terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Levy, santo de Davos


João Vicente Goulart no Repórter Sindical


O ministro Levy, novo queridinho da mídia e das elites jornalísticas, políticas e dos donos do capital mundial, vem sendo tão elogiado que dá pra desconfiar do real interesse de Dilma haver ganhado as eleições pela esquerda.

Elogiado por Christine Lagard, chefona do FMI, e por nossos “Mervais” diariamente nos jornalões de plantão e revistas-pasquins da direita no Brasil, vem assumindo uma posição um tanto quanto de cacique, ao ponto de podermos chamá-lo de Santo Davos Levy, tal a inquestionabilidade de suas palavras e repercussão em outros ministérios que não a sua Pasta.

Depois bradou ao mundo sobre a nossa “obsoleta” legislação do seguro-desemprego, como ignorando os direitos conquistados por nossos trabalhadores e a história do trabalhismo na conquista de outros direitos na relação capital-trabalho tão duramente alcançada durante a trajetória das lutas sindicais em nosso País, sem ao menos pedir licença à nossa história e à nossa evolução, da CLT e Justiça do Trabalho.

Onde está a resposta do nosso ministro do Trabalho Manoel Dias, ante esse impropério vomitado pelo Santo Davos Levy, na frente dos donos do mundo, lá na longínqua Suíça?

Nenhuma palavra em defesa dos nossos trabalhadores? Nenhuma manifestação?

Entendemos: o silêncio só pode ser fruto do loteamento do poder e não do interesse público e dos direitos trabalhistas, que vêm sendo covardemente esquecidos na prioridade do ortodoxismo econômico implantado pela sustentação do status quo dos partidos políticos.

Para que um ministro calado ante essas medidas que atingem os trabalhadores brasileiros?

Ainda bem que hoje tivemos de parte de Miguel Rossetto, secretário-geral da Presidência da República, declaração que assume o papel do Ministério do Trabalho ao vir a público dizer que “o seguro-desemprego é uma clausula pétrea. Assim como o salário mínimo, jornada de trabalho, férias e aposentadoria fazem parte do núcleo duro dos direitos dos trabalhadores e representam conquistas civilizatórias”.

Está na hora de definir no quadro ministerial quem fala por quem, de quem são as atribuições de resposta quando são atropelados os direitos e conquistas da classe trabalhadora do Brasil.

Está na hora de que, para o Santo Davos Levy não virar Deus, pelo menos haja um Rossetto para dar um aviso, mesmo que não seja o titular do Trabalho.

João Vicente Goulart é filho
do ex-presidente Jango. É signatário da “Carta de Lisboa”, de 1979 e preside o Instituto
João Goulart.
Site:
www.institutojoaogoulart.org.br

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