segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Legado de Getúlio, após 60 anoss


José Pereira dos Santos    - No Repórter Sindical


O próximo dia 24 marcará seis décadas do suicídio de Getúlio Vargas. Em agosto de 1954, o presidente trabalhista governava o País pela segunda vez e, na ocasião, eleito pelo voto do povo. Antes, após liderar a Revolução de 1930, ele havia comandado o governo, mas levado ao poder pela força das armas. Governou, portanto, com mão-de-ferro, o que não o impediu, até de forma surpreendente, de conceder direito de voto à mulher, antes mesmo que a própria Inglaterra.
Passados 60 anos, o gaúcho que fundou o trabalhismo segue na condição de o mais complexo Presidente da República e de dirigente que construiu o moderno Estado brasileiro. Sua vida e suas realizações motivam livros, peças, séries de televisão, filmes e trabalhos acadêmicos. E geram polêmicas.
Boa parte da elite nunca engoliu Getúlio. A elite econômica teve seus interesses de classe contrariados pelas leis sociais, o salário mínimo, a CLT, a criação dos Ministérios do Trabalho, da Educação, da Cultura e a Justiça do Trabalho. Parte dessa casta, que era ligada ao capital internacional, também não suportava o nacionalismo varguista, manifestado de forma dramática na Carta-Testamento encontrada após seu suicídio.
No movimento sindical, ele também foi contestado. Os próprios comunistas (na época, o PCB) ora o fustigavam, ora o apoiavam. O apoio comunista se deu, principalmente, depois de o governo Getúlio apoiar, na Segunda Guerra, os Aliados, que combatiam Hitler. Mesmo Lula criticava o modelo sindical varguista, que considerava atrelado ao Estado. Esse modelo durou até a Constituição de 1988.
A história é sempre contada e recontada. Anos atrás, o professor Carlos Lessa, ao presidir o BNDES, publicou um livro encorpado com as realizações de Vargas. A obra é espantosa: BNDES, Petrobras, Vale do Rio Doce, Usina de Volta Redonda (CSN), Ministério da Aeronáutica, IBGE, Sistema S, Hidrelétrica de São Francisco, Código de Minas, Lei de Falências e muito mais.
Ano passado, convidado pela família do ex-presidente Jango, estive em São Borja acompanhando a devolução dos restos mortais de João Goulart ao solo natal. Havia visto, em outras ocasiões, o sentimento do povo gaúcho para com o herdeiro de Getúlio. Naquele dia, porém, vivenciei uma impressionante devoção ao janguismo, ao trabalhismo e ao varguismo.
Passados 60 anos de seu desaparecimento físico, constato que Getúlio Vargas vive. E vive em suas realizações, em sua obra social e, principalmente, graças ao profundo compromisso com o Brasil, que lhe custou a própria vida.

 


José Pereira dos Santos épresidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região

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