PROCUREM O CONCORRENTE, POR FAVOR!
Mauro Santayma, em seu blog
Um
amigo, recém-retornado ao Brasil depois de muitos anos trabalhando no
exterior, resolveu abrir, outro dia, com parte de suas economias, uma
conta na agência Styllus do Banco do Brasil do Setor Sudoeste, em
Brasília, e não conseguiu.
A
justificativa, citada pela atendente - que não quis nem saber sequer
quanto ele tinha para depositar e aplicar, foi "tout court",
"superlotação", como se tratasse não de uma agência bancária top de
linha, mas de uma vulgar - e desumana - cela de prisão.
A verdadeira razão da recusa?
A
apressada e repentina decisão do governo Temer, tomada a toque de
caixa, com menos de seis meses de governo e sem discussão com a
sociedade, de fechar ou transformar em postos de atendimento centenas de
agências do BB, apesar de o Banco do Brasil não ter tido um centavo de
prejuízo nos ultimos 15 anos e dos seus funcionários já estarem
atendendo, em média, mais de 400 contas por cabeça quando a medida
entrou em vigor.
Orientado,
em nova agência, a tentar abrir sua conta pela internet, ele tentou
várias vezes, mas também não conseguiu, embora o governo tenha feito
paradoxalmente há alguns meses campanhas na televisão sobre apps do
banco, em seu esforço de tentar molhar a pata de veículos que - com seus
próprios interesses em vista e decepcionados com a baixíssima
popularidade de Temer - agora mordem a sua mão.
Conversando
com outro funcionário, na porta do estabelecimento, foi lhe explicado,
diretamente e sem subterfúgios, que, com a desculpa de "modernizar" o
banco, se está sabotando deliberadamente o Banco do Brasil - como se
fez no governo FHC - com a intenção de privatizá-lo, de forma fatiada, a
médio prazo.
Na
verdade, esse é um movimento que já começou, com a venda de ações do
Banco do Brasil do Fundo Soberano, que fará cair a participação do
governo para apenas 50,7% do total.
Enquanto
isso, entrega-se, diminuindo a qualidade do atendimento ao consumidor,
parcelas cada vez maiores do seu público e de seu mercado aos bancos
privados, corrigindo o "crime" perpretado por Lula e Dilma, de terem
fortalecido - da Caixa Econômica federal ao BNDES - o papel dos bancos
públicos e aumentado o percentual de sua participação no mercado
financeiro e na economia nacionais.
As perguntas que ficam agora são as seguintes:
Quantos
clientes do Banco do Brasil, ou potenciais clientes, como esse, se
passaram, nos últimos meses - irritados com a queda de qualidade do
atendimento - para bancos particulares, ou pior, para bancos
particulares estrangeiros - como o Santander, que em plena pressão pela
Reforma da Previdência, acaba de ter 338 milhões de reais em multa
perdoados pelo CARF - desde que começou, no BB, essa pilantragem
chamada genericamente de "restruturação"?
A
quem interessa arrebentar com os nossos bancos públicos - a Caixa e o
BNDES também estão sob insuportável pressão - indiscutíveis e
estratégicos instrumentos para o desenvolvimento nacional?
Por que os sindicatos não entram - ou não entraram - na justiça para contestar essas medidas?
Por
que o extremamente bem sucedido Ministro da Fazenda de um governo sem
voto, que ganhou de fontes privadas mais de 200 milhões de reais em
"consultoria" nos últimos quatro anos - de um país de uma justiça
absurda, no qual tem gente que está se arriscando a ser preso e ter seus
direitos políticos cassados por ser "dono" de um apto do qual não
possui escritura, cujas chaves nunca recebeu - não tenta aplicar, para
mostrar confiança na nação - pelo menos uma parte dessa "merreca" no
Banco do Brasil?
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