A deputada Luiza Erundina e a vereadora Isa Penna |
Em tempos de João Doria e da onda conservadora no país, o vereador Camilo Cristófaro, alojado na legenda de aluguel em que virou o PSB paulista, parece que decidiu esbanjar valentia. Segundo matéria da Folha, ele teria xingado e agredido a vereadora Isa Penna, do PSOL, nesta quinta-feira (16). “A agressão ocorreu por volta das 19h30 dentro do elevador da Câmara Municipal de São Paulo. Segundo Isa, ele a xingou de ‘vagabunda’, ‘terrorista’, ‘cocô de galinha’ e insinuou ameaças dizendo que ela não deveria ficar surpresa se ‘tomar uns tapas na rua’. Em seguida, já fora do elevador, Camilo Cristófaro se aproximou da colega de plenário e lhe deu ‘um empurrão de leve’. Ela diz que há imagens de uma câmera que mostram o momento”.
Ouvido pelo jornal, o vereador jurou que não ofendeu a parlamentar do PSOL. Mas a Folha parece que não acreditou muito na sua defesa. “Parte do relato da vereadora foi confirmado pela ascensorista. Segundo ela, o vereador entrou no elevador no quarto andar acompanhado de duas pessoas. Um piso abaixo, entrou a vereadora. Em seguida, Cristófaro teria dito o seguinte: ‘Cuidado com essa sua boca porque você não sabe com quem está mexendo’. Isa, segundo a testemunha, respondeu. ‘Quem é você? Nem te conheço’... A discussão seguiu na saída do elevador, mas a ascensorista afirma não ter ouvido mais o teor do bate-boca”. A direção da Câmara Municipal já decidiu instaurar sindicância por suspeita de quebra de decoro parlamentar.
“Segundo o presidente da Câmara, Milton Leite (DEM), isso ocorrerá porque a vereadora prestou queixa acompanhada da testemunha na base da Polícia Militar do Legislativo. O corregedor da Câmara, Souza Santos (PRB), já foi acionado e deve iniciar o procedimento nesta segunda-feira (20). Santos terá que nomear um relator dentre os sete membros da Corregedoria. Esse relator chamará as duas partes e a testemunha para serem ouvidas pela comissão, que terá dez dias para instruir o processo interno. Um relatório, então, tem que ser votado internamente. A Corregedoria poderá arquivar ou encaminhar para plenário, caso entenda que houve quebra de decoro. Eventual cassação só ocorreria com o aval de 37 dos 55 vereadores”.
Camilo Cristófaro compõe a base de apoio do prefeito João Doria, que tem folgada maioria na Câmara Municipal de São Paulo. O vereador parece estar bastante tranquilo sobre o resultado da sindicância entre seus pares, tanto que partiu para o ataque diante dos questionamentos da Folha. Para ajudar os nobres vereadores a decidirem sobre o processo, valeria a pena consultar a matéria postada pelo blogueiro Renato Rovai, que foi conferir a trajetória sinistra do vereador. Algumas descobertas do editor da revista Fórum:
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Camilo Cristófaro, como Isa Penna, faz seu mandato de estreia na Câmara de São Paulo, mas já é macaco velho da direita da cidade. Foi, aos 18 anos, fundador da juventude janista, o que lhe rendeu nomeação posterior como oficial de gabinete de Jânio Quadros, quando este foi prefeito. Em 1989, foi entusiasta da candidatura de Maluf para a presidência da República. Ou seja, depois de longo tempo de ditadura, Cristófaro apoiava um dos seus mais destacados personagens na primeira eleição direta. Depois foi trabalhar na gestão Pitta, onde foi presidente da CET por um mês, e conseguiu, na sequência, um cargo na gestão Marta Suplicy, como diretor da Prodam.
Com um marketing de guerra no Facebook, onde xingava Haddad e sua gestão por conta dos radares, acabou se elegendo vereador. Ou seja, essa parte da cidade fascista que se realiza com as agressões de Fernando Holiday ao PT e a Juliana Cardoso e ao mesmo tempo se diverte com o escracho racista de Fábio Pannunzio ao mesmo Holiday, elegeu Cristófaro porque ele sabia xingar. Ou seja, o sujeito imagina que seu mandato é exatamente para isso. Para agredir, xingar e ameaçar àqueles que têm opinião diferente da dele. E o faz sem nenhum constrangimento a uma vereadora jovem que representa uma parcela da cidade diferente da dele.
É fascismo em estado bruto. Inclusive, porque a história contada por Isa Penna e confirmada pelo ascensorista revelam que a agressão não teve qualquer justificativa. Foi gratuita. Para intimidar e tentar mostrar à colega que aquele ambiente não era para ela. A não ser que ela ficasse boazinha e respeitasse a tropa que manda ali. Cristófaro é um covarde com banca de capanga. Mas não é só isso. Ele é um vereador da base do prefeito João Doria, aquele que se diz a nova política.
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