quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Fixando o olhar com mais atenção




     Discutindo o problema da fuga de capitais e outros problemas financeiros relacionados, o eminente economista Ladislau Dowbor, em artigo de dezembro/14 (A esterilização dos recursos do país), cita estudo da Global Financial Integrity (GFI), coordenado por Dev Kar e denominado “Brasil: fuga de capitais, fluxos ilícitos e as crises macroeconômicas, 1960-2012”, que estima a evasão de capitais no Brasil em R$ 80 bilhões por ano entre 2010 e 2012.  Isto equivale, como lembra Dowbor, a cerca de 1,5% do PIB. Não se fala sobre isso em função da influência que os rentistas têm sobre a grande mídia e a formação da opinião pública nacional.
      Na outra ponta, o Programa Bolsa Família, o preferido dos críticos mais rasteiros, retira 55 milhões de brasileiros da fome, com um investimento que representa apenas 0,45% do PIB, que é nada. Para este programa as críticas são duras, pesadas. O governo federal desembolsa em média por ano, com os juros da dívida pública, cerca de R$ 250 bilhões, equivalente a 10 vezes o gasto com o Programa Bolsa Família. Alguns milhares de super ricos levam anualmente, sem maiores esforços e sem colocar o pé na fábrica, 6% do sétimo PIB do planeta. Sobre isso, quase ninguém fala.
     Se não entendermos minimamente isso, fica impossível entender o que acontece no país. Especialmente neste momento em que as margens de definição de políticas macroeconômicas se reduziram em função da estagnação econômica e do déficit externo do Brasil.

José Álvaro Cardoso.

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