domingo, 30 de agosto de 2015

'China não tem crise, apenas volatilidade nas bolsas', diz analista

Vladimir Pomar lembra que constante "chantagem" do banco central dos Estados Unidos de aumentar juros afeta mais o mercado internacional do que a queda das bolsas asiáticas
por Redação RBA publicado 26/08/2015 15:12, última modificação 26/08/2015 19:00
 
 
Fernanda Carvalho/Fotos Públicas
China

"Esse negócio de botar a China na frente do palco é no sentido de esconder o que está acontecendo no resto"
São Paulo – O cientista político Vladimir Pomar, em entrevista hoje (26) à Rádio Brasil Atual, afirma que o momento atual enfrentado pela China é de volatilidade no mercado financeiro, mas não de crise. Para ele, a “chantagem” que o Federal Reserve (o banco central dos Estados Unidos) faz, ao sinalizar reiteradas vezes para a possibilidade de aumento da taxa de juros, mexe mais com o mercado internacional do que a queda das bolsas de valores de Xangai ou Shenzhen.
A expectativa é de que o PIB da China cresça em torno de 7% em 2015. "Para os chineses, esse índice de 7,1% a 7,4% é a chave para garantir 10 milhões de empregos novos por ano. Sete por cento não é crise na China. O que se tem é um problema de volatilidade nas bolsas de valores chinesas", diz Pomar.
Sobre especulações de que o governo chinês manipula dados sobre o crescimento do PIB, Pomar afirma que é uma questão levantada desde 1980 sob frágeis fundamentos. "Eles não têm interesse em manipular", afirma, acrescentando que, segundo organismos internacionais, como o FMI e o Banco Mundial, a China já é a maior economia do planeta, se observada a paridade do poder de compras.
"Por outro lado, tem-se os movimentos do Federal Reserve, dos Estados Unidos, que a toda hora fica fazendo chantagem que vai elevar a taxa de juros. Isso mexe mais com o mercado internacional do que a queda da Bolsa de Xangai. Muito Mais", acrescenta o analista.
O mais grave, na opinião do cientista político, é a crise nos Estados Unidos e na Europa. "Estão patinando já há quanto tempo?", questiona. "Esse negócio de botar a China na frente do palco, na verdade, é no sentido de esconder o que está acontecendo no resto. É a impressão que eu tenho."
Pomar afirma que a volatilidade na China pode trazer impactos para o Brasil, com a redução da importação de matérias-primas brasileiras, mas que a culpa não é dos chineses. "É do Brasil, que, em vez de se industrializar e seguir o caminho que a China seguiu, para poder competir na área de manufaturados, seguiu apostando na alta internacional das commodities."
"O Brasil, até hoje, tem superávit comercial com a China, mas tem um déficit brutal com a Europa e com os Estados Unidos", conclui.

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