Por Tereza Cruvinel, em seu blog. Retirado do blog do Miro
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ocupou o programa de TV do PSD nesta quinta-feira para falar bem de si mesmo. Numa demonstração espantosa de miopia política e ilusionismo, ele quer ser o candidato do governo a presidente em 2018 e acha que pode ter alguma chance. É um caso de salto voluntário na canoa furada. A vida real e as pesquisas mostram que o sinal está fechado para qualquer forma de continuísmo golpista/governista, e este sentimento prevalecerá, ainda que o candidato favorito, o ex-presidente Lula, seja impedido de concorrer. Evidência disso são o favoritismo de Lula, seguido de Bolsonaro, a rejeição abissal a Michel Temer e a ampla reprovação a seu governo e aos partidos que o apoiam. A opção pela mudança e a disposição para dizer não ao golpe só não serão confirmadas nas urnas se for imposta alguma variante de golpe.
Diferentemente de Geraldo Alckmin, que se afastou de Temer, embora deseje o horário eleitoral do PMDB, Meirelles não falou em seu chefe no programa do PSD. Mas afirmou, em conversa com jornalistas, que ele pode ser um bom cabo eleitoral. Se acredita mesmo nisso, até o mercado, que o bajula, vai assinalar que lhe falta o mínimo de tino político para aspirar à Presidência. No programa do PSD, sem declarar-se candidato, apresentou-se como salvador da lavoura, capitalizando a queda da inflação e dos juros mas omitindo a profundidade que a recessão alcançou desde que se tornou ministro da Fazenda, bem como o agravamento da situação fiscal, expressa no déficit de R$ 159 bilhões previsto para este ano e para 2018. Insistiu na ideia de uma terceira via entre Lula e Bolsonaro, ao dizer que deseja o “reencontro dos milhões de brasileiros que são maioria e que não estão nos extremos do ponto de vista político e ideológico".
O problema, tanto para Meirelles como para Geraldo Alckmin, é que matematicamente a maioria dos votos disponíveis já migraram para um polo e para o outro, como demonstra Marcos Coimbra, diretor do Instituto Vox Populi, em recente análise na revista CartaCapital. Ele recorda que Lula e Bolsonaro juntos, dependendo do instituto que fez a pesquisa, já abocanharam entre 50% e 60% dos votos. Somando-se a este contingente pelo menos 15% de votos nulos e brancos, uma estimativa até moderada diante da rejeição popular aos políticos e da descrença no sistema, teremos um total de 65% a 75% de votos com destino certo. E como Lula e Bolsonaro ainda podem crescer, diz Coimbra, isso significa que serão cada vez menores “as chances de terceiras vias”. Faltando 10 meses para a eleição, os votos disponíveis para a pescaria já estão muito reduzidos, não perfazendo 50%. Daí que, nas condições atuais, não existe a menor possibilidade de que um candidato governista, ligado a Temer, defensor do golpe e de suas políticas, chegue ao segundo turno.
Por isso mesmo as forças governistas empinam balões de ensaio e procuram no caldeirão dos casuísmos alguma fórmula que favoreça o continuísmo golpista. Entre elas, esta que parece delírio mas frequenta algumas cabeças: a da candidatura do próprio Temer, para governar sob um novo sistema de governo, o semipresidencialismo, sob o argumento de que é preciso evitar o perigo dos extremos e concluir a transição para outro modelo político.
Hoje mesmo, na conversa de final de ano com os jornalistas, ele mais uma vez voltou a falar em semipresidencialismo ao dizer que governou informalmente sob este sistema “sem perder a autoridade”. A falar na coisa, trata ele de colocar a palavra em circulação, de despertar interesse sobre seu significado e quem sabe conquistar apoios para uma variante golpista.
Meirelles, rejeitado por 75% dos entrevistados pela recente pesquisa Ipsos, insistindo na candidatura sem futuro corre o risco de perder seu único trunfo, o aval do mercado como gestor da agenda do golpe.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ocupou o programa de TV do PSD nesta quinta-feira para falar bem de si mesmo. Numa demonstração espantosa de miopia política e ilusionismo, ele quer ser o candidato do governo a presidente em 2018 e acha que pode ter alguma chance. É um caso de salto voluntário na canoa furada. A vida real e as pesquisas mostram que o sinal está fechado para qualquer forma de continuísmo golpista/governista, e este sentimento prevalecerá, ainda que o candidato favorito, o ex-presidente Lula, seja impedido de concorrer. Evidência disso são o favoritismo de Lula, seguido de Bolsonaro, a rejeição abissal a Michel Temer e a ampla reprovação a seu governo e aos partidos que o apoiam. A opção pela mudança e a disposição para dizer não ao golpe só não serão confirmadas nas urnas se for imposta alguma variante de golpe.
Diferentemente de Geraldo Alckmin, que se afastou de Temer, embora deseje o horário eleitoral do PMDB, Meirelles não falou em seu chefe no programa do PSD. Mas afirmou, em conversa com jornalistas, que ele pode ser um bom cabo eleitoral. Se acredita mesmo nisso, até o mercado, que o bajula, vai assinalar que lhe falta o mínimo de tino político para aspirar à Presidência. No programa do PSD, sem declarar-se candidato, apresentou-se como salvador da lavoura, capitalizando a queda da inflação e dos juros mas omitindo a profundidade que a recessão alcançou desde que se tornou ministro da Fazenda, bem como o agravamento da situação fiscal, expressa no déficit de R$ 159 bilhões previsto para este ano e para 2018. Insistiu na ideia de uma terceira via entre Lula e Bolsonaro, ao dizer que deseja o “reencontro dos milhões de brasileiros que são maioria e que não estão nos extremos do ponto de vista político e ideológico".
O problema, tanto para Meirelles como para Geraldo Alckmin, é que matematicamente a maioria dos votos disponíveis já migraram para um polo e para o outro, como demonstra Marcos Coimbra, diretor do Instituto Vox Populi, em recente análise na revista CartaCapital. Ele recorda que Lula e Bolsonaro juntos, dependendo do instituto que fez a pesquisa, já abocanharam entre 50% e 60% dos votos. Somando-se a este contingente pelo menos 15% de votos nulos e brancos, uma estimativa até moderada diante da rejeição popular aos políticos e da descrença no sistema, teremos um total de 65% a 75% de votos com destino certo. E como Lula e Bolsonaro ainda podem crescer, diz Coimbra, isso significa que serão cada vez menores “as chances de terceiras vias”. Faltando 10 meses para a eleição, os votos disponíveis para a pescaria já estão muito reduzidos, não perfazendo 50%. Daí que, nas condições atuais, não existe a menor possibilidade de que um candidato governista, ligado a Temer, defensor do golpe e de suas políticas, chegue ao segundo turno.
Por isso mesmo as forças governistas empinam balões de ensaio e procuram no caldeirão dos casuísmos alguma fórmula que favoreça o continuísmo golpista. Entre elas, esta que parece delírio mas frequenta algumas cabeças: a da candidatura do próprio Temer, para governar sob um novo sistema de governo, o semipresidencialismo, sob o argumento de que é preciso evitar o perigo dos extremos e concluir a transição para outro modelo político.
Hoje mesmo, na conversa de final de ano com os jornalistas, ele mais uma vez voltou a falar em semipresidencialismo ao dizer que governou informalmente sob este sistema “sem perder a autoridade”. A falar na coisa, trata ele de colocar a palavra em circulação, de despertar interesse sobre seu significado e quem sabe conquistar apoios para uma variante golpista.
Meirelles, rejeitado por 75% dos entrevistados pela recente pesquisa Ipsos, insistindo na candidatura sem futuro corre o risco de perder seu único trunfo, o aval do mercado como gestor da agenda do golpe.
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