Sensor reproduz artigo de Cláudio da Costa Oliveira, economista da Petrobras aposentado, publicado pelo Portal Vermelho. Transcrito do Conversa Afiada.
Em recente carta enviada pela administração da Petrobras a seus funcionários, desta vez de autoria do Diretor Financeiro, Ivan Monteiro, foi mantida a forma de cartas anteriores também enviadas por outros diretores (Pedro Parente e Nelson Silva), nas quais fala-se muito, mas nenhum número é apresentado para comprovar o que é falado. Apesar de não serem permitidas cópias e muito menos comentários, eles chamam a isto de “diálogo”.
O objetivo desta última carta foi a tentativa de defesa da venda da Nova Transportadora do Sudeste (NTS). Não vou aqui trabalhar este assunto, pois penso que o mesmo já foi bem esclarecido no artigo intitulado: “NTS: crônica de um prejuízo anunciado”. Resumindo, venderam um ativo que remunerava mais de 20% a.a., para reduzir uma dívida que custa 7% a.a. Que negócio é este?
No entanto, o que me chamou a atenção foi a afirmativa de Monteiro de que a queda nos custos de captação de recursos pela empresa é causada pelo atual modelo de administração da companhia. Ivan Monteiro afirma: “Um dos motivos dessa melhora na avaliação de risco de nossa companhia desde o segundo semestre do ano passado tem sido exatamente o nosso programa de parcerias e desinvestimentos, tendo como grande destaque a venda de 90% de nossa malha de gasodutos do Sudeste (NTS) sic”.
Vejam que esperteza engenhosa. Usam um fato extremamente negativo para os futuros resultados da empresa (venda da NTS), como se fosse fator determinante de um fato positivo (queda de juros ). Tudo para confundir.
Trata-se de um discurso orquestrado, pois o próprio presidente Pedro Parente em diversas entrevistas tem feito afirmativas idênticas. A Gerente Executiva de Aquisições e Desinvestimentos, Anelise Quintão Lara, em comentário, seguiu a mesma linha.
Ou seja, eles querem que nós acreditemos nesta bobagem. Pedro Parente em entrevista a Miriam Leitão (27/07/2017) destacou isto, enquanto a pseudo-jornalista econômica balançava a cabeça positivamente.
Nada mais ridículo. Nenhum Banco reduz juros para uma empresa como a Petrobras baseado num modelo de administração. Empréstimos são feitos com vencimento em 2040. Até quando Pedro Parente vai continuar como presidente da Petrobras? Vocês sabem dizer ? Até quando Michel Temer vai continuar presidente do Brasil? Vocês sabem dizer?
O que atrai grandes volumes de recursos para a Petrobras e consequentemente a queda nas taxas de juros, é o direito que a empresa tem para exploração de grandes volumes de petróleo, que ela mesma descobriu (pre-sal), aliado a tecnologias, que ela mesma desenvolveu, tornando o negócio viável economicamente.
A atual administração não teve nenhuma participação na descoberta das reservas e muito menos no desenvolvimento de tecnologias e agora cinicamente, quer roubar os direitos dos louros da conquista.
O pré-sal brasileiro, que Carlos Alberto Sardenberg em artigo (2008) disse que: “só existe na cabeça do governo”. Que Miriam Leitão (2009) disse que a Petrobras: “não tem capacidade para extrair petróleo nestas profundidades.”
Este pré-sal brasileiro, que por motivos escusos sempre foi denegrido, hoje é motivo da visita dos abutres, que vem para o banquete ofertado por autoridades constituídas por um golpe parlamentar ilegítimo.
O leilão da ANP, previsto para o próximo dia 27 de setembro, trás ao Brasil representantes de quase todas as grandes petroleiras do mundo que vem reclamar sua parte no butim. E eles não escondem a satisfação. “Pré-sal é onde todo mundo quer estar” diz o presidente da Shell.
“Vai jorrar petróleo” é a visão do CEO da estatal norueguesa Statoil.
Mas por que o povo brasileiro não reage a esta fantástica operação lesa-patria ?
Isto não é difícil de entender, basta rastrear os caminhos seguidos pelos vendilhões da nação.
Depois de tentar denegrir a existência do próprio pré-sal, Miriam Leitão e Carlos Alberto Sardenberg criaram a mãe de todas as mentiras: “A PETROBRAS ESTÁ QUEBRADA”. Sendo assim ela não tem capacidade para investir no pré-sal que terá de ser entregue para as petroleiras estrangeiras.
Tanto falaram, que a opinião pública brasileira e até mesmo muitos funcionários da própria Petrobras, passaram a acreditar nisto.
Por diversas vezes, Miriam Leitão no Bom Dia Brasil ou por outros meios salientava que a empresa tinha sérios problemas financeiros.
No final de abril de 2016, Carlos Alberto Sardenberg chegou ao cúmulo de afirmar que ou a Petrobras fazia um acordo judicial ou seria necessário aportes do Tesouro para sua sobrevivência.
A realidade entretanto era completamente outra, o Tesouro é que almejava os recursos que a companhia sempre gerou em abundância, e no final de 2016 a Petrobras adiantou R$ 20 bilhões para o BNDES, aliviando o caixa do banco.
Os números da Petrobras são públicos e podem ser encontrados no seu site balanços dos últimos 10 anos. Sendo assim retiramos alguns dados financeiros para avaliação.
Qualquer contador ou analista de balanços olhando estes números dirá que esta empresa não tem, nem nunca teve problemas financeiros.
Diversas vezes os referidos jornalistas afirmaram que a companhia tinha uma dívida impagável. Mas uma empresa que tem uma dívida liquida de US$ 97 bilhões, mas tem uma geração operacional de caixa sempre acima de US$ 25 bilhões, não tem nenhum problema na administração da dívida.
Para analisar melhor a situação financeira da Petrobras recomendamos a leitura do artigo “A realidade desafia a estratégia atual da Petrobras”, que compara a situação financeira da empresa com a das principais petroleiras do mundo.
Quem sabe um dia, Miriam Leitão e Carlos Alberto Sardenberg venham a público se redimir do crime cometido contra a imagem da maior empresa brasileira, bem como perante a opinião pública do país.
Finalmente, resta também um pedido de desculpas do presidente da empresa, Pedro Parente, que sempre que pode insinua (ou afirma) em entrevistas, que recebeu uma empresa com problemas financeiros.
Na realidade o ex-presidente Bendini, quando transmitiu o cargo para Parente, declarou na imprensa: “Estou entregando uma empresa com R$ 100 bilhões em caixa”. O que na época (junho de 2016) equivalia a US$ 27 bilhões.
Infelizmente meu sentimento é que provavelmente em breve, a atual administração da companhia virá a público dizer que recuperou financeiramente a empresa. Uma empresa que na realidade nunca teve problemas financeiros. Pensam que somos idiotas.
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