terça-feira, 13 de junho de 2017

Querem diminuir salários e restringir o mercado interno




                                                                                    José Álvaro de Lima Cardoso.
     Um dos objetivos do golpe perpetrado no Brasil em 2016 é o de reduzir o custo da força de trabalho, visando atrair capitais externos. Essa decisão estratégica é muito importante porque afeta "apenas" a parcela da população que vive direta ou indiretamente do seu trabalho, ou seja 99% da população. Segundo o IBGE, o rendimento médio real dos ocupados, em dezembro de 2016, em Santa Catarina, estava em R$ 2.171,00, o que já é um salário extremamente baixo. Mas para, atrair investimentos internacionais, querem reduzir ainda mais o custo salarial.
     O país se encontra, neste momento, segundo os dados do PIB do primeiro trimestre, no mesmo patamar de produção do final de 2010. Foram oito quedas trimestrais seguidas no PIB, a maior sequência da história. O consumo das famílias, um dos motores fundamentais da economia, que representa aproximadamente 65% do PIB, segue em queda. O número de desempregados chegou a 14,5 milhões de trabalhadores com forte impacto sobre a massa salarial. É um verdadeiro processo de destruição do mercado interno.
     As três principais alavancas da economia estão enguiçadas: a demanda das famílias, que movimenta e dá sentido à produção sofre o efeito da queda da renda; o investimento das empresas depende da existência demanda e do crédito, ambos em queda livre; e o investimento público, que por decisão de Emenda Constitucional do governo (Emenda Constitucional 95), está congelado em termos reais por 20 anos. Santa Catarina, em termos de crescimento, segue na mesma toada: entre 2012 e 1016 a economia catarinense encolheu 1,7% enquanto a brasileira 2%, ou seja, desempenho desgraçadamente muito semelhante ao do Brasil. E nos últimos dois anos a situação do estado se agravou: enquanto o PIB brasileiro recuou 7,4%, o de Santa Catarina caiu 9,3%.
     É importante entender o verdadeiro custo do golpe. Os ineptos procuradores da Lava Jato falam em valores de propinas que podem chegar a R$ 6,2 bilhões. É muito dinheiro. Porém, é fundamental levar em conta que este é o dinheiro da “cachaça”, estes valores representam um nada em relação aos prejuízos que o golpe contra a democracia vem causando à economia brasileira. O preço do golpe de Estado no Brasil é milhões de vezes mais alto do que o suposto custo da corrupção. O prejuízo sobre o mercado interno é um exemplo. O PIB per capita brasileiro acumulou queda de 11% desde o segundo trimestre de 2014, data que marca o início da recessão atual. Mesmo que a economia cresça 0,5% este ano e 2,4% em 2018, será só em 2021 que o PIB per capita brasileiro poderá chegar novamente a R$ 28.500 anuais – nível em que se encontrava em 2014. Qual o custo disso para o bem-estar social do povo brasileiro?
                                                                                                  *Economista.

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