artigo de Fernando Brito, do Tijolaço:
O mundo real, infelizmente, não é idílico. É bruto e cruel e quem tem só boas intenções, dizia a minha avó, lota o inferno.
O
Brasil está na iminência de sofrer um saque que deixa Paulo Roberto
Costa, Alberto Youssef, Pedro Brusco e toda esta turma como micróbios.
Retirar
a Petrobras do controle do pré-sal – parcial, nos direitos
exploratórios, com ao menos 30%, e estratégico, como operadora
exclusiva, controlando a torneira – não representa milhões de dólares,
como aqueles ratos embolsaram, mas trilhões de dólares que nos vão
tirar, ao longo de gerações.
Ontem, na Folha, o Malafaia das leis, Eduardo Cunha, abriu o jogo.
Vai
“corrigir” aquele maldito “erro” que foi revogar o regime de concessão,
forma encontrada por Fernando Henrique para entregar nosso petróleo,
para instituir a partilha, que garante ao país a propriedade das jazidas
e a remuneração sobre o ganho na produção, e não apenas a “comissão”
representada pelos royalties.
Os estrangeiros estão livres para
explorar petróleo no Brasil há quase 20 anos e durante todo este tempo
não operam a produção de nem 5% do petróleo e gás extraídos no Brasil.
É
, só isso, porque 94,3% de tudo o que se produz são operados pela
Petrobras e cerca de 1% por operadoras nacionais de pequeno porte,
segundo os números oficiais de abril deste ano.
E
não é distante da verdade dizer que as multinacionais chegaram a isso
porque contam com a infraestrutura – portos, pessoal, suprimentos e
transporte naval e aéreo de ambos para suas plataformas – criada em
função da operação da petroleira do Brasil.
Estão livres para construir refinarias e não fizeram nenhuma.
E não fizeram porque não querem tirar do bolso o suficiente para serem maiores, inclusive operacionalmente.
É
estes investidores, os operadores eficientes e probos a quem vamos
entregar a maior jazida de petróleo descoberta no século 21?
Não
há lei que proíba nenhuma empresa, de parte alguma do mundo, de explorar
petróleo aqui. tanto é que a Shell, a Total (francesa) e duas chinesas
se tornaram sócias da Petrobras no megacampo de Libra, com parcela de
60% nos investimentos, custos e lucros.
Mas fazendo o que eles
não querem que se faça: ter obrigações de aplicar dinheiro,
especialmente na cadeia produtiva de máquinas, suprimentos e engenharia,
atuando dentro dos padrões que servem ao país e deixar ao Brasil o
controle de quanto petróleo se tira.
Mas Cunha, recém sagrado
bispo da seita entreguista de José Serra pretende, que gentil, “aliviar”
a Petrobras dos investimentos e das tarefas de operadora da extração
deste petróleo.
O enfraquecimento político do Governo, que
começou a se erodir com as tais “jornadas de junho” (de 2013), os “não
vai ter Copa”, os “padrão-Fifa” deu neste Congresso que está aí,
correndo para entregar nossa maior riqueza, nossa esperança de redenção
econômica e social aos “velhinhos da Fifa” do mundo do petróleo, que
corromperam, subornaram, assassinaram e fizeram guerras para controlar o
combustível e a energia do planeta.
Claro que o governo petista
tem muitas culpas neste processo, tanto por permitir que “ladrões de
carreira” de dentro da Petrobras terem montado esquemas de ladroagem
como, até, por alguns que tenham ido dar “umas bicadas” por lá, num
sistema eleitoral de natureza corrupta, sobre o qual podia ter colocado
ao menos travas, quando tinha força para isso.
O essencial,
porém, é ter subestimado a reação do mundo dos bilhões e do poder
internacional à modestíssima afirmação dos interesses nacionais que
procurou fazer.
E, na hora em que os abutres avançam, termos um
governo tão fraco que nem mesmo percebe ter forças para gritar-lhes: xô,
canalhas!
Mas nossos pequenos pulmões estão cheios e vamos gritar-lhes.
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