Ao visitar as sedes dos principais bancos do País, na década de 80, uma comitiva de banqueiros europeus se espantou com o tamanho e a opulência das agências centrais, que, na época, ficavam quase todas na avenida Paulista, em São Paulo. Também causou espanto aos banqueiros dos países ricos o opulento acervo artístico dos nossos bancos.
Espanto ainda maior teria a comitiva visitante se conhecesse os salários então pagos aos bancários e as jornadas que massacravam a saúde física e mental dos bancários, sufocados por agências lotadas, numa época de inflação galopante e filas imensas nas agências.
Hoje, sem deixar de lado muitas questões trabalhistas, que persistem, os banqueiros se espantariam com duas práticas de nossos bancos: os juros e as tarifas. Os juros reais são o segundo maior do mundo. E as tarifas são absurdas. Basta dizer que, em 2009, toda a folha de salários de todos os bancários brasileiros foi paga apenas com os lucros obtidos pelos bancos com as tarifas.
Produção - Hoje, se perguntado a qualquer empresário do setor produtivo, ele apontará juros e spread (diferença entre o que a instituição financeira paga na captação do dinheiro e o que cobra na hora de emprestar – diferença abusiva!) entre os principais entraves à indústria nacional. Aqui, em vez de servir de fomento à produção, os bancos vampirizam o segmento produtivo, atingindo principalmente a indústria.
O movimento sindical também tem batido de modo firme nessas questões e feito inúmeros atos pela redução da taxa básica (Selic), redução dos juros nos empréstimos e no cheque especial e ainda cobrando a redução do spread.
Por isso, o sindicalismo, no geral, apoia a atitude tomada pela presidente Dilma fazendo o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal baixarem juros e tarifas. O gesto de Dilma busca fazer a rede de bancos privados também reduzir spread e juros. Observe que, na sequência, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, chamou os banqueiros às falas, em Brasília, qualificando inclusive de abusiva e fora dos parâmetros do mercado mundial a lucratividade dos bancos brasileiros.
A moderna economia capitalista, no particular e no geral, é movida a crédito. Mas para que o crédito cumpra seu papel, ou seja, dar suporte e fomentar iniciativas individuais e empreendimentos privados, é preciso que o custo do dinheiro seja razoável. Hoje, do jeito que está, o crédito acaba virando extorsão.
O sindicalismo critica o governo quando isso se faz necessário. Mas também apoia as tomadas de posição que defendem o interesse da Nação. Enfrentar os especuladores, baixar os juros, reduzir as tarifas e tornar o crédito uma ferramenta de efetivo estímulo à economia, e não um achaque, é trabalhar em prol dos interesses maiores do povo brasileiro.
José Pereira dos Santos é presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região. E-mail: pereira@metalurgico.org.br
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