Por Tereza Cruvinel, em seu blog. Do blog do Miro.
Todos os dias os limites do que pensávamos inaceitável e inconcebível são ultrapassados pela coalizão que tomou o poder e o exerce sem o povo e contra o povo. Todos o dias nos perguntamos: o que mais falta acontecer? O que mais, depois da votação que concedeu a Temer o estatuto da impunidade, com compra de votos por medida provisória e dentro do plenário, coroada pelo show de cinismo e desfaçatez dos mesmos deputados que depuseram Dilma por pedaladas fiscais bradando contra a corrupção? Pode haver mais, por difícil que pareça. Horas depois da votação, surgem dois sinais de que pode estar sendo testado o golpe do parlamentarismo: Temer disse que adotar o sistema já em 2018 “não seria fora de propósito” e o PSDB vai apresentar no dia 17 um programa televisivo inteiramente dedicado a enaltecer o sistema de governo parlamentar.
Virtudes o sistema tem, e delas se beneficiam os países que têm sistemas políticos adequados ao seu funcionamento, como partidos sólidos e regras eleitorais que garantem a sintonia entre representantes e representados. Por aqui, isso não existe. Uma Câmara que contraria a vontade de 95% da população só representa seus próprios interesses. Aqui, na terra do Centrão, falar em parlamentarismo depois do que o Brasil assistiu pela TV na quarta-feira, 2, chega a ser escárnio. Defender o parlamentarismo com o Parlamento que temos é dizer ao povo que ele pode até votar para presidente mas que o poder de fato será dos deputados que trocam votos por emendas e mentem descaradamente no microfone. Votam pela impunidade falando em estabilidade. Foi de sentir vergonha alheia ver o deputado Baleia Rossi dizer que votava a favor de Temer para exorcizar a herança dos governos do PT, sendo que seu pai, Wagner Rossi, foi ministro de Dilma e de Lula. Foi nauseante saber que o deputado tatuador dedicava-se à pornografia virtual enquanto a sessão rolava. Falar em parlamentarismo agora é dizer aos eleitores que em tal sistema seremos governados por gente assim.
Quem pensa que as eleições presidenciais de 2018 estão garantidas que ponha as barbas ou as madeixas de molho. O abismo em que caímos é largo e profundo, e podemos descer ainda mais, chegando ao golpe do parlamentarismo. Que Temer tenha falado nisso ontem, enquanto o PSDB grava seu programa dedicado ao sistema, e Serra burila sua emenda propondo a adoção do sistema, não é uma coincidência.
Ah, mas já houve o plebiscito de 1993 e a mudança de sistema de governo é assunto encerrado, dizem alguns. Bobagem, não existe assunto encerrado em tempos de exceção. O STF continua devendo o exame de uma consulta sobre a possibilidade de um novo plebiscito sobre o tema e o de outra sobre a possibilidade de mudança do sistema por emenda constitucional. Do STF que legitimou o golpe contra Dilma e não se moveu em relação à votação da denúncia contra Temer tudo se pode esperar. Inclusive que permita ao Congresso nos impingir uma mudança por emenda constitucional, aprovada pela mesma maioria que aprovou a impunidade de Temer.
Se alguém tentar lhe convencer das vantagens do parlamentarismo, lembre-se da sessão de 2 de agosto. Aqueles mesmos deputados é que irão governar, tutelando qualquer presidente que você eleja. Pensando bem, já é assim com Temer, mas não estamos condenados a suportar Temer para sempre.
Todos os dias os limites do que pensávamos inaceitável e inconcebível são ultrapassados pela coalizão que tomou o poder e o exerce sem o povo e contra o povo. Todos o dias nos perguntamos: o que mais falta acontecer? O que mais, depois da votação que concedeu a Temer o estatuto da impunidade, com compra de votos por medida provisória e dentro do plenário, coroada pelo show de cinismo e desfaçatez dos mesmos deputados que depuseram Dilma por pedaladas fiscais bradando contra a corrupção? Pode haver mais, por difícil que pareça. Horas depois da votação, surgem dois sinais de que pode estar sendo testado o golpe do parlamentarismo: Temer disse que adotar o sistema já em 2018 “não seria fora de propósito” e o PSDB vai apresentar no dia 17 um programa televisivo inteiramente dedicado a enaltecer o sistema de governo parlamentar.
Virtudes o sistema tem, e delas se beneficiam os países que têm sistemas políticos adequados ao seu funcionamento, como partidos sólidos e regras eleitorais que garantem a sintonia entre representantes e representados. Por aqui, isso não existe. Uma Câmara que contraria a vontade de 95% da população só representa seus próprios interesses. Aqui, na terra do Centrão, falar em parlamentarismo depois do que o Brasil assistiu pela TV na quarta-feira, 2, chega a ser escárnio. Defender o parlamentarismo com o Parlamento que temos é dizer ao povo que ele pode até votar para presidente mas que o poder de fato será dos deputados que trocam votos por emendas e mentem descaradamente no microfone. Votam pela impunidade falando em estabilidade. Foi de sentir vergonha alheia ver o deputado Baleia Rossi dizer que votava a favor de Temer para exorcizar a herança dos governos do PT, sendo que seu pai, Wagner Rossi, foi ministro de Dilma e de Lula. Foi nauseante saber que o deputado tatuador dedicava-se à pornografia virtual enquanto a sessão rolava. Falar em parlamentarismo agora é dizer aos eleitores que em tal sistema seremos governados por gente assim.
Quem pensa que as eleições presidenciais de 2018 estão garantidas que ponha as barbas ou as madeixas de molho. O abismo em que caímos é largo e profundo, e podemos descer ainda mais, chegando ao golpe do parlamentarismo. Que Temer tenha falado nisso ontem, enquanto o PSDB grava seu programa dedicado ao sistema, e Serra burila sua emenda propondo a adoção do sistema, não é uma coincidência.
Ah, mas já houve o plebiscito de 1993 e a mudança de sistema de governo é assunto encerrado, dizem alguns. Bobagem, não existe assunto encerrado em tempos de exceção. O STF continua devendo o exame de uma consulta sobre a possibilidade de um novo plebiscito sobre o tema e o de outra sobre a possibilidade de mudança do sistema por emenda constitucional. Do STF que legitimou o golpe contra Dilma e não se moveu em relação à votação da denúncia contra Temer tudo se pode esperar. Inclusive que permita ao Congresso nos impingir uma mudança por emenda constitucional, aprovada pela mesma maioria que aprovou a impunidade de Temer.
Se alguém tentar lhe convencer das vantagens do parlamentarismo, lembre-se da sessão de 2 de agosto. Aqueles mesmos deputados é que irão governar, tutelando qualquer presidente que você eleja. Pensando bem, já é assim com Temer, mas não estamos condenados a suportar Temer para sempre.
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