Depois de afirmar - sob pressão de um Congresso
majoritariamente republicano - que pretendia enviar armamento letal
"defensivo" para ser usado pelo governo ucraniano contra “rebeldes” de
cultura e etnia russa, o presidente dos EUA, Barack Obama, amenizou suas
declarações, após se encontrar com Angela Merkel na Casa Branca.
A
chanceler alemã e o presidente francês, François Hollande, se reuniram
com Petro Poroshenko e Putin nesta semana, para tentar estabelecer as
bases de um acordo de paz que evite uma escalada do conflito, que já
deixou um saldo de mais de 6.000 mortos e um milhão e meio de
refugiados.
Mas
ao mesmo tempo em que fala em paz, a Europa reforça, por meio da OTAN,
sua presença militar nas fronteiras da Ucrânia, em países como a
Estônia, a Letônia, a Lituânia, a Polônia, a Romênia e a Bulgária.
França
e Alemanha sabem que os EUA não são um país europeu - logo, não
estariam, ao menos, em princípio, diretamente ameaçados - e tentam
minorar os efeitos dos erros cometidos com a derrubada de Yanukovich,
que mergulharam o país em uma guerra civil, e colocaram no poder, ou em
torno dele, neonazistas como os do Partido Svoboda, agora responsáveis
por ataques não apenas a antigos veteranos soviéticos da Segunda Guerra,
mas também a judeus, ciganos e outras minorias.
A
sub-secretária de estado Victoria Nuland, reconheceu, em dezembro, em
conferência no Clube Nacional de Imprensa, em Washington, que os EUA
“investiram” mais de 6 bilhões de dólares na Ucrânia nos últimos anos,
para o “desenvolvimento de instituições democráticas” - um eufemismo
para “desestabilização” - tática já utilizada em outras ocasiões e
lugares, como no Chile de Allende e no Brasil de 1964.
A
Ucrânia não é o Iraque, a Líbia ou a Síria, onde OTAN e EUA armaram,
ali, para derrubar governos relativamente estáveis, terroristas que
agora formam o Estado Islâmico.
Para
além de suas fronteiras, ao norte e ao leste, não está apenas mais um
país pequeno a ser invadido, como na teoria do dominó, obedecendo à
estratégia “ocidental” de destruir, com suas “primaveras” de araque, os
povos e nações que se colocarem em seu caminho.
Com
17 milhões de quilômetros quadrados, maior país do mundo em extensão
territorial, a Rússia possui milhares de mísseis apontados para os EUA,
cada um com várias ogivas atômicas; tem uma indústria bélica altamente
desenvolvida; e não está sozinha no enfrentamento de certas potências do
“Ocidente” que acham que podem se intrometer em qualquer região do
mundo como se estivéssemos ainda no século XX.
Afinal
- e é preciso não esquecer isso - Moscou é um fator fundamental na
estratégia de outro ator imprescindível, que, com a segunda economia do
planeta; um bilhão e quatrocentos milhões de habitantes; armamento
nuclear próprio e 2.300.000 homens em suas forças armadas, observa
atentamente tudo o que está ocorrendo no conflito ucraniano: a China.
Nenhum comentário:
Postar um comentário