Reeleger
Dilma é defender o Brasil e a América Latina da intervenção direta do
imperialismo norte-americano
Trabalhadores e trabalhadoras brasileiros,
Estamos diante da mais grave ameaça à nossa jovem democracia,
desde o final da ditadura civil-militar na década de 80. Como no período que
antecedeu ao Golpe de 1964, podemos observar grandes articulações que, neste
momento, confluem para uma manipulação eleitoral antipopular que busca, com a
candidatura de Aécio Neves, colocar novamente nosso país sob a administração
direta do capitalismo financeiro, mais especificamente do imperialismo
norte-americano.
Os trabalhadores e trabalhadoras de nosso país que, como
Tiradentes, acreditam no direito que temos de decidir os rumos de nossas vidas
livres de ingerências e intervenções estrangeiras, devem estar alertas e
prontos para rechaçar o golpe eleitoral que a direita colocou em execução.
Que ninguém tenha duvida, não se trata apenas de enfrentar
as oligarquias mais atrasadas e reacionárias, que dominam nosso país desde
1500, mas de resistir às ações do imperialismo que efetivamente dirige
diretamente as ações de desestabilização do Brasil.
As eleições presidenciais de 2014 converteram-se no campo de
batalha no qual uniram-se para aplicar
um Golpe Eleitoral os grandes empresários, os banqueiros, a grande imprensa e
outros setores nos quais as agências de espionagem e desestabilização dos
Estados Unidos, como a CIA e a NSA, se infiltram fortemente nos últimos anos.
As ações de espionagem contra o Brasil e mais
especificamente contra a presidenta Dilma e contra a Petrobras, reveladas no
vazamento de documentos da NSA, não eram apenas por concorrência econômica,
como muitos afirmam. Essas ações tinham o objetivo de preparar o terreno para
impedir a manutenção, a nível federal, de um governo de tendências
antineoliberais.
Fez parte dessas ações a ascensão de Marina da Silva à
candidata presidencial, visando impedir uma vitória de Dilma já no primeiro
turno. O respeitado professor e especialista em relações internacionais, Moniz
Bandeira, testemunha direta e viva de diversas manobras da direita, como o
Golpe de 1964, em carta aberta ao presidente do PSB, Roberto Amaral, relata ter
inclusive enviado um alerta a Eduardo Campos, que deveria prevenir-se. Sua
experiência lhe dizia que uma ação desse tipo já era esperada e que Marina
Silva não aceitaria ser apenas vice de Eduardo.
Conforme denunciado pelo professor Theotonio dos Santos,
Marina Silva, que substituiu Campos como candidata do PSB é uma agente direta
do imperialismo, articulada, junto a Fernando Henrique Cardoso, no Diálogo
Interamericano, instituição fundada em 1982 e que, segundo texto em seu site,
reúne “100 ilustres de todo o continente americano, incluindo políticos,
empresários, acadêmicos, jornalistas e outros líderes não-governamentais.” Essa organização existe para atacar as
democracias latino-americana e foi uma das articuladoras dos recentes Golpes de
Estado em Honduras e no Paraguai.
Devido ao rechaço popular às ditaduras que os Estados Unidos
instauraram e mantiveram em toda a América Latina, na segunda metade do século
20, não encontram apoio suficiente, nem na sociedade, nem nas Forças Armadas,
para um novo Golpe Militar. Por isso o imperialismo busca realizar um Golpe
Eleitoral através de três frentes: a guerra econômica, a guerra midiática e
através de intervenções a partir de suas infiltrações na Policial Federal e em
setores do judiciário.
Guerra Econômica
No final do ano passado, a presidenta Dilma, em sua mensagem
de encerramento de ano disse:
“Se alguns setores,
seja porque motivo for, instilarem desconfiança, especialmente desconfiança
injustificada, isso é muito ruim. A guerra psicológica pode inibir
investimentos e retardar iniciativas.”
A guerra psicológica é apenas uma parte de um movimento
maior de guerra econômica que deve ser denunciada. Os economistas Passos,
Cardoso e Brandes do DIEESE em um texto intitulado “A queda dos investimentos
privados na economia brasileira nesse início de 2014” demonstram que uma taxa
negativa de investimento de 2,1% no primeiro trimestre de 2014 significa que os
grandes capitalistas, principalmente os de São Paulo, se abstiveram de
reinvestir o capital acumulado no ciclo anterior.
Sem qualquer compromisso com o país eles transferiram seus
investimentos para os títulos da dívida pública dos Estados Unidos na esperança
de que um baixo crescimento do PIB rendesse manchetes ruins ao governo e o
forçasse a tomar medidas antipopulares em pleno ano eleitoral.
Não podemos nos esquecer também do efeito da falta d'água em
São Paulo, estado governado pelo PSDB de Aécio, que praticamente desacelerou a
construção de novos empreendimentos nos últimos meses.
Outra faceta da aplicação desta Guerra Econômica nestas
eleições é a manipulação do mercado através das bolsas de valores, ao sabor da
conjuntura eleitoral. As repentinas e acentuada queda e recuperações, às vezes
em um mesmo dia, de ações de grandes empresas, inclusive estatais, buscam criar
fatos políticos que favoreçam o candidato do imperialismo, além de operarem uma
transferência de recursos das mãos dos pequenos e médios investidores para os
grandes especuladores.
Um dos responsáveis por esses crimes é o megaespeculador
George Soros, patrão de Armínio Fraga, indicado por Aécio Neves para assumir o
Ministério da Fazenda. George Soros é conhecido por financiar ações de
desestabilização em todo o mundo. Recentemente admitiu, sem o menor pudor, sua
responsabilidade nos eventos que explodiram na Guerra Civil da Ucrânia, que já
vitimou milhares de pessoas, principalmente civis. Soros afirmou em entrevista
recente: "Criei uma fundação na Ucrânia antes de que se independizasse da
Rússia. E a fundação tem operado desde então e jogou um papel importante nos
acontecimentos atuais".
Os interesses dos Estados Unidos estão tão bem representados
em Armínio Fraga, indicado por Aécio, que o ex-secretário do Tesouro americano
Timothy Geithner chegou a indicar o nome de Armínio Fraga ao presidente Barack
Obama para dirigir o FED (Banco Central dos Estados Unidos).
Recentemente, Armínio Fraga criticou a política de aumento
de salário mínimo, que saltou de 86,21, em 2002, quando Lula assumiu seu
primeiro mandato, para 305 dólares em 2014 (valores convertidos do real). Para
ele, os salários devem ser arrochados e o orçamento público, os gastos sociais,
reduzidos.
Todos se lembram do que representou o governo de FHC, no
qual Armínio Fraga era presidente do banco Central, para os níveis de salários,
emprego e de escolaridade de novo povo.
Guerra Midiática
A grande imprensa burguesa, mais destacadamente seu maior
representante, as Organizações Globo, repetem sua atuação nas vésperas do Golpe
de 1964. Martelam o dia inteiro manchetes sobre corrupção e inflação, seguindo
exatamente o mesmo script utilizado para derrubar o Presidente João Goulart.
Dilma é atacada como Jango foi pelas mesmas 9 famílias que detêm os monopólios
de comunicação em nosso país.
Essa imprensa reacionária demonstrou seu poder ao intervirem
diretamente, com coberturas descaradas, sobre os eventos de junho do ano
passado, convertendo os protestos contra o aumento do preço das passagens em
uma nova “Marcha com Deus pela Família e Propriedade” organizada pelas senhoras
ricas contra o governo de Jango 64. Com a constante cobertura e exposição eles
criaram agora o fenômeno dos Black Block, tentando criar um clima de
desestabilização além de introduzirem bandeiras conservadores entre as pessoas
que estavam nas ruas.
Contudo, esses meios privados foram desmoralizados após o fracasso
de sua campanha contra a realização da Copa do Mundo no Brasil, na qual previam
um clima de caos total. A organização e a realização da Copa superou outras
edições realizadas na Europa. De maneira cínica, esses meios passaram a tentar
associar o governo com a derrota no gramado contra a Alemanha.
Ilustrativa pesquisa realizada pelo Laboratório de Estudos
de Mídia e Esfera Pública, formado por pesquisadores da UERJ, divulgado o site
Manchetômetro demonstra claramente o bombardeio contra Dilma, por conta da
desproporcionalidade em matérias negativas.
Essas ações midiáticas, de eficiência limitada entre a
classe trabalhadora, busca deixar a classe média histérica e acaba promovendo
uma onda de ódio racial e social. Fernando Henrique Cardoso, líder maior do
PSDB, claramente atiça esse clima ao
dizer que os eleitores de Dilma são ignorantes, por ela ter vencido no
Nordeste.
As infiltrações no
judiciário e na Polícia Federal
A terceira grande articulação da tentativa de Golpe
Eleitoral em curso envolve setores do poder judiciário que, ao aplicarem uma
política de “dois pesos e duas medidas”, buscam mudar a correlação de forças
entre o PT e o PSDB em nosso país.
O maior escândalo da história recente desse país, não apenas
de corrupção, mas de entreguismo, de traição nacional, foram as privatizações
das grandes empresas brasileiras como a Vale do Rio Doce e a Telebras.
Durante o governo Fernando Henrique, todos que exerceram a
presidência do Banco Central foram envolvidos em escândalos, alguns foram condenados,
mas ninguém foi preso. Gustavo Franco foi responsável pelo PROER que destinou
bilhões para bancos quebrados. Seu sucessor Francisco Lopes ficou famoso por
suas íntimas relações com Cacciolla do Banco Makra, que levaram a um prejuízo
bilionário para os cofres públicos durante a mega desvalorização do real após a
reeleição de FHC. Nomeado em seguida, Armínio Fraga elevou a taxa de juros do
país para 45%, transferindo imediatamente bilhões para os banqueiros.
Enquanto os principais quadros do PT paulista foram presos e
tiveram seus direitos políticos caçados, não podendo concorrer às eleições, o
Mensalão do PSDB, o original, criado em Minas Gerais, durante o governo de
Eduardo Azeredo não foi sequer julgado. Esta foi a origem do valerioduto
tucano, esquema de financiamento irregular de campanhas, criado por Marcos
Valério, ligado aos tucanos.
A anulação, por parte de Gilmar Mendes, juiz carnalmente
vinculado ao PSDB, da decisão unânime do TSE, por 7 a 0, de conceder direito de
resposta ao PT na Revista Veja é apenas mais uma demonstração do compromisso de
setores do judiciário com o retorno das velhas oligarquias ao poder.
Com relação às recentes manchetes contra a Petrobras,
pautadas a partir de seleções do depoimento de dois bandidos que chegaram à
empresa pelas mãos do PSDB, o Conselheiro Nacional do Ministério Público,
professor Luiz Moreira, realizou uma grave denúncia contra a “tentativa de
interferência na disputa eleitoral (…) Há uma engenharia responsável pelo
vazamento que seleciona criteriosamente que partes devem ser divulgadas e o
momento adequado para que o vazamento chame mais atenção e cause mais impacto
nos eleitores (…) Cria-se a sensação de que estamos num vale tudo e que o
sistema de justiça além de imiscuir-se na disputa eleitoral também não tem
compromisso com a ordem jurídica.”
Sem meias palavras, trata-se de uma tentativa de Golpe
Eleitoral que se utiliza de uma cobertura de pseudolegalidade similar à
utilizada no Golpe que removeu Fernando Lugo da presidência do Paraguai.
As intervenções do
imperialismo tem como objetivo impedir o surgimento de um mundo multipolar
Mas, a mais contundente prova das ações de desestabilização
que estão em curso, que não pode deixar nem nos mais incautos tranquilos é a
própria ação do imperialismo pelo mundo. Estamos indo às urnas em meio a
diversas guerras que sangram todos os cantos do planeta.
Quem conhece história e acompanha a intensificação dos conflitos em todo o mundo, não pode deixar de relacionar essas eleições com a conjuntura internacional.
A Crise do Capital e seus desdobramentos, após sua
contundente manifestação em outubro de 2008, voltou a colocar em xeque o mundo
unipolar que surgiu após a Guerra Fria. A perda de influência dos Estados
Unidos acentuou-se em todo o mundo e propiciou o surgimento de diversos blocos
contra-hegemônicos, como a CELAC e os BRICS, que apontam para uma nova
geopolítica e para um mundo multipolar.
Quando Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, os
BRICS, se reuniram, em Fortaleza, com os 33 países latino-americanos e
caribenhos que formam a CELAC, logo após a Copa do Mundo, e adotaram medidas
concretas contra a hegemonia estadunidense, como a criação de um banco
internacional, os Estados Unidos decidiram intensificar suas ações para minar
essa aliança.
A lista de ações desse tipo do Imperialismo é gigantesca.
Somente nos últimos anos, durante o governo Obama, podemos destacar, longe de
citar todos os casos:
Afeganistão:
ocupação militar e desestabilização; América
Latina: Criação da Aliança para o Pacífico para confrontar o Mercosul; Argentina: ação dos fundos abutres e
pressão do Clarin; Barém: repressão
contra os xiitas; Bielorrússia:
manifestações contra Lukashenko; Bolívia:
Bloqueio do avião de Evo Morales; Brasil:
ações fascistas durante junho de 2013; China:
estímulo ao separatismo; Coreia do
Norte: constantes provocações e ameaças militares; Costa do Marfim: golpe de Estado contra o presidente Laurent
Gbagbo; Cuba: bloqueio,
desestabilização, e criação da rede social zunzuneo; Egito: "primavera árabe", condução ao poder e depois
derrubada da Irmandade Muçulmana; Equador:
tentativa de golpe contra Correa; El
Salvador: introdução de armas ilegais que caem nas mãos dos grupos de
extermínio causadores da violência no país; Rússia: grupos terroristas do Cáucaso; Haiti: indicação do presidente Martelly anos após golpe de Estado; Honduras: Golpe de Estado contra
Zelaya; Hong Kong: Occupy central
para atingir a China; Iemen: constantes
ataques de drones; Irã: desestabilização,
assassinato de cientistas e bloqueio; Iraque:
ocupação militar e criação do Estado Islâmico; Líbia: bombardeios, financiamento de mercenário e assassinato de
Gadaffi; Mali: guerra civil após
desestabilização da Líbia; Palestina:
financiamento e armamento do estado racista de Israel; Paquistão: desestabilização e constantes ataques de drones; Paraguai: Golpe de estado contra o
presidente Lugo; Quirguistão:
Insuflação de conflitos étnicos e divisão do país para manterBase Aérea de
Manas; Síria: criação do Estado
Islâmico e guerra civil no país; Somália:
desestabilização através de radicais mercenários; Sudão: separatismo e criação Sudão do Sul para repartir petróleo; Tunísia: "primavera árabe"; Ucrânia: Golpe e chegada ao poder de
grupos nazistas; Uganda e Quênia:
caso "Kony" e militarização da região; Tailândia: Golpe de Estado; União
Europeia: desestabilização do euro; Venezuela:
tentativa de golpes com o não reconhecimento das eleições
Resistir à direita, a
diferença entre os revolucionários e a esquerda eleitoreira
Neste momento um retrocesso tático (processo eleitoral
brasileiro) pode significar um retrocesso estratégico em todo o continente
latino-americano, ao aumentar a pressão do imperialismo que busca destruir os
processos de mudanças e as conquistas obtidas pelos povos das regiões. O sonho
do imperialismo é utilizar nosso país
como plataforma de agressão contra os nossos vizinhos.
Não existe porque hesitar em defender a candidatura de Dilma
Roussef à reeleição como presidenta do Brasil. Isolar o setor mais reacionário
das oligarquias, impedindo-os de chegarem ao governo é a batalha dos próximos
dias.
Além da postura altiva em defesa da soberania nacional
frente às agressões imperialistas, o governo Dilma manteve no plano interno,
mesmo com limitações visíveis, a defesa do emprego, a valorização do salário
mínimo e a elevação dos investimentos em educação (o acesso ao ensino superior
dobrou em 12 anos) e saúde (Mais Médicos), entre outras medidas. Sabe-se que,
por mais importantes que sejam, essas medidas não resolveram problemas
estruturais, mas contra isso se insuflam as oligarquias reacionárias, como em
1964. Ontem, como hoje, não aceitam
nenhuma reforma que altere sua lógica de acumulação.
Os oportunistas eleitoreiros que vivem em torno das
eleições, mas que agora chamam o voto nulo mentem para o povo dizendo não haver
diferenças entre Aécio e Dilma. Não tem senso de ridículo ao contrariarem a
visão de todos os dirigentes dos países latino-americanas que passaram por
processos revolucionários, e que torcem pela reeleição de Dilma. É uma
demonstração cabal da falta de capacidade teórica e de análise geopolítica de
certos setores da esquerda brasieleira que nunca entenderam porque sofremos a
derrota do Golpe de 1964.
Como disse Simon Bolívar, Libertador da América Latina, “Os Estados Unidos parecem destinados pela providência a infestar a América com misérias em nome da Liberdade”. Caberá ao povo brasileiro e às suas lideranças consequentes frustrarem os planos daqueles que querem destruir o Brasil, pátria mãe de nossos filhos.
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