista chamado Xavier Toledo - que era um jornalista do Correio Paulistano que trabalhava na Câmara e que acompanhava a gente, era um simpatizante - disse: “Olha, vocês têm que acrescentar, à ‘Estatística’, ‘Estatística e Estudos Socioeconômicos’, porque vocês abrem a perspectiva de se tornarem um instituto”. E nós incorporamos essa sugestão, ficou Di-e-ese. Foi um negócio muito bonito, uma vitória grande.”
Companheiros e companheiras:
O tempo passou, levado também pelo vento das lutas. As notícias da atual arena repetem manchetes. Hoje, como antes, sintonizados com o presente e coetâneos com os desafios de futuro, quando o Dieese completa 60 anos, rendemos nossa homenagem aos milhares de tenorinhos, leninas, salvadores e mônicas, que construíram, com muito trabalho militante e compromisso com a justiça e a solidariedade, uma instituição a serviço da classe trabalhadora!
Há 60 anos, o movimento sindical brasileiro demonstrou que é uma instituição que sabe arriscar para ser moderna e responder aos desafios do presente e do futuro. Em 1955, apesar das diferenças políticas presentes na classe trabalhadora organizada, a luta por ideais comuns propiciou a unidade para criar e investir na construção de uma entidade técnica, intersindical, unitária. Nascia o Dieese.

Desde então, os dirigentes afirmam que entendem muito bem o papel do conhecimento na luta social e o poder e a capacidade que ele gera para o debate público.

As primeiras pesquisas, sobre custo de vida, já abriram a demanda para a assessoria, nas negociações com os empregadores e os governantes locais e presidentes. O trabalho evidenciou que o conhecimento produzido deveria favorecer, além da assessoria às lutas sindicais e às negociações coletivas, o investimento em formação sindical. Assim foi feito durante décadas.

Hoje o Dieese trabalha para consolidar presença nacional, com a realização da Pesquisa da Cesta Básica de Alimentos em todas as capitais brasileiras. A entidade avança ainda, neste momento, para implantar uma nova pesquisa sobre a situação das ocupações, do desemprego e das condições de trabalho, com a Nova PED, Pesquisa de Emprego e Desemprego. Foram criados vários modelos de pesquisa sindical, para que as entidades sócias conheçam melhor as características dos trabalhadores da base e para resgatar informações e produzir análises sobre acordos coletivos, salários, pisos salariais e greves, entre outras.

A produção de estudos e anuários estatísticos se expandiu porque a demanda temática cresceu. Atualmente, o Dieese assessora o movimento sindical em mais de 40 temas (salário mínimo, reforma tributária, terceirização, rotatividade, informalidade, previdência social, seguridade social, política industrial, orçamento público, questões de gênero, raça e juventude). A diversidade de questões é ampla e de grande complexidade. Pesquisas, estudos, notas técnicas, anuários, livros, seminários, debates, oficinas são exemplos das várias maneiras de se disponibilizar permanentemente a produção técnica.

O investimento em formação sindical cresceu e, ao completar 50 anos, o Dieese perguntou às entidades sindicais filiadas se o projeto que deu origem à entidade, de criar uma universidade do trabalhador, ainda estava no horizonte. A resposta foi sim e, desde então, têm sido feitos investimentos para a construção da Escola Dieese de Ciências do Trabalho, hoje em pleno funcionamento. Reconhecida pelo Ministério da Educação, a instituição acaba de formar a primeira turma de bacharéis em Ciências do Trabalho, que, em setembro, receberão os certificados de conclusão da graduação.
O movimento sindical hoje mostra-se conectado com sua história porque mantém e renova os fundamentos originais do Dieese: a unidade, a diversidade intersindical e a autonomia técnica do trabalho. Mas vai além, pois aposta na capacidade de organização para produzir conhecimento para enfrentar as questões que estão presentes hoje na agenda do sindicalismo e da sociedade.
As profundas mudanças no mundo do trabalho, nos processos produtivos, na produção do conhecimento, em uma sociedade que amplia o campo dos serviços e se integra economicamente, ocorrem em um cenário em que cresce a desigualdade. Mais da metade da população vive na pobreza. O meio ambiente também tem sido penalizado. Os desafios políticos ganham maior relevância. É urgente empenhar esforços para que a igualdade, a justiça, a ética, a solidariedade e a cooperação voltem a ter centralidade nas relações sociais. Manter o Dieese é a decisão de dirigentes que apostam nesta agenda e no papel de uma instituição que mobiliza competência cognitiva para gerar conhecimento a serviço dos trabalhadores.
Foi Marx quem observou em meados do século XIX que “os homens fazem a sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente”. Assim foi o DIEESE nestes primeiros 60 anos de vida: construído com base na vontade dos trabalhadores e nas possibilidades colocadas pelas circunstâncias históricas.
Senhores, acredito que o movimento sindical e o DIEESE, sejam mais importantes neste momento em que a ideia de que o Brasil não tem mais jeito é poderosa, conta com avalistas de peso e interesses antipopulares, inclusive ao nível internacional.

AGRADECIMENTOS ESPECIAIS A ESTA CASA, AGRADECIMENTOS ESPECIAIS AO VALIOSOS MILITANTES DO MOVIMENTO SINDICAL AQUI PRESENTES; AGRADECIMENTO ESPECIAIS AOS PARLAMENTARES DESTA CASA. AGRADECIMENTO ESPECIAL AO VERADOR BENTO QUE TEVE A IDEIA DA HOMENAGEM AO DIEESE E A TODA A SUA EQUIPE. AGRADECIMENTO AO GRANDE COMPANHEIRO ZEKA CHAVES, ASSESSOR DO VEREADOR, FIGURA FUNDAMENTAL NESSE ACONTECIMENTO.
VIVA O BRASIL, VIVA OS TRABALHADORES, VIVA O POVO BRASILEIRO!
MUITO OBRIGADO.
*Material elaborado com base em dois textos de Clemente Ganz Lúcio, sociólogo e diretor técnico do Dieese. Os textos foram levemente enxertados com uma ou outra frase. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário