sábado, 30 de agosto de 2014

Até quando vai durar a Marinamania?

Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo: Transcrito do Blogo do Miro
O dia começou ruim para Dilma e terminou pior.

O primeiro golpe veio com a publicação, na Folha, de um texto de acordo com o qual Dirceu já estaria considerando “iminente” a derrota de Dilma para Marina, a “Lula de saias”.

O artigo, de Fernando Rodrigues, viralizou. Poucas horas depois de publicado, Dirceu desmentiu tudo, pelo blog de Paulo Moreira Leite.

Dirceu está mesmo tão pessimista assim? O jornalista da Folha forçou a mão?

Bem, questões como estas acabaram obscurecidas pelo segundo golpe: os números do último Datafolha.

Por eles, Marina já alcançou Dilma no primeiro turno. Estão empatadas em 34%, com Aécio semimorto com 15%.

Ruim no primeiro, pior no segundo. Pelo Datafolha, confirmando o Ibope de poucos dias atrás, Marina bate Dilma por 50% a 40%.

É indiscutível que o Brasil vive, nestes dias, uma Marinamania.

Numa eleição que não provocava grande entusiasmo, ela surgiu como um fato novo. Colocou fogo numa disputa morna. Trouxe imprevisibilidade a uma competição tediosamente previsível.

Virou uma sensação, por tudo isso.

Curioso notar que toda esta espuma provavelmente não teria ocorrido caso Marina estivesse concorrendo desde o princípio com sua Rede.

Ela seria um nome a mais. Forte, é verdade, mas sem o impacto trazido pela chegada espetacular, no rastro da tragédia de Campos.

Para quem gosta de parábolas, ou metáforas, da morte brotou a vida, e com a vida a esperança de renovação.

Marina não faz “nova política”, como demonstram suas alianças, mas quem entre seus principais rivais pode bater nela por isso?

A “novidade” de Aécio é um receituário que, na moda nos anos 1980 com Thatcher, o tempo mostrou ser uma calamidade, sobretudo para os mais pobres.

Armínio Fraga, o homem da economia de Aécio, tem a cabeça na década de 80.

Quanto a Dilma, o máximo que ela pode dizer a Marina, no quesito das alianças estranhas, é: “Eu sou você amanhã”.

Há um cansaço, na sociedade, com a política tal como é feita no Brasil.

Quando o PT subiu ao poder, a expectativa era que o modo de fazer política mudaria.

Não mudou, ou mudou pouco.

A decepção de muitos com o PT decorre – ao contrário do que dizem os conservadores – não com a corrupção, que na verdade foi combatida como nunca antes nestes últimos anos.

A decepção veio pelo que não foi feito no terreno dos avanços sociais. O PT fez mais neste campo que os governos anteriores, desde Getúlio Vargas, mas menos do que gostariam os que sonham com uma sociedade mais justa.

É uma insatisfação de esquerda, por assim dizer, e não de direita.

Os votos que faltam hoje ao PT estão na esquerda, na garotada inconformada que tomou as ruas em junho de 2013, e não na direita. Basta ver o desempenho de Aécio.

Marina representa, para essa gente, não uma certeza de transformações – mas ao menos uma esperança.

Para reverter a Marinamania, Dilma terá que mostrar que é ela, e não Marina, quem poderá fazer, na verdade, a modernização política pela qual anseia a sociedade.

Para obter sucesso nisso, ela terá que encontrar uma resposta para a seguinte questão: por que vocês não fizeram isso nestes doze anos?

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