Antonio Lassance no Carta Maior

postado em: 25/02/2015
O
ato em defesa da Petrobrás, organizado pela Federação Única dos
Petroleiros (terça, 25), demarcou o terreno progressista da disputa que
se faz sobre a narrativa e o desenlace do escândalo que abala a empresa.
Realizado
sob o abrigo da emblemática Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no
Rio de Janeiro, o ato pode ser resumido em uma bandeira: a Petrobrás é
do povo brasileiro.
Foi um momento
fundamental para deixar clara a posição do campo progressista em relação
à crise que ameaça a credibilidade da Petrobrás e o papel da empresa
para o futuro do País.
A palavra de ordem é: em defesa da Petrobrás, nem corrupção, nem entreguismo.
Foi
bom ver os petroleiros à frente do ato. Ninguém tem maior autoridade
moral para defender a empresa do que os petroleiros. Eles são a
vanguarda desse processo e devem ser reconhecidos enquanto tal por todos
os que lutam por um desfecho que permita que a Petrobrás saia muito
mais forte desse episódio.
Eles são
agora nossa força e nossa voz para defendê-la, mais do que a direção da
própria empresa se mostrou capaz de fazê-lo. Seus rostos, suas falas,
suas propostas e principalmente sua disposição de luta devem se tornar
conhecidos de cada um de nós, cada vez mais.
Os
petroleiros são a liderança incontestável da tarefa de dar a linha para
tirar a Petrobrás do atoleiro e defender a empresa dos ataques
especulativos que pretendem destroçá-la.
O
mais incrível é que, diante de um escândalo que afetou a principal
empresa do País, o cartel midiático tenha imposto um cala-boca a quem
nela trabalha - os petroleiros -. Tem sido assim o tempo todo, inclusive
ontem.
Mesmo com todo o peso
político do ato, a mídia tradicional preferiu dar destaque a uma briga
de rua. Óbvio. Faz parte de sua profissão de fé desqualificar o debate e
priorizar o espetáculo da ignorância.
Foi bom ouvir os petroleiros e sua denúncia de que interessa ao povo brasileiro moralizar, e não desmoralizar a empresa.
Foi
bom ver a blogosfera e a imprensa alternativa mobilizadas, repercutindo
o ato e reproduzindo as falas de intelectuais, artistas, jornalistas,
ativistas sociais e do ex-presidente Lula.
Foi
bom relembrar a história da Petrobrás, seu papel estratégico e o que
ela significa para o futuro do país, como fez Luis Nassif logo no início
do ato.
Foi bom ter Wadih Damous,
presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos do Conselho Federal
da OAB, exigindo das autoridades cumprir o dever de respeitar o Estado
democrático de Direito.
Não se pode
contemporizar com uma investigação de meia tigela, que investiga uns e
preserva outros, indecorosa e inexplicavelmente. Uma investigação
parcial que coloca na cadeira só os malvados favoritos, e não todos os
que roubaram a Petrobrás e guardaram seu dinheiro na Suíça, desde os
anos 1990. Para uns, o inquérito e as grades; para outros, um processo
na gaveta e um cofre cheio nos Alpes.
Foi
bom ouvir Lula deixar claro que não se admite que se ouse pensar em
transformar o escândalo em uma crise institucional, ou vai ter troco.
O pior erro que se pode cometer na atual conjuntura é o de se deixar intimidar.
Não
se pode abaixar a cabeça diante de uma legião de hipócritas e canalhas,
cada qual com sua conta na Suíça, desde os anos 1990. Os pilantras que
se arvoram campeões da moral e da ética, durante o dia, à noite conferem
seu saldo em Genebra com a sensação de alívio e êxtase.
Queremos
a Petrobrás. Não abrimos mão da Petrobrás. Nem para corruptos, nem para
entreguistas - sejam eles políticos, donos de meios de comunicação,
policiais, delegados, juízes, especuladores, enfim, para nenhum
pilantra, não interessa a que espécie da fauna do país pertença.
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