
O
balanço do segundo trimestre atesta que a recessão se instalou no país.
A travessia demandará soluções complexas, que dependem de pactos
políticos amplos.
Uma
delas é a necessidade da volta da CPMF (Contribuição Provisória sobre
Movimentação Financeira), contra a qual pesam resistências das mais
variadas. Segundo a área econômica, sem a CPMF o quadro fiscal de 2016
será caótico.
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Há
uma crise internacional grave, derrubando as cotações dos principais
produtos de exportação. Internamente, uma seca aguda, refletindo-se nas
tarifas públicas. Tem-se os impactos da Lava Jato na economia.
Mas
nada disso reduz a responsabilidade das aventuras fiscais dos anos
anteriores e do pacote Levy-Tombini sobre o nível de atividade econômica
e de arrecadação fiscal. E esse passivo dificulta a coordenação de
pactos.
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Por
outro lado, o cansaço com o tema Lava Jato, o golpismo da oposição e o
pessimismo militante da mídia abririam espaço para uma agenda positiva,
cujo ponto de partida poderia ser a queda do presidente da Câmara
Federal Eduardo Cunha, seguida de uma reforma ministerial e da
apresentação de uma proposta de governabilidade.
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A
única boia ao alcance do governo Dilma seria a remontagem do pacto com o
PMDB em torno da figura do vice-presidente Michel Temer.
Mas
há uma enorme dificuldade em Dilma “realizar o prejuízo” – usa-se esse
termo no mercado para o investidor que vende suas ações, mesmo com
prejuízo, antes que as cotações caiam mais ainda.
Dilma
parece sempre querer fazer uma aposta a mais, sonhando recuperar o
espaço político perdido. Não dá. Dilma sobreviverá politicamente apenas
se oferecer um desenho de governo que não seja mais do mesmo padrão
Dilma do primeiro governo.
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Temer
assumiu o papel de coordenador político do governo. Foi torpedeado pelo
círculo íntimo de Dilma devido à sua conclamação de união nacional em
torno de um nome.
Saiu do dia-a-dia e, segundo o Palácio, ficaria incumbido dos grandes temas políticos. Existe tema mais candente que a CPMF?
Durante a 5a
feira, Dilma pessoalmente, mais alguns Ministros de peso, revezaram-se
ao telefone informando jornalistas econômicos sobre a necessidade do
governo relançar a ideia. No mesmo momento, Temer dava declarações
negando qualquer estudo interno nesse sentido.
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Essa
desconsideração não pode ser debitada a uma suposta arrogância de
Dilma. Na sexta, ela tentava se desculpar com Temer. É consequência da
falta de pessoas experientes capazes de organizar a agenda de Dilma e
selecionar as prioridades.
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Estoura
uma crise no TSE, outra no TCU, e não existe um Ministro da Justiça
para administrá-la. Estoura um pepino na base de apoio, mas o
Ministro-Chefe da Casa Civil não é aceito pela base. É apagar um
incêndio por semana e matar um leão por dia, ora a presidente ligando
para jornalistas e políticos, ora recebendo empresários, ora saindo
correndo para inaugurar casas no Nordeste, e voltando para um evento da
Globo, enquanto tenta consertar a descortesia com o vice.
Não
dá. Ou Dilma monta um Estado Maior à altura do desafio de assessorar a
presidência na quadra mais difícil da história recente, distribui
responsabilidade e delega poder, ou será engolida pela crise.
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