do Jornal GGN
Expansão do Aeroporto Internacional de Miami é uma das obras da Odebrecht em solo norte-americano
Por André Araújo
A
cada dia dia essa operação atropela conceitos e noções elementares de
racionalidade na proteção do interesse nacional. Agora sabemos que, a
pedido do Ministerio Público Federal, autoridades americanas ajudarão a
força-tarefa e a Polícia na investigação de elementos e fatos
pretensamente ligados à Construtora Norberto Odebrecht que estão ou
passaram pelos Estados Unidos.
A cooperação internacional
anti-crime já existe há bastante tempo. Existe a Interpol, há acordos de
cooperação internacional, MAS, na realidade, essas ações de cooperação
se dão contra traficantes de drogas, de armas, de mulheres,
sequestradores, assaltantes de bancos, pirataria contra navios e aviões.
Não se dão contra empresas e contra executivos dessas empresas, porque
seus países sede não vão submeter seus nacionais à investigação e
jurisdição estrangeira de forma voluntária, a mãe geralmente não entrega
o filho tão facilmente.
Não é normal um grande país pedir apoio
estrangeiro para investigar uma grande empresa sua. A Alemanha vai pedir
aos Estados Unidos para investigar a Mercedes Benz? Ou a Volkswagen?
Não importa o crime que essa grande corporação tenha praticado, o país
onde ela tem sede, além de combater o crime, tem também interesse em
proteger sua empresa, não vai entregá-la de bandeja a um governo
estrangeiro que vai fazer a investigação visando seu interesse e aí. no
caso, HÁ GRANDES INTERESSES.
A grande empresa é patrimônio do
país, com ou sem crime. A Siemens fez os fornos dos campos de
concentração? Fez sim, mas a Alemanha protege a Siemens e nunca irá
pedir à Inglaterra para investigar a Siemens e perseguí-la.
Seu
interesse em combater um eventual crime não é maior que seu interesse em
manter a Siemens como um patrimônio alemão, em Nuremberg, NENHUM ALEMÃO
ACUSOU ALEMÃO. Há uma noção de pátria arraigada, é normal um Estado
proteger seu nacional em dificuldades e não entregá-lo às feras
estrangeiras.
É inacreditável que os procuradores não tenham essa
noção elementar de interesse nacional. Jogar aos leões estrangeiros o
maior grupo empresarial brasileiro sob pretexto de combater um eventual
crime é algo espantoso. Pedir a um Governo estrangeiro para investigar
uma empresa brasileira, tornando-a vulnerável a processos no mundo
inteiro, é algo inédito, para eles o crime é mais importante que a
empresa quando na realidade a empresa é muito maior que o crime ainda a
ser investigado, não há certeza de nada, tudo é baseado em delações mais
que suspeitas. Ainda que o crime exista, não tem cabimento chamar
investigadores de outro Governo e um governo nada santo para investigar
uma empresa que é um patrimônio brasileiro. Nossos podres devem ficar em
casa, nós é que devemos resolvê-los.
Se a Odebrecht está sendo investigada no Brasil,ISSO É UM PROBLEMA DO BRASIL, não dos EUA.
A
Odebrecht é a 12ª empreiteira no ranking mundial e é grande empreiteira
nos EUA, opera na Flórida há mais de 30 anos, fez importantes obras, de
aeroportos à metrôs. Esse pedido de investigação do Ministerio Público
vai liquidar com a empresa nos EUA, depois vai liquidá-la em todo o
mundo. Parece loucura, mas pode ser falta de noção.
As grandes
empreiteiras americanas vão adorar. Elas são a Bechtel (faturamento em
2014 US$28,3 bilhões), Fluor (US$16,9 bilhões) CB & T (US$10,3
bilhões), Kiewit (US$10,1 bilhões), a Odebrecht faturou em 2014 US$9,1
bilhões.
Interessa às empresas americanas o mercado brasileiro e
mais ainda interessa ocupar o espaço da Odebrecht no exterior, nos EUA e
no Brasil.
Quando uma comitiva de procuradores da Lava Jato,
chefiadas pelo Procurador Geral, foi aos EUA em fevereiro, publiquei
aqui um post estranhando a viagem e suspeitando que iriam pedir ajuda do
Departamento da Justiça contra a Petrobras, parecia absurdo para nós
mas para eles parece que é normal.
Vejo que a coisa é ainda pior. Eles querem a ajuda americana para perseguir empresas brasileiras no Brasil.
Será
que nos cursinhos de concursos não ensinam alguma coisa de economia
global? Vão queimar espaços do Brasil duramente conquistados no mercado
internacional de construção? Parece incrivel mas é exatamente o que
estão fazendo. Pedir a um país estrangeiro para detonar empresas
brasileiras. Ah, mas é para combater crimes.
Então vamos esperar o
dia em que o Governo americano vai pedir ao Governo brasileiro para
investigar a General Motors aqui no Brasil. Jamais farão isso, sabe
porquê? O Governo americano protege seus nacionais, pessoas e empresas,
MESMO QUE CRIMINOSOS, PORQUE ANTES DE CRIMINOSOS ELES SÃO AMERICANOS.
Uma
das maiores obsessões da politica externa americana é IMPEDIR que seus
nacionais sejam tocados, investigados ou processados por estrangeiros.
Eles não fazem parte da Corte Internacional de Justiça porque não
admitem que americanos sejam julgados por não americanos. Quando entram
em qualquer país por acordo militares, como na Colômbia onde tem sete
bases, o primeiro artigo de qualquer Tratado é a garantia da IMUNIDADE
PROCESSUAL de soldados americanos naquele país onde está a base. Eles
não aceitam isso de forma alguma. E nós vamos pedir para investigar a
Odebrecht. DEPOIS DE INVESTIGAR VÃO PROCESSAR LÁ NOS EUA. Nós estamos
entregando a eles de bandeja uma grande empresa brasileira. Já
entregamos a PETROBRAS, quem será que deu ao Departamento de Justiça as
provas para a Petrobras ser processada por um Governo estrangeiro? Tenho
minhas suspeitas, mas guardo pra mim.
Isso tudo é um pesadelo,
não parece possivel que brasileiros usem governos estrangeiros como
escada dessa forma tão tosca, americanos não são bonzinhos, já entram
onde não são chamados agora imagine quando chamamos.
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