Em Teresina e Vitória, protesto contra aumento teve confronto e prisão.
Levantamento mostra valor da passagem nas capitais e no DF.
O total de cidades que tiveram reajuste foi menor do que as que registraram aumento na virada de 2010 para 2011, quando 11 capitais passaram a ter tarifas mais caras. Mesmo assim, os reajustes mais recentes geraram ondas de protestos em diferentes cidades do país. Em Vitória e em Teresina, onde houve manifestações mais exaltadas, a polícia chegou a reprimir os protestos e a prender manifestantes.
TARIFAS BÁSICAS DE ÔNIBUS MUNICIPAIS PELO PAÍS * | |||||
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Capital | Tarifa atual | Tarifa anterior | Último reajuste* | Próximo reajuste | |
Aracaju | R$ 2,25 | R$ 2,10 | 30 de janeiro de 2011 | Sem previsão | |
Belém | R$ 2 | R$ 1,85 | Não informado | Não informado | |
Belo Horizonte | R$ 2,65 | R$ 2,45 | 30 de dezembro de 2011 | Sem previsão | |
Boa Vista | R$ 2,00 | R$ 1,80 | Início de 2011 | Sem previsão | |
Brasília ** | R$ 1,50 | Não informado | 2009 | Sem previsão | |
Campo Grande | R$ 2,70 | R$ 2,50 | Março de 2011 | Sem previsão | |
Cuiabá | R$ 2,70 | R$ 2,50 | 11 de dezembro de 2011 | Sem previsão | |
Curitiba | R$ 2,50 | R$ 2,20 | 5 de março de 2011 | Sem previsão | |
Fortaleza | R$ 2 | R$ 1,80 | 6 de março de 2011 | Sem previsão | |
Florianópolis | R$ 2,90 | R$ 2,95 | 17 de abril de 2011 | Previsto para o primeiro semestre de 2012 | |
Goiânia | R$ 2,50 | R$ 2,25 | 21 de maio de 2011 | Sem previsão | |
João Pessoa | R$ 2,20 | R$ 2,10 | 9 de janeiro de 2012 | Sem previsão | |
Macapá | R$ 2,30 | R$ 1,90 | 11 de agosto de 2010 | Aguardando decisão judicial para autorizar reajuste para R$ 2,57 | |
Maceió | R$ 2,10 | Não informado | abril de 2011 | Sem previsão | |
Manaus | R$ 2,75 | Não informado | 12 de outubro de 2011 | Sem previsão | |
Natal | R$ 2,20 | R$ 2,10 | Junho de 2011 | Sem previsão | |
Palmas | R$ 2,20 | R$ 2 | Outubro 2010 | Março de 2012 - R$ 2,50 | |
Porto Alegre | R$ 2,70 | R$ 2,45 | 8 de fevereiro de 2011 | Sem previsão | |
Porto Velho | R$ 2,60 | R$ 2,30 | Janeiro de 2011 | Sem previsão | |
Recife | R$ 2 (a tarifa principal) | R$ 1,85 | 9 de janeiro de 2011 | Reajuste está sendo discutido | |
Rio Branco | R$ 2,40 | R$ 1,90 | Abril de 2011 | 2013 | |
Rio de Janeiro | R$ 2,75 | R$ 2,50 | 2 de janeiro de 2012 | 2013 | |
Salvador | R$ 2,50 | R$ 2,30 | 1º de janeiro de 2011 | Sem previsão | |
São Luís | R$ 2,10 | R$ 1,70 | Fevereiro de 2010 | Sem previsão | |
São Paulo | R$ 3 | R$ 2,70 | 5 de janeiro de 2011 | Sem previsão | |
Teresina | R$ 2,10 | R$ 1,90 | 2 de janeiro de 2012 | Sem previsão | |
Vitória | R$ 2,35 | R$ 2,20 | 8 de janeiro de 2012 | 2013 | |
* Levantamento considera valor da passagem dentro do município ** Em Brasília, o valor de R$ 1,50 é referente ao coletivo que circula dentro do Plano Piloto e nas cidades satélites. Os passageiros pagam R$ 3 para usar linhas entre as satélites e o Plano Piloto. |
Baixa qualidade
Além de reclamarem da alta nos preços, os protestos também têm como alvo o próprio funcionamento dos sistemas de transporte público, exigindo maior eficiência e integração entre as linhas de ônibus.
Um estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nesta quinta-feira (19) revelou que para 41% da população dos municípios acima de 100 mil habitantes o transporte público é "ruim" ou "muito ruim". Para apenas 30% da população nas grandes cidades, o transporte público é "muito bom" ou "bom".
Nas capitais e outras cidades com mais de 100 mil habitantes, o resultado foi ainda pior para o transporte coletivo. Quase metade da população -- 48% -- avalia que o transporte público "não permite que as pessoas se desloquem com facilidade por toda a cidade".
Reajustes e protestos
A capital do Piauí registrou o maior aumento percentual das tarifas de ônibus no início deste ano. A passagem, que custava R$ 1,90, passou a custar R$ 2,10. A prefeitura de Teresina, entretanto, defende que foi inaugurado neste ano um sistema de integração entre os ônibus, que garantiria "uma economia de 25% nas despesas com o transporte para trabalhadores e estudantes", segundo um comunicado divulgado no início do ano.
O reajuste fez com que um movimento liderado por estudantes realizasse protestos diários por mais de duas semanas desde que o aumento passou a ser cobrado. Além de reclamarem do aumento, os estudantes alegavam que a integração entre os ônibus estava incompleta.
"Nosso protesto é pela reestruturação do sistema de transportes de Teresina. Houve aumento das passagens e implantação de um sistema de integração incompleto, que ainda contempla pouco a população de Teresina", disse Cássio Borges, do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal do Piauí.
Após os confrontos, pelo menos 17 estudantes foram presos. A prefeitura manteve o aumento, mas prometeu acelerar a integração do transporte coletivo e diminuir tarifas sobre o 2º trechos percorrido dentro desse sistema.
Ônibus queimado
Os protestos contra aumento das passagens em Vitória também acabaram em confronto, e um estudante de física chegou a ser detido temporariamente após confessar a participação no incêndio a um ônibus durante uma manifestação. As tarifas de ônibus da cidade foram elevadas a R$ 2,35 no dia 8 de janeiro.
Na noite de quinta-feira (19), manifestantes do Movimento Contra o Aumento (MCA) tomaram as ruas de Vitória em mais um protesto. Segundo a Polícia Militar, cerca de 50 jovens participavam do ato. O trânsito na Terceira Ponte chegou a ser interditado nos dois sentidos, o que gerou um grande engarrafamento nas vias de acesso.
Protestos sem confronto
No Rio de Janeiro, onde a passagem subiu de R$ 2,50 para R$ 2,75 no primeiro dia útil de 2012, uma manifestação interditou a pista lateral da Avenida Presidente Vargas, no Centro do Rio de Janeiro, na noite de quarta-feira (18).
A tarifa de ônibus de João Pessoa foi reajustada em 4,76%, passando de R$ 2,10 para R$ 2,20 em 9 de janeiro. Após o reajuste, grupos de estudantes promoveram alguns protestos em frente à prefeitura, mas sem grande repercussão.
Em Belo Horizonte, as alterações nas tarifas do serviço público municipal de transporte coletivo passaram a valer no final de 2011. O índice médio de reajuste é de 7,61%. Apenas os preços das linhas de vilas e favelas não tiveram mudanças, mantendo o valor de R$ 0,60. Com o reajuste, as passagens com valor de R$ 2,45 passaram para R$ 2,65. Já os ônibus que cobram R$ 1,75, passaram a exigir a tarifa de R$ 1,85. As linhas do Sistema de Transporte Suplementar também mudaram. A tarifa de R$ 1,75 passou para R$ 1,85; a de R$ 2,00 para R$ 2,15 e a de R$ 2,45 para R$ 2,65.
O aumento da tarifa em Cuiabá ocorreu no início de dezembro de 2011, passando de R$ 2,50 para R$2,70. De acordo com a Agência de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de Mato Grosso (Ager-MT), o novo valor tentou seguir a inflação do ano e a previsão de gasto com a manutenção dos veículos. Para decidir o novo preço, conforme a Ager, foram levados em consideração os insumos como combustível, mão-de-obra e quantidade de passageiros.
Brasília
Em Brasília, as tarifas variam de R$ 1,50 a R$ 3. O menor valor diz respeito apenas ao coletivo que circula dentro do Plano Piloto e dentro das cidades satélites. Já o valor maior diz respeito à linha metropolitana que faz a ligação entre as satélites e o Plano Piloto.
Na capital, não há previsão de aumento. Em junho do ano passado, os rodoviários anunciaram greve pedindo reajuste de salário. As empresas alegaram que o aumento só seria possível com aumento da tarifa, mas o Governo do Distrito Federal (GDF) interveio e ofereceu uma série de subsídios aos empresários do setor de transportes.
Uma das vantagens combinadas foi o pagamento de dois terços do passe estudantil por parte do GDF. Segundo informações do governo, o valor do subsídio relativo ao passe livre pode chegar a R$ 12 milhões por mês.
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