Por Luís Nassif, no Jornal GGN:
Peça 1 – o economista e o financeiro dos anos 80
Nos anos 80, em função da inflação e a volatilidade dos ativos, o diretor financeiro era o principal executivo das empresas, muito mais relevante que o gestor maior, que o sujeito de qualidade, que os departamentos de inovação, que a própria presidência..
Todas as decisões, inclusive estratégicas, eram subordinadas ao financeiro.
Houve um caso clássico, que marcou o último momento desse modelo de gestão. A Sharp estava no vermelho. Contratou um financista que em três meses colocou a empresa no azul. Em um ano, quebrou a empresa. Para obter resultados imediatos, desativou a área de desenvolvimento, encolheu a de vendas, reduziu a assistência técnica, peças centrais para o futuro da companhia.
A partir dos anos 90, houve enorme sofisticação no modelo de gestão das grandes corporações brasileiras. Visão estratégica, políticas de qualidade total, investimento em produtos ou, com o câmbio desfavorável, importação e maquiagem de produtos. Nos eventos da Fundação Nacional de Qualidade (FNQ), as premiações passaram a levar em conta visão de futuro, ambiente de trabalho.
Nesse modelo, o financeiro voltou ao seu lugar de receber os planos estratégicos, estimar os custos e encontrar formas de financiá-los. E alertar quando os planos estavam além dos recursos disponíveis ou com taxas de retorno insuficientes.
No subdesenvolvimento macroeconômico brasileiro, ocorreu o inverso. A política macroeconômica é que passou a determinar o todo, dentro de uma lógica primária: as receitas fiscais estão dadas; nada de aumento de impostos ou de uma reforma tributária mais equânime. Quanto às despesas, virem-se! Havendo insuficiência, preservem-se os ganhos do mercado, os rendimentos do capital, os salários e aposentadoria das corporações públicas, e cortem-se os gastos finalísticos – aqueles que são devolvidos à população na forma de política de rendas ou de serviços ou em áreas igualmente críticas, como inovação, investimento.
É o que explica esse Ponte Para o Futuro. Para obter o equilíbrio fiscal, cortam-se investimentos em educação, saúde, segurança, financiamento da inovação, financiamento de longo prazo. O corte nos investimentos públicos derruba a atividade econômica que derruba as receitas fiscais, obrigando a mais cortes até cavar um fundo do poço de 10 pontos percentuais de queda do PIB.
Mais ainda.
A política monetária não é eficaz. Um dos problemas apontados é a existência de linhas de crédito e financiamento com juros abaixo da Selic. Acaba-se, então, com a TJLP e inviabiliza-se qualquer financiamento de longo prazo – pois não há mercado privado de financiamentos de longo prazo.
Nos balanços das empresas privadas, há a taxa de depreciação. A empresa tem suas máquinas. A cada ano, poderá abater um percentual do valor das máquinas a título de depreciação, com base na hipótese de que no final do período de vida útil se terá que comprar outra.
Os cortes de custeio e investimento estão paralisando obras em andamento, desmontando institutos de pesquisa, promovendo atrasos insanáveis em educação, saúde, segurança. Quanto custa para o país o atraso educacional de milhões de crianças, a cooptação de parte delas pelo crime, as perdas com roubos e assaltos pelo desaparelhamento das policias.
Não pergunte para um macroeconomista.
Peça 0 – a Semana do Economista da Escola de Economia da FGV
A Semana de Economia da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas tem permitido uma visão bastante nítida dos limites e das pretensões da macroeconomia no país.
A diversidade de linhas de pensamento permitiu montar um quadro preciso do momento atual, cujas principais conclusões são:
· O predomínio do financeiro sobre o estratégico.
· O reconhecimento do conhecimento da economia como arma política dos economistas, encastelados nos Bancos Centrais.
· O pastel de vento que está sendo vendido por Henrique Meirelles, uma bomba para estou em 2019.
· A manipulação das estatísticas como instrumento de marketing.
Vamos por partes.
A Semana de Economia da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas tem permitido uma visão bastante nítida dos limites e das pretensões da macroeconomia no país.
A diversidade de linhas de pensamento permitiu montar um quadro preciso do momento atual, cujas principais conclusões são:
· O predomínio do financeiro sobre o estratégico.
· O reconhecimento do conhecimento da economia como arma política dos economistas, encastelados nos Bancos Centrais.
· O pastel de vento que está sendo vendido por Henrique Meirelles, uma bomba para estou em 2019.
· A manipulação das estatísticas como instrumento de marketing.
Vamos por partes.
Peça 1 – o economista e o financeiro dos anos 80
Nos anos 80, em função da inflação e a volatilidade dos ativos, o diretor financeiro era o principal executivo das empresas, muito mais relevante que o gestor maior, que o sujeito de qualidade, que os departamentos de inovação, que a própria presidência..
Todas as decisões, inclusive estratégicas, eram subordinadas ao financeiro.
Houve um caso clássico, que marcou o último momento desse modelo de gestão. A Sharp estava no vermelho. Contratou um financista que em três meses colocou a empresa no azul. Em um ano, quebrou a empresa. Para obter resultados imediatos, desativou a área de desenvolvimento, encolheu a de vendas, reduziu a assistência técnica, peças centrais para o futuro da companhia.
A partir dos anos 90, houve enorme sofisticação no modelo de gestão das grandes corporações brasileiras. Visão estratégica, políticas de qualidade total, investimento em produtos ou, com o câmbio desfavorável, importação e maquiagem de produtos. Nos eventos da Fundação Nacional de Qualidade (FNQ), as premiações passaram a levar em conta visão de futuro, ambiente de trabalho.
Nesse modelo, o financeiro voltou ao seu lugar de receber os planos estratégicos, estimar os custos e encontrar formas de financiá-los. E alertar quando os planos estavam além dos recursos disponíveis ou com taxas de retorno insuficientes.
No subdesenvolvimento macroeconômico brasileiro, ocorreu o inverso. A política macroeconômica é que passou a determinar o todo, dentro de uma lógica primária: as receitas fiscais estão dadas; nada de aumento de impostos ou de uma reforma tributária mais equânime. Quanto às despesas, virem-se! Havendo insuficiência, preservem-se os ganhos do mercado, os rendimentos do capital, os salários e aposentadoria das corporações públicas, e cortem-se os gastos finalísticos – aqueles que são devolvidos à população na forma de política de rendas ou de serviços ou em áreas igualmente críticas, como inovação, investimento.
É o que explica esse Ponte Para o Futuro. Para obter o equilíbrio fiscal, cortam-se investimentos em educação, saúde, segurança, financiamento da inovação, financiamento de longo prazo. O corte nos investimentos públicos derruba a atividade econômica que derruba as receitas fiscais, obrigando a mais cortes até cavar um fundo do poço de 10 pontos percentuais de queda do PIB.
Mais ainda.
A política monetária não é eficaz. Um dos problemas apontados é a existência de linhas de crédito e financiamento com juros abaixo da Selic. Acaba-se, então, com a TJLP e inviabiliza-se qualquer financiamento de longo prazo – pois não há mercado privado de financiamentos de longo prazo.
Nos balanços das empresas privadas, há a taxa de depreciação. A empresa tem suas máquinas. A cada ano, poderá abater um percentual do valor das máquinas a título de depreciação, com base na hipótese de que no final do período de vida útil se terá que comprar outra.
Os cortes de custeio e investimento estão paralisando obras em andamento, desmontando institutos de pesquisa, promovendo atrasos insanáveis em educação, saúde, segurança. Quanto custa para o país o atraso educacional de milhões de crianças, a cooptação de parte delas pelo crime, as perdas com roubos e assaltos pelo desaparelhamento das policias.
Não pergunte para um macroeconomista.
A visão primária da eficiência
Há uma geração deles obcecada pelas análises de eficiência. E não conseguem avançar além da primeira operação.
Hoje em dia, com os grandes bigdatas, a economia caminha para a análises de realidades complexas. Isto é, não apenas os efeitos diretos de uma medida, mas as consequências totais sobre outros setores, inclusive implicações sociais, ambientais.
No Brasil, a discussão econômica não passou dos cálculos de um ou dois fatores, e olhe lá!
Quatro exemplos:
1. O aumento do salário mínimo permitiu que em 55% dos lares com um aposentado ou pensionista, este se tornasse o arrimo de família. Os filhos e netos puderam estudar mais tempos, entrar mais tarde no mercado de trabalho. A saúde da família foi preservada, assim como o poder de atração do crime organizado. Para os que pensam apenas na eficiência dos gastos: quanto o país economizou com essas externalidades? Jamais os cabeções se interessaram em levantar esses dados. Tratam os gastos como um valor em si, como se fosse mero desperdício.
2. O Tesouro empresta ao BNDES. Há uma diferença entre o custo do dinheiro para o Tesouro (Selic) e o que vai receber do BNDES (TJLP). No entanto, o financiamento do BNDES permitirá que fábricas sejam construídas, que comecem a produzir, a pagar impostos sobre a produção, a criar vagas formais de empregos. Qualquer análise minimamente competente sobre eficiência do investimento, do ponto de fiscal fiscal, teria que levar em conta esses dados.
3. A Previdência é um sistema de repartição simples: as contribuições dos da ativa servem para bancar os benefícios dos aposentados. Vai-se produzir uma reforma que desestimulará os mais jovens de contribuir. Ao mesmo tempo, a reforma trabalhista irá aumentar exponencialmente a informalidade (ou pejotização) no setor de serviços, o que mais cresce. A sustentabilidade da Previdência depende fundamentalmente de dois estudos: o nível de desistência dos que entram; o nível de informalidade do trabalho. Nenhum estudo foi feito sobre dois pontos fundamentais.
Há uma geração deles obcecada pelas análises de eficiência. E não conseguem avançar além da primeira operação.
Hoje em dia, com os grandes bigdatas, a economia caminha para a análises de realidades complexas. Isto é, não apenas os efeitos diretos de uma medida, mas as consequências totais sobre outros setores, inclusive implicações sociais, ambientais.
No Brasil, a discussão econômica não passou dos cálculos de um ou dois fatores, e olhe lá!
Quatro exemplos:
1. O aumento do salário mínimo permitiu que em 55% dos lares com um aposentado ou pensionista, este se tornasse o arrimo de família. Os filhos e netos puderam estudar mais tempos, entrar mais tarde no mercado de trabalho. A saúde da família foi preservada, assim como o poder de atração do crime organizado. Para os que pensam apenas na eficiência dos gastos: quanto o país economizou com essas externalidades? Jamais os cabeções se interessaram em levantar esses dados. Tratam os gastos como um valor em si, como se fosse mero desperdício.
2. O Tesouro empresta ao BNDES. Há uma diferença entre o custo do dinheiro para o Tesouro (Selic) e o que vai receber do BNDES (TJLP). No entanto, o financiamento do BNDES permitirá que fábricas sejam construídas, que comecem a produzir, a pagar impostos sobre a produção, a criar vagas formais de empregos. Qualquer análise minimamente competente sobre eficiência do investimento, do ponto de fiscal fiscal, teria que levar em conta esses dados.
3. A Previdência é um sistema de repartição simples: as contribuições dos da ativa servem para bancar os benefícios dos aposentados. Vai-se produzir uma reforma que desestimulará os mais jovens de contribuir. Ao mesmo tempo, a reforma trabalhista irá aumentar exponencialmente a informalidade (ou pejotização) no setor de serviços, o que mais cresce. A sustentabilidade da Previdência depende fundamentalmente de dois estudos: o nível de desistência dos que entram; o nível de informalidade do trabalho. Nenhum estudo foi feito sobre dois pontos fundamentais.
Cena 2 – o poder político dos cabeças de planilha
A palestra mais retumbante do evento foi a de André Lara Rezende, o principal pai do Cruzado, abordando os erros que foram cometidos pela ortodoxia econômica nas últimas décadas, a o poder político dado a tecnocratas do Banco Central e da área econômica.
Afirmações de André:
· Os juros brasileiros são tão altos que provocam perplexidade em toda parte.
· A ideia da independência do Banco Central foi um clichê sem reflexão, permitindo, em nome de uma suposta competência técnica, que só um tipo de economista, formados nos EUA, pudesse manter o controle sobre o BC e a política monetária.
· Ser economista hoje em dia é um atalho muito melhor para o poder do que fazer carreira política.
· O BC tem muito mais poder que o Ministério da Fazenda. Além de poder, o economista do BC usufrui da exploração de prestígio e não apenas aqui. Alan Greenspan era tratado como um gênio até perceber o desastre que fez.
· Se o equilíbrio fiscal é fundamental para melhorar as expectativas, o maior peso sobre o orçamento são os juros. No momento em que o BC baixasse os juros vigorosamente, imediatamente se acenaria para o mercado sobre a sustentabilidade da dívida pública.
· Hoje em dia, as faculdades de economia servem apenas para ensinar matemática de baixa categoria.
Sobre a palestra de André, escreverei um artigo à parte.
Os ataques que sofreu dos economistas ortodoxos foi pesado. O mínimo que fizeram foi trata-lo como “traidor”. E a razão é simples. Esses economistas fizeram sua fama, reputação, em cima de um tipo de conhecimento enganoso e que está prestes a ser reavaliado. Para garantir a reputação, bastava repetir o manual de respostas prontas do livrinho. Desmontada a teoria, terão que pensar, competir no mercado compondo cenários criativos, sem poder se escudar nos erros coletivos para justificar os seus.
A palestra mais retumbante do evento foi a de André Lara Rezende, o principal pai do Cruzado, abordando os erros que foram cometidos pela ortodoxia econômica nas últimas décadas, a o poder político dado a tecnocratas do Banco Central e da área econômica.
Afirmações de André:
· Os juros brasileiros são tão altos que provocam perplexidade em toda parte.
· A ideia da independência do Banco Central foi um clichê sem reflexão, permitindo, em nome de uma suposta competência técnica, que só um tipo de economista, formados nos EUA, pudesse manter o controle sobre o BC e a política monetária.
· Ser economista hoje em dia é um atalho muito melhor para o poder do que fazer carreira política.
· O BC tem muito mais poder que o Ministério da Fazenda. Além de poder, o economista do BC usufrui da exploração de prestígio e não apenas aqui. Alan Greenspan era tratado como um gênio até perceber o desastre que fez.
· Se o equilíbrio fiscal é fundamental para melhorar as expectativas, o maior peso sobre o orçamento são os juros. No momento em que o BC baixasse os juros vigorosamente, imediatamente se acenaria para o mercado sobre a sustentabilidade da dívida pública.
· Hoje em dia, as faculdades de economia servem apenas para ensinar matemática de baixa categoria.
Sobre a palestra de André, escreverei um artigo à parte.
Os ataques que sofreu dos economistas ortodoxos foi pesado. O mínimo que fizeram foi trata-lo como “traidor”. E a razão é simples. Esses economistas fizeram sua fama, reputação, em cima de um tipo de conhecimento enganoso e que está prestes a ser reavaliado. Para garantir a reputação, bastava repetir o manual de respostas prontas do livrinho. Desmontada a teoria, terão que pensar, competir no mercado compondo cenários criativos, sem poder se escudar nos erros coletivos para justificar os seus.
Cena 3 – o autoengano do mercado
O jogo do mercado é simples.
Há um conjunto de grandes operadores que comandam as expectativas do mercado. Eles se posicionam, montam suas carteiras e passam a gerar pontos de expectativa, usando o jornalismo econômico como canal de transmissão. Quando a realidade começa a se impor sobre a fantasia, eles despejam sua carteira no mercado, vendendo no pico. E acelerando.
Hoje em dia, a taxa de auto-engano é tal que o mercado comemorou quando o Procurador Geral da República (PGR) Rodrigo Janot se enrolou, pois acreditou que aumentou a sobrevida de Michel Temer. Fundamentos da economia, análise da política econômica?, que nada.
A PEC do Teto incidirá exclusivamente sobre gastos federais – saúde, educação, segurança, custo da máquina pública. Não enquadra Judiciário, Ministério Público e corporações públicas. À cada ano, os setores não enquadrados irão comer fatias cada vez maiores do orçamento, reduzindo o do Executivo federal até o ponto da ingovernabilidade. Ou seja, os gênios do “dream team” econômico não previram pontos básicos da análise.
André Perfeito, um dos mais independentes economistas de mercado mostrou o circuito do auto-engano do mercado:
· O governo Temer pratica um populismo fiscal amplo, gastos fiscal com objetivos políticos imediatos.
· Vai-se chegar a 2019 sem um modelo fiscal consistente.
· O próximo governo, seja quem for, não manterá a PEC do Teto simplesmente porque é inviável.
· O nó fiscal está chegando perto do muro, vai bater e ninguém está fazendo nada.
· A reforma da Previdência, relevante, não dará em nada senão for feita em cima do funcionalismo público, o único que ainda tem renda.
· O mercado adjetiuva a política econômica de acordo com os ganhos imediatos que traz. Se for lógica, mas impuser sacrifícios ao mercado, é tratada como desastrosas. Se for desastrosa, mas trouxer ganhos de curto prazo, é genial. Mas chega a hora da verdade.
· Hoje em dia, a Bolsa – que continua subindo – trabalha em cima de apenas cinco papéis, dois de bancos (Bradesco e Itau), da Ambev, de uma empresa de commodities (Vale). Para ter uma ideia do tamanho do estouro da Bolsa, o P/L (relação preço/lucro) do Bradesco está em 20 anos. É um indicador próximo ao dos grandes momentos de crack da Bolsa no início dos anos 70 e no fim dos anos 80.
O próximo candidato assumirá, terá que abrir o jogo sobre a impossibilidade de avançar nas tais reformas. Quando isto suceder, explodirá a taxa longa de juros e ai será o estouro da boiada.
O jogo do mercado é simples.
Há um conjunto de grandes operadores que comandam as expectativas do mercado. Eles se posicionam, montam suas carteiras e passam a gerar pontos de expectativa, usando o jornalismo econômico como canal de transmissão. Quando a realidade começa a se impor sobre a fantasia, eles despejam sua carteira no mercado, vendendo no pico. E acelerando.
Hoje em dia, a taxa de auto-engano é tal que o mercado comemorou quando o Procurador Geral da República (PGR) Rodrigo Janot se enrolou, pois acreditou que aumentou a sobrevida de Michel Temer. Fundamentos da economia, análise da política econômica?, que nada.
A PEC do Teto incidirá exclusivamente sobre gastos federais – saúde, educação, segurança, custo da máquina pública. Não enquadra Judiciário, Ministério Público e corporações públicas. À cada ano, os setores não enquadrados irão comer fatias cada vez maiores do orçamento, reduzindo o do Executivo federal até o ponto da ingovernabilidade. Ou seja, os gênios do “dream team” econômico não previram pontos básicos da análise.
André Perfeito, um dos mais independentes economistas de mercado mostrou o circuito do auto-engano do mercado:
· O governo Temer pratica um populismo fiscal amplo, gastos fiscal com objetivos políticos imediatos.
· Vai-se chegar a 2019 sem um modelo fiscal consistente.
· O próximo governo, seja quem for, não manterá a PEC do Teto simplesmente porque é inviável.
· O nó fiscal está chegando perto do muro, vai bater e ninguém está fazendo nada.
· A reforma da Previdência, relevante, não dará em nada senão for feita em cima do funcionalismo público, o único que ainda tem renda.
· O mercado adjetiuva a política econômica de acordo com os ganhos imediatos que traz. Se for lógica, mas impuser sacrifícios ao mercado, é tratada como desastrosas. Se for desastrosa, mas trouxer ganhos de curto prazo, é genial. Mas chega a hora da verdade.
· Hoje em dia, a Bolsa – que continua subindo – trabalha em cima de apenas cinco papéis, dois de bancos (Bradesco e Itau), da Ambev, de uma empresa de commodities (Vale). Para ter uma ideia do tamanho do estouro da Bolsa, o P/L (relação preço/lucro) do Bradesco está em 20 anos. É um indicador próximo ao dos grandes momentos de crack da Bolsa no início dos anos 70 e no fim dos anos 80.
O próximo candidato assumirá, terá que abrir o jogo sobre a impossibilidade de avançar nas tais reformas. Quando isto suceder, explodirá a taxa longa de juros e ai será o estouro da boiada.
Cena 4 – as políticas alternativas
Coube a Ricardo Carneiro, do Instituto de Economia da Unicamp, repor os pontos fundamentais, os objetivos do desenvolvimento econômico.
1. Aumento da produtividade
2. Melhoria da distribuição da renda: com o tipo de sociedade que se quer
3. A preservação do meio ambiente.
O melhor exemplo do fracasso da ortodoxia está na comparação Estados Unidos-China.
China usou vários instrumentos de intervenção na economia; os Estados Unidos, uma desregulação radical.
Além da crise do subprime, em 2007 e 2008, os Estados Unidos pioraram em vários indicadores: distribuição de renda, deterioração da classe média, deterioração ambiental, merda do dinamismo produtivo tecnológico, com a inovação sendo gerada de maneira assimétrica e desigual.
De posição subalterna, a China se tornou a segunda economia do mundo, com uma ação firme de Estado:
É evidente que há características chinesas que não são transportáveis, próprias de um regime autocrático. Mas demonstra que o desenvolvimento não se consegue com manuais que ignoram totalmente os efeitos macroeconômicos na ponta, sobre empresas e pessoas.
Assim como é evidente que tem que se enfrentar a questão fiscal sim, com uma análise abrangente da estrutura de receita e despesa e, se for o caso, com mudanças na Previdência. Mas, antes dela, na estrutura de tributação, na distribuição equânime dos sacrifícios.
Coube a Ricardo Carneiro, do Instituto de Economia da Unicamp, repor os pontos fundamentais, os objetivos do desenvolvimento econômico.
1. Aumento da produtividade
2. Melhoria da distribuição da renda: com o tipo de sociedade que se quer
3. A preservação do meio ambiente.
O melhor exemplo do fracasso da ortodoxia está na comparação Estados Unidos-China.
China usou vários instrumentos de intervenção na economia; os Estados Unidos, uma desregulação radical.
Além da crise do subprime, em 2007 e 2008, os Estados Unidos pioraram em vários indicadores: distribuição de renda, deterioração da classe média, deterioração ambiental, merda do dinamismo produtivo tecnológico, com a inovação sendo gerada de maneira assimétrica e desigual.
De posição subalterna, a China se tornou a segunda economia do mundo, com uma ação firme de Estado:
É evidente que há características chinesas que não são transportáveis, próprias de um regime autocrático. Mas demonstra que o desenvolvimento não se consegue com manuais que ignoram totalmente os efeitos macroeconômicos na ponta, sobre empresas e pessoas.
Assim como é evidente que tem que se enfrentar a questão fiscal sim, com uma análise abrangente da estrutura de receita e despesa e, se for o caso, com mudanças na Previdência. Mas, antes dela, na estrutura de tributação, na distribuição equânime dos sacrifícios.
Nenhum comentário:
Postar um comentário