Na semana passada, o golpista Paulo Skaf foi reeleito presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) pela quarta vez consecutiva. Após alterar de forma autoritária o estatuto da entidade, ele se perpetua no poder graças ao manuseio das polpudas verbas do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e do Sesi (Serviço Social da Indústria). Caso conclua o seu mandato, ele terá permanecido à frente da Fiesp por 17 anos – período em que transformou a entidade em um bordel de negociatas, em um biombo de desestabilização política do país e num palanque para as suas frustradas pretensões eleitorais.
A longa permanência no poder, porém, começa a gerar descontentamento entre o empresariado paulista. Segundo matéria do Estadão publicada neste domingo (13), alguns industriais têm criticado os golpes sucessivos e a ausência de alternância na direção da entidade. “Se exigimos do setor público o fiel cumprimento de regras e leis, o exemplo tem de vir de casa: fazer jogadas para se perpetuar no poder é péssimo para a sociedade”, critica Roberto Giannetti da Fonseca, presidente da Kaduna Consultoria e ex-diretor de relações internacionais e comércio exterior da Fiesp.
Ainda segundo a reportagem, “a preocupação com a alternância diz respeito ao uso de entidades de categorias por interesses políticos. Candidato pelo PMDB ao governo de São Paulo em 2014, Skaf teve 4,6 milhões de votos e não esconde suas pretensões eleitorais. ‘Não é só a Fiesp que padece desse mal, mas usar instituições para alcançar cargos públicos acaba apequenando as que tiveram histórias fantásticas e fizeram muito pelo Brasil’, diz Giannetti. Críticos citam como exemplo a campanha ‘Não vou pagar o pato’, defendida pela entidade desde setembro de 2015, com a assinatura explícita de Skaf”.
Procurado pelo Estadão, o eterno presidente da Fiesp rejeitou o pedido de entrevista, mas tentou justificar suas ações em uma nota cínica. Argumentou que graças às campanhas da entidade, “mobilizamos a opinião pública e evitamos decisões relativas ao aumento de impostos, contrárias ao interesse geral”. Ele só não explicou porque a Fiesp não faz uma oposição tão ácida ao usurpador Michel Temer como fez contra a presidenta eleita Dilma Rousseff. Porque atualmente ela não convoca marchas ou usa o letreiro da sede na Avenida Paulista para atiçar os “coxinhas” – os verdadeiros patos otários e manipulados da Fiesp.
Sob o comando do ditador Paulo Skaf, a entidade foi uma das protagonistas do golpe dos corruptos que alçou a quadrilha de Michel Temer ao poder. Os dois pertencem ao mesmo partido, o PMDB, e estão metidos em várias denúncias de corrupção. O usurpador foi acusado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de ser o “líder da maior organização criminosa da história do país”. Já o “coronel” da Fiesp apareceu nas planilhas de propina de Odebrecht. Na sua delação premiada, Marcelo Odebrecht afirmou ter repassado R$ 2,5 milhões para a sua campanha ao governo de São Paulo. Mas os patos da Fiesp, incluindo vários donos de indústrias, parecem desconhecer estes fatos – ou são cúmplices dos corruptos.
Em tempo: Em meados de julho, após as críticas que recebeu de vários setores da sociedade, inclusive de alguns empresários menos covardes ou corruptos, Paulo Skaf até voltou a instalar o pato amarelo gigante na sede da Fiesp contra o aumento dos impostos sobre os combustíveis. Mas foi mais um gesto oportunista para enganar os otários. Dias depois, ele teve uma reunião reservada com Michel Temer. Possivelmente, os dois golpistas trataram das eleições de 2018. Segundo matéria da Folha, “Paulo Skaf é um dos principais aliados de Temer e nome do PMDB para a disputa do governo de São Paulo”. A quarta eleição consecutiva para a presidência da Fiesp visa servir exatamente a este propósito. A Fiesp virou um bordel e um palanque!
Nenhum comentário:
Postar um comentário