José Álvaro de Lima Cardoso*
Uma das razões
para a voracidade do apetite imperialista sobre a riqueza contida do pré-sal, é
o fato de que já se descobriu muito petróleo, mesmo tendo sido mensurada apenas
uma pequena parte da área total. A área correspondente ao pré-sal vai do
litoral de Santa Catarina até o Espírito Santo. Mais de 100 mil km2 de blocos
não foram nem licitados. Mesmo tendo sido uma pequena parte explorada o pré-sal
já garantiu ao Brasil uma reserva total de 84 bilhões de barris (sendo que 70
bilhões estão no pré-sal), equivalente, por exemplo, a 2,4 vezes as reservas
com que contam atualmente os EUA.
As
multinacionais do petróleo e os especialistas estão cientes (e todas as
indicações geológicas apontam) que o pré-sal possui muito mais que os 70
bilhões de barris já descobertos na pequena área já explorada. Essa é uma
questão central no debate atual sobre marco regulatório da indústria do
petróleo no Brasil. As reservas do pré-sal já recolocaram o Brasil numa outra
inserção internacional, na qual o país passou a ter reservas estratégicas semelhantes,
por exemplo, à Rússia, sendo que o grosso das descobertas no pré-sal ainda está
por vir.
Além
disso, as grandes reservas brasileiras não se limitam ao pré-sal. No início de
junho a Petrobras anunciou descoberta de óleo em grande quantidade na bacia de
Sergipe-Alagoas, em local conhecido como Poço Verde 4, e que está a 5.350
metros de profundidade. Estimativas iniciais dão conta de que apenas um dos
blocos já perfurados pode chegar a mais de 3 bilhões de barris, sendo que a bacia
pode chegar a Pernambuco. Essa reserva deve ser classificada como super gigante,
ou seja, conter reservas na casa dos bilhões de barris, e com potencial de transformar
o desenvolvimento econômico e social daqueles estados.
Por isso se pode considerar como bastante confiáveis
as estimativas dos especialistas do setor de que apenas o pré-sal pode conter
até 300 bilhões de barris de petróleo. Se considerarmos que a previsão é de
que, até o final da década, o barril do petróleo retorne ao preço médio
superior a 100 dólares, estamos tratando de recursos que ultrapassam os 30
trilhões de dólares, superior a 10 vezes o Produto Interno Bruto do Brasil. Se
tivermos juízo e correlação de forças suficientes para reter a maior parte destes
recursos e investi-lo em desenvolvimento econômico e social, dobramos a renda
per capita da população (pelo menos) e mudamos definitivamente o país.
*Economista
e supervisor técnico do DIEESE em Santa Catarina.
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