Mauro Santayama, em seu blog.
Anteontem, cerca de 200 pessoas se reuniram na Avenida Paulista, para
pedir uma "intervenção" militar, com a derrubada do governo. No Whats
Up convocam-se brasileiros para saírem às ruas pelo impeachment da
Presidente da República; para que não se abasteça em postos da Petrobras
- as multinacionais penhoradamente agradecem - e alerta-se a população
para que retire seu dinheiro da CEF, porque o governo vai confiscar o
que estiver depositado nas contas de poupança da instituição, que teve
um crescimento de mais de 22% em sua carteira de crédito, 7 bilhões de
reais em lucro e uma inadimplência de apenas 2.56% em 2014.
É preciso lembrar que, caso Dilma saia, será o PMDB que continuará a
governar o país. O poder não será entregue aos anti-petistas mais
radicais ou aos militares como - dentro e fora da internet - defendem
alguns.
Seria o PMDB, e não a oposição, que conduziria uma eventual (cada vez
mais distante) reforma política. E ele provavelmente lançaria candidato
próprio daqui em 2018.
Além disso, na remotíssima possibilidade de que fosse aprovado o
impeachment da Presidente da República, ele só atingiria a a prória
Presidente, e não o PT, como partido.
Nesse caso, alguém acredita que Lula deixaria de se lançar
Presidente, contando com uma militância muitíssimo mais aguerrida pela
promulgação - para todos os que votaram em Dilma e no PT- do que seria
encarado como um golpe branco?
A oposição - principalmente a mais preparada - precisa, até mesmo em
benefício da democracia, e da sua própria sobrevivência política,
construir um projeto alternativo para o país que vá além da permanente
criminalização do Partido dos Trabalhadores.
Primeiro, porque - como se vê por escândalos de outras agremiações
políticas, incluído o da Petrobras - sempre sobra um estilhaço para quem
joga pedra nos outros e tem telhado de vidro.
Em segundo lugar, porque a bateria de ataques, constantes,
repetitivos, contundentes, que está ocorrendo, a cada dia, a cada hora,
sem descanso, pode, pelo exagero, acabar levando a maioria da população a
identificar, neles, apenas mais uma espécie de conspiração contra o
governo, fazendo com que a popularidade do Palácio do Planalto termine
por se recuperar, mais tarde, como ocorreu em outras ocasiões em que a
destruição do PT era tida como certa, como nas manifestações de 2013, e
no massacre institucional do "mensalão".
E, finalmente, porque se enganam aqueles que acham que a direita vai reservar lugar, no seu bonde, para eles.
A direita é, por natureza, radical, impiedosa e excludente.
Quando ela - ou melhor, o seu extremo - se organizar
institucionalmente, seu discurso será claramente fascista, inequívoco, e
antidemocrático, o que poderá dificultar certas alianças.
E ela terá seu próprio projeto, partido e candidato -
convenientemente engordados pelo discurso anticomunista e
"anti-bolivariano" de agora - para entrar na disputa.
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