José
Álvaro de Lima Cardoso.
As políticas nacionais determinam as
políticas estaduais, em sua maior parte. Ainda que cada estado tenha suas especificidades.
Economias como a de Santa Catarina (que representa meros 4% do PIB nacional e
3% da população brasileira) estão sendo fortemente impactadas pelas políticas nacionais
do governo ilegítimo, que assaltou o poder com a missão de destruir,
sistematicamente, conquistas civilizatórias e desmontar o Estado nacional. Ao
desarticular o Estado brasileiro tais políticas prejudicam os entes federados e
o conjunto da classe trabalhadora (99% da população). Até o primeiro trimestre
de 2017, o país sofreu oito quedas trimestrais seguidas no PIB, a maior
sequência da história. Santa Catarina segue na mesma toada: entre 2012 e 1016 a
economia catarinense encolheu 1,7% enquanto a brasileira 2%, ou seja,
desempenhos desgraçadamente muito semelhantes. Nos últimos dois anos, o
desempenho do PIB catarinense é ainda mais desastroso que o do Brasil.
A destruição do mercado interno nacional
que a recessão e as medidas governamentais estão perpetrando, influencia
diretamente a economia catarinense nas vendas industriais, turismo, comércio e
assim por diante, com reflexos inevitáveis sobre o nível de emprego. A implosão
da seguridade social, objetivo principal da PEC 287, atinge de morte os
municípios pequenos, já que, em mais de 70% deles, a principal receita advém
das pensões e aposentadorias pagas pela previdência social. A renda de centenas
de municípios catarinenses, especialmente os de base rural, onde se concentram
os maiores índices de pobreza, será diretamente afetada com a aprovação da
mencionada PEC, com perda de receita fundamental para o comércio. Em mais de
70% dos municípios brasileiros, os recursos da previdência rural, são
superiores aos recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Ou seja,
a PEC não é apenas cruel do ponto de vista humano, mas também imbecil do ponto
de vista econômico.
Tomemos como exemplo o ataque sobre os
bancos públicos. Como o Estado nacional está sendo atacado e os bancos públicos
são tentáculos importantes do Estado, estão também submetidos a graves ameaças.
A lógica que orienta tal ataque, um ultra neoliberalismo anacrônico, é a mesma
que está levando ao desmonte da Petrobrás, à liquidação do sistema de defesa
nacional, à tentativa de entregar partes da Amazônia. Estão tentando liquidar
os bancos públicos rapidamente. No caso do Banco do Brasil, em 12 meses, até
junho, fizeram mais de 10.000 demissões e fecharam quase 543 agências.
Por que o desmonte e a privatização dos
bancos públicos é algo muito grave para o Brasil e para o estado? A resposta é
simples: em Santa Catarina os bancos públicos respondem por 90% da oferta de
crédito, são responsáveis por 100% da distribuição dos valores dos programas
sociais, respondem por 70% dos empregos bancários, pagam salários superiores
aos do setor privado. É assim no Brasil todo. Ao estudar os dados com atenção,
uma indagação se faz inevitável: se os bancos privados quase não disponibilizam
crédito, super exploram seus trabalhadores, não desempenham função social, para
que eles servem mesmo? A resposta está nos dados de lucros líquidos dos bancos
privados, normalmente os mais elevados do mundo, mesmo com o país atravessando
a mais grave recessão da história. A nossa passividade e a falta de atenção com
estes aspectos fundamentais, tornam a nós brasileiros, neste momento, servos da
apatia e da ignorância.
*Economista.
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