Por Mauro Donato, no blog Diário do Centro do Mundo. Transcrito no blog do Miro.
Gigante pela própria natureza, o país está além da capacidade – e, ao que parece, também da vontade – de controle das autoridades e possui um efetivo muito aquém para vigiá-lo. Não é portanto de surpreender que ainda vejamos disputas de terra feitas na base da bala, como há 400 anos.
O massacre recente no Mato Grosso, no qual nove trabalhadores rurais foram mortos num vilarejo em Taquaruçu do Norte, era uma questão de tempo. Só naquele estado existem mais de seis mil famílias vivendo em zonas de conflito agrário. E ali no entorno de Colniza a tensão e a violência vêm num crescendo pelo menos desde 2004. Era bola cantada, assim como há centenas de outras bolas cantadas neste exato momento.
E como poderia ser pior? Com o mundo pendendo para os lados de Donald Trump e de uma hipotética Marine LePen, o radical Jair Messias Bolsonaro não pode ser ignorado.
Se suas chances estão estacionadas nos 9% até agora, a campanha dele já vai a pleno vapor e pode avançar mais alguns pontos. Até porque, o deputado tem utilizado sua cota parlamentar para bancar suas viagens país afora, vendendo-se como pré-candidato. O que é irregular, diga-se.
A cota vale para reembolso de despesas do mandato do deputado. Não são permitidos gastos de caráter eleitoral. Mas Bolsonaro já torrou pelo menos R$ 22 mil em viagens e compromissos com essa finalidade. Tudo pago pela Câmara (ou seja, indiretamente, foi você contribuinte). Ele nega.
E o que Bolsonaro tem a ver com a chacina em Mato Grosso?
O discurso de Bolsonaro não nos transmite algum alento de que essas matanças possam parar. Pelo contrário. Defensor da ideia de que toda a população coloque uma cartucheira e uma pistola na cintura, o candidato só traz uma maior perspectiva de barbárie.
Dono de um discurso de ódio, praticante da filosofia do olho-por-olho dente-por-dente, porta-estandarte do lema ‘bandido bom é bandido morto’, Bolsonaro parece querer ver o circo pegar fogo de vez.
“Eu entendo que o cidadão armado é a primeira linha de defesa de um país que quer ser democrático. Tem que abrir para o maior número de pessoas ter o porte de armas”, afirmou certa vez, numa audiência pública em Belo Horizonte que discutia as mudanças no Estatuto do Desarmamento. Ele tem um projeto de lei que deseja modificar o Estatuto.
Na apresentação pode-se ler: ‘A facilitação ao porte de arma legal é extremamente necessária para a segurança dos cidadãos de bem do nosso país’. Cidadãos de bem devem ser os encapuzados que trucidaram os trabalhadores rurais. Ou aqueles que estão se coçando para comprar um fuzil e invadir um assentamento do MTST.
As falas de Bolsonaro podem sempre ser interpretadas como lunáticas. O problema é que há quem goste do que está ouvindo. No último dia internacional da mulher, ele soltou mais uma de suas pérolas: “Parabéns a todas as mulheres do Brasil porque eu defendo a posse de armas de fogo para todos, né? Inclusive vocês, obviamente, as mulheres. Que nós temos de acabar com o mimimi. Acabar com essa história de feminicídio porque, daí, com arma na cintura, vai ter é homicídio. Tá ok? Felicidades aí”.
Felicidades aqui?
Gigante pela própria natureza, o país está além da capacidade – e, ao que parece, também da vontade – de controle das autoridades e possui um efetivo muito aquém para vigiá-lo. Não é portanto de surpreender que ainda vejamos disputas de terra feitas na base da bala, como há 400 anos.
O massacre recente no Mato Grosso, no qual nove trabalhadores rurais foram mortos num vilarejo em Taquaruçu do Norte, era uma questão de tempo. Só naquele estado existem mais de seis mil famílias vivendo em zonas de conflito agrário. E ali no entorno de Colniza a tensão e a violência vêm num crescendo pelo menos desde 2004. Era bola cantada, assim como há centenas de outras bolas cantadas neste exato momento.
E como poderia ser pior? Com o mundo pendendo para os lados de Donald Trump e de uma hipotética Marine LePen, o radical Jair Messias Bolsonaro não pode ser ignorado.
Se suas chances estão estacionadas nos 9% até agora, a campanha dele já vai a pleno vapor e pode avançar mais alguns pontos. Até porque, o deputado tem utilizado sua cota parlamentar para bancar suas viagens país afora, vendendo-se como pré-candidato. O que é irregular, diga-se.
A cota vale para reembolso de despesas do mandato do deputado. Não são permitidos gastos de caráter eleitoral. Mas Bolsonaro já torrou pelo menos R$ 22 mil em viagens e compromissos com essa finalidade. Tudo pago pela Câmara (ou seja, indiretamente, foi você contribuinte). Ele nega.
E o que Bolsonaro tem a ver com a chacina em Mato Grosso?
O discurso de Bolsonaro não nos transmite algum alento de que essas matanças possam parar. Pelo contrário. Defensor da ideia de que toda a população coloque uma cartucheira e uma pistola na cintura, o candidato só traz uma maior perspectiva de barbárie.
Dono de um discurso de ódio, praticante da filosofia do olho-por-olho dente-por-dente, porta-estandarte do lema ‘bandido bom é bandido morto’, Bolsonaro parece querer ver o circo pegar fogo de vez.
“Eu entendo que o cidadão armado é a primeira linha de defesa de um país que quer ser democrático. Tem que abrir para o maior número de pessoas ter o porte de armas”, afirmou certa vez, numa audiência pública em Belo Horizonte que discutia as mudanças no Estatuto do Desarmamento. Ele tem um projeto de lei que deseja modificar o Estatuto.
Na apresentação pode-se ler: ‘A facilitação ao porte de arma legal é extremamente necessária para a segurança dos cidadãos de bem do nosso país’. Cidadãos de bem devem ser os encapuzados que trucidaram os trabalhadores rurais. Ou aqueles que estão se coçando para comprar um fuzil e invadir um assentamento do MTST.
As falas de Bolsonaro podem sempre ser interpretadas como lunáticas. O problema é que há quem goste do que está ouvindo. No último dia internacional da mulher, ele soltou mais uma de suas pérolas: “Parabéns a todas as mulheres do Brasil porque eu defendo a posse de armas de fogo para todos, né? Inclusive vocês, obviamente, as mulheres. Que nós temos de acabar com o mimimi. Acabar com essa história de feminicídio porque, daí, com arma na cintura, vai ter é homicídio. Tá ok? Felicidades aí”.
Felicidades aqui?
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