Clemente Ganz Lúcio[1]
O ritmo de fechamento de postos de
trabalho diminuiu
no primeiro semestre de 2017, com a economia no fundo do poço,
após uma queda
de mais de 9% do PIB per capita e mais de 14 milhões de
desempregados, segundo
o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A taxa
de desocupação
ficou em 13,7% no primeiro trimestre deste ano (em 2014, chegou
a 6,5%) e em
13% no segundo, primeira queda estatisticamente significativa
desde 2014. O
mercado de trabalho brasileiro tem quase 104 milhões de pessoas,
90,2 milhões
de ocupados ou empregados e outros 13,5 milhões de
desempregados.
No desemprego medido pela Pesquisa de
Emprego e
Desemprego (DIEESE/Seade/parceiros regionais), realizada nas
regiões metropolitanas,
as taxas continuam altas, mas há alguma diferença no
comportamento do
desemprego. A RM Salvador apresentou, em junho, desemprego em
alta, com taxa de
24,9%; a RM Porto Alegre tem taxa de desemprego muito menor e
estável, na casa
de 11%; na RM São Paulo, o maior mercado de trabalho
metropolitano, o
desemprego é de 18,6% e, no Distrito Federal, de 19,9%, as duas
áreas com
redução das taxas.
Além da queda do ritmo de fechamento
de postos de
trabalho, os indicadores refletem a criação de vagas temporárias
na agricultura
e o aumento do número de trabalhadores autônomos, por conta
própria e
assalariados sem carteira assinada.
O travamento da economia torna a
situação de
desemprego duradoura. O tempo médio de procura por trabalho
(segundo a PED) é
de 60 semanas na RM Salvador, 43 semanas na RM São Paulo e 37
semanas na RM
Porto Alegre.
Em resumo, o desemprego estaciona,
mas em elevados
patamares, deixando como resultado o desalento diante de extenso
e tortuoso
tempo de procura para encontrar vagas precárias no setor
informal (autônomos e
assalariados sem carteira).
E o futuro ainda pretende entregar
três pacotes com
presentes bomba para os trabalhadores.
O primeiro será aberto em novembro,
quando a reforma
trabalhista entrar em vigor para, em um mercado de trabalho
debilitado por uma
economia em recessão, brindar os trabalhadores com múltiplas
formas precárias
e, agora, legais de contratação, de arrochar salários, reduzir
direitos e
benefícios.
O segundo presente reserva para 2017
e 2018 uma
economia andando de lado, escorregando no limo da recessão. Os
trabalhadores
serão ainda mais pressionados pelo desemprego e, desesperados,
submetidos “à
livre escolha” de aceitar os novos postos de trabalho precários,
abrindo
“livremente” mão dos direitos.
O terceiro presente virá no centro da
profunda
desnacionalização da economia (a venda dos ativos de um país que
está barato).
O capital internacional imputará uma modernização tecnológica na
base dos
ativos adquiridos, aumentando a produtividade das empresas, com
tecnologias que
desempregam e ajustes estruturais do custo do trabalho
permitidos pela reforma
trabalhista – a produtividade espúria ganhará legalidade.
Ao Brasil está sendo imposto um
caminho para
experimentar um processo de vertiginosa mudança do padrão
produtivo, uma imensa
concentração de riqueza e acentuada extensão da pobreza,
resultado de uma
soberania reduzida à servidão ao capital financeiro.
Será preciso lutar, sustentar a
democracia na raça,
para que os brasileiros e brasileiras deem, pelo voto, outro
destino ao país.
Será preciso jogar esses presentes no lixo da história e
retomar, com altivez,
a tarefa que cabe a uma nação: conduzir o desenvolvimento do
país para promover
desenvolvimento econômico e social que gere bem-estar com
qualidade de vida e
sustentabilidade ambiental para todos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário