*José Álvaro de Lima Cardoso.
A ambição dos golpistas é grande, nunca os
direitos básicos da população, sociais e trabalhistas, foram tão ameaçados. São
alguns dos
objetivos básicos do golpe:
· Consolidar
na legislação (de preferência na Constituição), o programa neoliberal mais
radical da história econômica do brasil. Ilustrado, por exemplo, pela aprovação
da PEC da Morte (EC 95);
· Debilitar
a capacidade de ação, externa e interna, do Estado brasileiro: (aspecto
geopolítico do golpe);
· Retirar
o Brasil dos BRICS, ou, pelo menos, tornar a participação do Brasil, algo
apenas formal no bloco;
· Impedir
a retomada do processo de industrialização, setor que no Brasil sofreu um forte
revés nas últimas décadas, inclusive com a desindustrialização;
· Internacionalizar
ainda mais a economia brasileira, entregando setores chaves para o domínio estrangeiro.
O processo de aprofundamento da internacionalização já vinha ocorrendo nos
governos anteriores, porém o objetivo dos golpistas é levar o processo às
últimas consequências;
· Reduzir
ainda mais o custo da força de trabalho no Brasil;
· Disponibilizar
as matérias primas para as multinacionais, por baixo preço; visando, dentre
outros objetivos, contra arrestar a diminuição dos lucros das empresas pela
crise mundial.
O objetivo de reduzir o custo da força de
trabalho ficou evidente desde o início, pelo “conjunto da obra”. Esta é uma
decisão que praticamente unifica a população brasileira contra o golpe, já que "apenas" 99% do povo brasileiro vive direta ou indiretamente
de salários e do mercado consumidor interno. Segundo o IBGE o rendimento médio
real dos ocupados, em dezembro de 2016, em Santa Catarina, era de R$ 2.171,00.
Uma Cesta básica em Florianópolis, para o consumo de um adulto, segundo o
Dieese, está custando R$ 446,52. Isso nos dá uma ideia do que pode significa
reduzir salários reais no Brasil.
Para atrair capitais
internacionais, e para transferir o ônus da crise para as costas dos
trabalhadores, querem reduzir ainda mais este custo. Tais medidas surgem num
momento em que os três “motores principais” da economia
brasileira estão enguiçados: a demanda das famílias, que movimenta e dá sentido
à produção vem caindo; a atividade empresarial, que depende da existência
demanda e do crédito está paralisada; e o investimento público, por meio de
políticas sociais e de infraestrutura está congelado por 20 anos em termos
reais, através da EC 95.
Obviamente esse tipo de política também não
interessa à maioria dos empresários, cujo porte são micro, pequenos e médios. O
grande empresariado apoia este tipo de política porque o país tem uma burguesia
rentista, que não vive mais do seu negócio, e sim da rolagem da dívida pública.
Este empresariado rentista não tem compromisso com o Brasil, com
desenvolvimento, com emprego e assim por diante. O rentismo no Brasil se apropria
de 7% do PIB sem fazer nada, sem apertar um parafuso. O país tem os serviços da
dívida mais caros do planeta, são gastos mais de 500 bilhões de reais anuais com
pagamentos de juros e amortizações. Atualmente o rendimento obtido com a
aplicação financeira é maior do que o lucro da atividade produtiva, o que torna
o Brasil o paraíso dos rentistas. Mas acham pouco, por isso trabalham para destruir
a Seguridade Social, visando drenar ainda mais dinheiro para o sistema
financeiro.
*Economista.
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