segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Investigação sobre morte de Salvador Allende conclui: foi suicídio


Diferentes informes periciais e testemunhos determinaram que o líder da Unidade Popular se suicidou no ataque ao palácio de governo, quando já estava em curso o golpe militar encabeçado pelo general Augusto Pinochet. Senadora Isabel Allende, filha do ex-presidente, disse que decisão do juiz Mario Carroza encerra um capítulo para a família, mas ressaltou que fica pendente a investigação dos presos desaparecidos de La Moneda, no dia 11 de setembro de 1973.

O juiz Mario Carroza encerrou definitivamente, quinta-feira, a investigação para esclarecer a morte do ex-presidente socialista Salvador Allende e o homicídio do senador Jaime Guzmán, fundador do partido de extrema-direita União Democrata Independente (UDI) e ideólogo civil do governo militar.

Segundo informações saídas do interior da polícia chilena, a investigação forense concluiu que a causa da morte de Allende foi um ferimento perfurante na cabeça ocasionado por um projétil de fogo de alta velocidade. Isso, em medicina legal, pode ser atribuído a um suicídio.

A investigação sobre a morte do ex-presidente chileno ocorreu no contexto da apresentação de 726 demandas criminais por casos de violações de direitos humanos durante a ditadura de Augusto Pinochet, que nunca tinham sido investigados pela Justiça. Neste cenário, no dia 23 de maio de 2011, o juiz Mario Carroza, juntamente com o diretor do Serviço Médico Legal, patrício Bustos, participaram da exumação dos restos de Salvador Allende no Cemitério Geral de Santiago. Uma equipe multidisciplinar de peritos chilenos e estrangeiros concluiu que Allende se suicidou.

O juiz Carroza também decidiu encerrar o caso do assassinato de Jaime Guzmán, ocorrido em 1991. Essa causa foi reaberta depois que, em uma entrevista televisiva, o ex-integrante da Frente Patriótica Manuel Rodríguez (FPMR, um dos poucos grupos que enfrentou a ditadura), Mauricio Hernández Norambuena (preso no Brasil), revelou novas informações sobre como se planejou o assassinato de um dos fundadores da UDI, fato que, até hoje, incomoda a direita chilena.

Após a divulgação do resultado da investigação sobre a morte de Allende, a senadora Isabel Allende, filha do ex-presidente, disse que com a decisão do juiz Mario Carroza, para sua família se encerra um capítulo e se estabelece a verdade judicial, mas ressaltou que fica pendente a investigação dos presos desaparecidos de La Moneda, no dia 11 de setembro de 1973, dia do golpe de Estado.

“Estamos totalmente tranquilos, é uma convicção que tínhamos, mas como sempre dissemos, uma coisa é nossa convicção pessoal, outra é que ela fique cientificamente determinada”, disse a senadora. “Acreditamos que, com isso, encerra-se esse capítulo no que diz respeito exclusivamente às circunstâncias da morte de meu pai. O capítulo de La Moneda não se encerra”, acrescentou.

Diferentes informes periciais e testemunhos determinaram que o líder da Unidade Popular se suicidou no ataque ao palácio de governo, quando já estava em curso o golpe militar encabeçado pelo general Augusto Pinochet.

Tradução: Katarina Peixoto

Nenhum comentário:

Postar um comentário