sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Dilma sobe o tom?

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Parece que teremos, mais tarde ou amanhã, um entrevista mais longa da Folha com Dilma Roussef, pelo que está sendo publicado aos poucos pela Natuza Nery, do Painel.
Primeiro, ela ridiculariza as versões de que teria sido a mão oculta em todo da última decisão do Banco Central – deus meu, a quarta do mesmo teor e com os mesmos votos a favor e contra no Copom! – de não aumentar (ainda mais) os juros públicos:
“De maneira alguma [teve pressão]. Agora, eu acho fantástico. O Copom aumenta os juros sistematicamente e ninguém nunca perguntou para mim, nunca, durante todo esse período de aumento, se eu tinha pressionado o Tombini para aumentar os juros”, afirmou.
Depois, ao comentar a Lava Jato, ficou no limite do que poderia ir como chefe de Estado – tem gente que acha que chefe de Estado não tem de segurar a língua, e como tem e como dói – ao ir ao ponto central do que tem sido o abandono da legalidade e da seriedade no mar de acusações sem provas e vazamentos seletivos e desconexos e com base no “diz que diz”:
” Isso é o mínimo que a gente espera, que quando falarem uma coisa que forem perguntar para uma pessoa, que provem.”
É verdade que não falou da abulia de seu Ministério da Justiça diante dos abusos policiais, da quebra de sigilolos confiados à guarda de seus agentes, da indisciplina que grassa na Polícia Federal e na absoluta inapetência de seus dirigentes em apurar os atropelos que ali ocorrem. Se falasse, claro, teria de explicar porque mantém José Eduardo Cardozo à frente (ou a reboque, talvez melhor dito assim) do Ministério da Justiça.
Por último, sua fala na reunião do Diretório do PDT, onde retomou o discurso antigolpista:
“O impeachment que tentaram impor a Getúlio Vargas foi um prenúncio do que está acontecendo agora no Brasil. Um governo federal pode e deve ser julgado e criticado. Mas um governo federal não pode ser objeto de um golpe por razões que eles chamam de política, que não são. Não há nenhuma base para um impeachment. Eles sabem disso e não ligam. Não gostam de ser chamados de golpistas, mas são”.
Dispensem-me, por favor, de comentar o esdrúxulo do título da matéria – “Dilma se compara a Vargas e diz que defender o impeachment é golpismo” –  porque é de uma estupidez atroz.
Mas parece, dos três episódios, uma preparação para uma subida de tom do discurso presidencial, antecipando a volta do recesso parlamentar e as votações decisivas para a Comissão Especial que analisará o pedido de impeachment.
Subida de tom que ficará mais evidente, na quinta-feira, quando o governo anunciar um conjunto de medidas anti-recessivas para a economia.
Antes tarde do que nunca.

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