sexta-feira, 23 de junho de 2017

A luta mais importante dos sindicatos na atual conjuntura.



                                                                      *José Álvaro de Lima Cardoso.
     As campanhas salariais dos trabalhadores se desenrolam num dos momentos mais difíceis da história dos trabalhadores e do povo brasileiro. Atravessamos uma das mais áridas conjunturas da história, que combina: pior crise do capitalismo mundial; mais grave depressão da história do Brasil e um golpe de Estado. Golpe dos mais sórdidos contra o povo e os trabalhadores.
     Segundo os dados do Produto Interno Bruto (PIB) relativos ao primeiro trimestre, o país recuou ao patamar de produção do final de 2010. Foram oito quedas trimestrais seguidas no PIB, a maior sequência já registrada na história do país. Na comparação com o 2º trimestre de 2014, o produto recuou 8%. O consumo das famílias, um dos motores fundamentais da economia, equivalente a 65% do PIB, segue em queda. O número de desempregados chegou a 14,5 milhões com forte impacto sobre a massa salarial. Os investimentos estão parados, desde antes do golpe, e se encontra no menor nível em 15 anos. Alguns setores industriais chegam a 50% de taxa de ociosidade da produção.
     Os golpistas querem enfrentar este quadro tenebroso, através da destruição dos programas e direitos sociais, fundamentais para o povo, especialmente em momentos de depressão econômica como o atual. O ataques atingem a esmagadora maioria da população, que vive direta ou indiretamente dos frutos de seu trabalho. No entanto, como a seguridade social e os direitos básicos são o alvo principal da investida, estão na linha de tiro principalmente os mais vulneráveis: mais pobres, idosos, mulheres, etc. Como, mesmo com limitações, quem pode defender os trabalhadores, especialmente os que se encontram na base da pirâmide salarial, são os sindicatos, estes viraram um dos alvos centrais dos ataques. Querendo ou não, as entidades sindicais atuam como a primeira e a mais importante linha de defesa dos trabalhadores, por isso os golpistas almejam o seu aniquilamento.  
      Nesta conjuntura, as campanhas salarias que estão conseguindo repor as perdas salariais do período e manter os direitos sociais e os relativos às condições de trabalho, podem ser consideradas vitoriosas. É só considerar que, segundo o Balanço das Negociações do DIEESE, em 2016 a proporção de acordos que não conseguiram nem mesmo recompor o poder de compra dos salários foi de 37%; a parcela de reajustes parcelados em mais de uma vez foi de 29,6%; e os reajustes escalonados por faixas de salários alcançou 32,4%.
     A realidade das negociações coletivas de 2016 e 2017 revela que é imprescindível manter o espírito de luta, apesar da extrema adversidade. Os trabalhadores devem se precaver, mas não temer a derrota. As vitórias que os trabalhadores, através de seus sindicatos, vêm obtendo, não têm caído do céu. Quando ocorrem, são resultado da organização das campanhas e da mobilização das categorias. A habilidade negocial das comissões de negociação tem sido importante, mas os elementos decisivos são a determinação e a coragem dos trabalhadores. Temperados, claro, pela lucidez tática e estratégica das suas direções.
     Neste ano, porém, as campanhas salariais atuais possuem uma especificidade fundamental. Mesmo quando as campanhas são dadas como encerradas, quando se conquista o que tem sido possível da pauta reivindicada, os trabalhadores não podem recolher suas armas e voltar para casa. Mesmo quando concluídas as lutas específicas da categoria, a luta geral contra o golpe não se encerra. É uma luta maior, contra a destruição dos direitos gerais dos trabalhadores e aposentados, contra a entrega do petróleo, da biodiversidade da Amazônia, contra a venda de terras a estrangeiros, contra a entrega do Aquífero Guarani e a privatização das estatais. É uma luta em defesa do Brasil e da classe trabalhadora no seu conjunto.  
                                                                                                                                  Economista.

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