quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Conab: safra de grãos será 2,8% menor; soja avança sobre arroz

Nova previsão para a safra 2011/12 é divulgada pela Companhia Nacional de Abastecimento. Há aumento da área plantada de soja e milho, e redução da de arroz e feijão no país. Técnicos ouvidos pela Carta Maior acreditam que ainda é cedo para prever alta de preços. No Rio Grande do Sul, 80 mil hectares de arroz são convertidos em soja, cujos preços estão em alta no mercado internacional.

São Paulo – As dificuldades enfrentadas pelos arrozeiros no Rio Grande do Sul, maior produtor brasileiro do grão, geraram um fenômeno raro: a conversão de área do produto em lavouras de soja.

Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que divulgou nesta terça-feira (10) seu quarto levantamento da safra 2011/12, cerca de 80 mil hectares foram convertidos em várias regiões gaúchas. No país, a área plantada de arroz deve cair 9,5%.

“O produtor fez essa opção por causa da falta d’água nos mananciais e para executar a limpeza do arroz vermelho”, explica Carlos Roberto Bestetti, gerente de safras da Conab. Em meio ao cultivo de arroz branco, a variedade vermelha é tratada como praga. Uma das formas de combatê-la é fazer rotação de cultura.

Para Bestetti, a conversão é temporária. Ele acredita que essas áreas voltarão a ter arroz, tão logo as dificuldades hídricas sejam superadas.

Segundo Lucílio Alves, professor da Esalq-USP e pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), os arrozeiros também tentam aproveitar os bons preços da soja, quem seguem acima de seus patamares históricos.

O preço da saca desse grão é cotado hoje a R$ 48 no Paraná, 20% acima da média de 2010. A produção de soja do país deve atingir 71,7 milhões de hectares em 2012, 4,7% a menos do que no período anterior – um prejuízo também causado pela seca. A área plantada de soja subiu 1,9%.

No caso do milho, os preços também animam o produtor. A área plantada cresceu 5,9% e a produção deve avançar 2,9%, para 60,3 milhões de toneladas. A Conab estima que a safra total de grãos do país deve alcançar 158,4 milhões de toneladas neste ano, 2,8% a menos do que no período anterior.

Preços em alta?
Apesar da redução da área plantada de arroz, ainda é cedo para dizer se o preço desse item básico da dieta dos brasileiros subirá em 2012.

“Os estoques de arroz do país estão altos. Na safra anterior nós tivemos dois milhões de toneladas a mais, e na atual teremos duas a menos. Uma compensa a outra”, afirma Bestetti. A saca é vendida hoje a cerca de R$ 24 no Rio Grande do Sul, ante R$ 35 em 2010.

De acordo com a Conab, a produção na safra 2010/11 chegou a 13,6 milhões de toneladas, ante as 11,4 milhões previstas para este ano. O consumo de arroz no país está estabilizado em 12,5 milhões de toneladas por ano.

Para Lucílio Alves, o recuo da produção “pode ajudar os preços”, mas a quantidade a ser colhida, somada com o arroz importado do Mercosul, tendem a jogar no sentido contrário.

“O consumo está estabilizado há cinco anos no Brasil. No ano passado, produtores tiveram de exportar produto porque a liquidez interna estava baixa”, afirmou.

No caso do feijão, apesar da menor produção prevista pela Conab (3,7%), também é cedo para prever alta de preços. Para Bestetti, o próprio dinamismo dessa lavoura, que tem várias safras no ano, ajuda a segurar as cotações.

“O país está bem abastecido. E, se houver falta de feijão, o produtor faz o plantio e eleva a oferta em poucos meses”, diz ele.

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