enviado pelo jornalista Sérgio Homrich
O Brasil foi o país que mais cresceu e melhorou a distribuição de renda, na última década. A constatação é do economista José Álvaro Cardoso, diretor técnico do Dieese, entidade promotora do debate "Cenários Socioeconômicos e Negociação Coletiva" que reuniu mais de 100 dirigentes sindicais representantes de todas as centrais sindicais e federações de trabalhadores de Santa Catarina, dia 8 de outubro, na Fetiesc, em Itapema. "O Brasil, pela primeira vez em sua história, saiu do mapa da fome da ONU (Organização das Nações Unidas)", reforçou José Álvaro, citando também como indicador positivo a renda mensal dos trabalhadores, que subiu 3,4% acima da inflação em 2013 conforme levantamento do Pnad/IBGE. "Isso representa 35% acima da inflação entre os anos de 2004 e 2013, período em que a renda média mensal dos mais pobres elevou-se em 73%". Na última década, 36 milhões de brasileiros saíram da miséria "graças à valorização do Salário Mínimo e a programas sociais de transferência de renda, como o Bolsa Família", lembra. O Brasil apresenta hoje a menor taxa de desemprego de sua história, tendo o 7º PIB (Produto Interno Bruto) do mundo.
José Álvaro Cardoso adianta que há um processo de
desindustrialização, em curso. "A indústria nacional está patinando, o que
impede o crescimento maior do PIB", afirma. Em termos de conjuntura, José Álvaro
mostra dados de que a produção industrial cresceu 0,7% em julho deste ano, com
"recuo de 3,6% em relação a julho de 2013 e de 1,2% no último ano". No comércio,
entretanto, a situação é diferente: "Nos últimos 12 meses as vendas aumentaram
em 4,3% e a receita, em 10,8%, e a estimativa de crescimento em 2014 é de 4%".
Para José Álvaro, esse aumento "tem a ver com a inclusão de pessoas no mercado
de consumo". Não existe sistema capitalista sem crédito, acrescenta o economista
do Dieese, lembrando que o volume de crédito concedido no país é de 55% – ainda
baixo, mas dobrou nos últimos 10 anos - e que a inadimplência (atraso de até 90
dias no pagamento) é de apenas 3%. "Temos um sistema controlado, nem se compara
aos países ricos, como os Estados Unidos, que viveu uma crise sem precedentes em
2008, porque as famílias deviam mais de 100% da renda mensal", frisa José
Álvaro. Este foi o quinto de uma série de
oito debates promovidos pelo Dieese e previstos para este ano - até o momento já
aconteceram debates em Chapecó, Lages, Criciúma, Blumenau e
Itapema.
Piso
Salarial Estadual
O reajuste do Piso Salarial Estadual reivindicado pelas
centrais sindicais e federações de trabalhadores de Santa Catarina é de 15%,
para entrar em vigor em 1º de janeiro de 2015. O índice foi aprovado logo após o
debate sobre "Cenários Socioeconômicos e Negociação
Coletiva", promovido pelo Dieese. A pauta de reivindicações para
o reajuste do Piso Salarial Estadual será entregue à federação patronal (Fiesc)
antes do dia 23 de outubro, pela comissão de trabalhadores formada por um
representante de cada Central Sindical (CUT, UGT, NCST, CTB e Força Sindical) e
das Federações de cada setor. Pela proposta, a primeira faixa salarial passaria
dos atuais R$ 835,00 para R$ 961,00, a segunda, de R$ 867,00 para R$ 997,00, a
terceira faixa ,de R$ 912,00 para R$ 1.050,00, e a quarta faixa salarial
passaria de R$ 957,00 para R$ 1.100,00.
É consenso entre os dirigentes sindicais presentes ao
evento que o Piso Estadual deva ter a mesma política econômica estabelecida para
o Salário Mínimo Nacional. "Se isso já tivesse acontecido, teríamos triplicado o
poder aquisitivo dos trabalhadores catarinenses", atesta o coordenador Sindical
do Dieese, Ivo Castanheira. Para Castanheira, o baixo crescimento da indústria
deve ser "debitado ao aumento das importações, ou seja, os empresários não
investiram na produção". O movimento sindical reunido na Fetiesc manifestou
apoio à reeleição do projeto de desenvolvimento encabeçado pela presidenta Dilma
Rousseff, porque a outra alternativa representa a flexibilização das leis
trabalhistas. "São dois projetos distintos de governo, temos que unificar os
trabalhadores acima das divergências de ideias", defendeu o presidente da
Fetiesc, Idemar Antônio Martini, "é preferível manter e avançar um pouco mais do
que perder os direitos que já conquistamos", finaliza.
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