*José Álvaro de Lima Cardoso.
Recentemente a Petrobras fechou acordo na
justiça norte-americana para pagar US$ 2,95 bilhões pelos supostos prejuízos
causados aos especuladores dos EUA com os casos investigados pela Lava Jato.
Não se trata de decisão judicial: através de acordo a direção da Petrobrás
atendeu às exigências dos investidores. Para termos ideia do vira-latismo que representa
esse acordo, o seu valor é quase 7 vezes o montante que a empresa recuperou com
a Lava Jato (R$ 1,475 bilhão). O detalhe é que a Petrobrás, que foi a empresa
vitimada pela corrupção de alguns de seus executivos, está pagando indenização bilionária
e antecipada aos especuladores norte-americanos.
O motivo da ação judicial são os prejuízos
que os especuladores tiveram com a queda do preço das ações no mercado
financeiro americano, uma decorrência dos ataques à empresa com a operação golpista
Lava Jato. Todos sabem que investimentos em ações são de risco, o investidor
pode ganhar ou perder dinheiro, dependendo da composição do investimento e de
uma série de outras variáveis. Quando um investidor corre riscos extraordinários
com determinada ação, procura compensar isso através de uma rentabilidade
maior. Rentabilidade esta que garante uma “gordura financeira”, em caso de
queda do valor das ações. É assim que o mercado de ações funciona. Imaginem se
os brasileiros que compraram ações da empresa norte-americana de tecnologia
Apple, uma das mais requisitadas no mercado, entrassem com ações na justiça por
prejuízos advindos da queda do preço das ações da empresa.
Segundo as primeiras informações, os
beneficiários da bilionária transação são basicamente seis fundos chamados de
"abutres", fundos especulativos que compram títulos de dívida não
pago ou em quebra, visando ter lucros exorbitantes no médio ou longo prazo. Esses
fundos compram títulos a um preço muito mais baixo do que o seu valor real e
exigem pela via judicial o pagamento total da dívida, o que pode significar a
soma de juros e multas, além do valor principal. Muitos países pobres do
hemisfério sul já foram vítimas dos abutres, que têm como norma ameaçar e fazer
chantagem com ações legais.
Esses fundos montam, na verdade, esquemas
profissionais de extorsão, ou seja, adquirem as ações de determinado título já
prevendo processar o emissor. São fundos picaretas, que não trazem nenhum benefício
para a sociedade e não por acaso são chamados de abutres. Segundo informações
de especialistas, o acordo da Petrobrás é o maior acordo jamais fechado por uma
empresa estrangeira nesse tipo de ação, dentro dos EUA. Existem mais 13 ações
judiciais nos EUA contra a Petrobrás e o acordo abre um precedente contra a
empresa. Obviamente foi um acordo de lesa pátria, contra a Petrobrás e contra
os interesses nacionais. É um acordo que fragiliza a empresa e revela uma
profunda subserviência dos atuais dirigentes da Petrobrás aos investidores
norte-americanos.
Os “abutres” internos devem estar eufóricos
com o acordo, pois apoiam tudo que possa prejudicar a Petrobrás e favorecer os
EUA, sejam empresas ou o governo daquele país. Procuradores, juízes e e agentes públicos trocaram informações
o tempo todo, inclusive alimentando órgãos de espionagem norte-americanos com
informações que, posteriormente, foram usadas contra a Petrobrás. Como uma companhia que foi vítima de ladrões aceita
se submeter a pagar uma indenização bilionária, mesmo antes de haver qualquer
decisão judicial? Mesmo que houvesse decisão da justiça teria que ser
questionada, e teriam que ser esgotadas todas as possibilidades jurídicas e políticas
antes de se assinar um acordo deste tipo, lesivo ao país e à empresa. É que o golpe foi perpetrado, patrocinado, e é
mantido por abutres, internos e externos.
*Economista.
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