segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Crescimento da economia: do pibão ao pibinho


Houve, no início de 2011, uma decisão do Governo de desacelerar o ritmo de crescimento. A economia havia crescido 7,5% no último ano do Governo Lula. De fato, era necessário fazer um “pouso leve”, ou seja, reduzir a velocidade para algo entre 4,5 e 5%. Com um crescimento menor, estariam arrefecidas as pressões inflacionárias, o consumo das famílias passaria a aumentar a uma taxa menor e o investimento, a uma taxa maior.
Visando desacelerar a economia, o Banco Central elevou por cinco reuniões consecutivas, de janeiro a julho, a taxa de juros Selic, que saltou de 10,5% para 12,5% ao ano. Adotou, também, medidas macro prudenciais para reduzir o ritmo de ampliação do crédito. O Tesouro reduziu o valor dos aportes ao BNDES para 2011. Em fevereiro, o Governo havia anunciado um corte de R$ 50 bilhões em gastos previstos para o ano. Posteriormente, elevou a meta de superávit primário em R$ 10 bilhões, que saiu de R$ 117,9 bi para R$ 127,9 bi. Além disso, a valorização cambial – decorrente do ambiente de austeridade – inibia ainda mais a indústria, que tem se “arrastado” há meses.
O primeiro semestre do ano foi, portanto, marcado por políticas restritivas de cunho fiscal, monetário e creditício – com efeitos cambiais perversos. Economia não é ciência exata, mas o aperto parecia excessivo: o freio de mão foi puxado com muita força. Efeitos contracionistas se prolongariam pelo segundo semestre de 2011 e vão se espalhar ainda pelo primeiro semestre de 2012. Azar: durante o mês de setembro, o cenário financeiro europeu se deteriorou e contaminou com expectativas negativas o cenário brasileiro de frenagem brusca. O Brasil está sendo atingido pela crise e pelo freio de mão do Governo.
Do pibão de 7,5%, de janeiro a dezembro de 2010, a economia fez um PIB de 3,7%, de outubro de 2010 a setembro de 2011. Mas, caminha para um pibinho em torno de 3% ao final do ano. Esse será um resultado medíocre que possui uma trajetória preocupante. O PIB do terceiro trimestre, em relação ao trimestre anterior, foi nulo. Nessa mesma base de comparação, a indústria de transformação teve queda de 1,4% e o comércio, de 1%. Os resultados do terceiro trimestre decorrem, quase que exclusivamente, das políticas econômicas contracionistas adotadas no primeiro semestre. Os efeitos da crise internacional aparecerão no PIB do quarto trimestre, que será divulgado em março de 2012 pelo IBGE.
O crescimento do PIB de 2011 será muito parecido com o crescimento de 2002, último ano do Governo FHC, e muito diferente das taxas da era Lula 2 (de 2006 a 2010), quando a economia crescia, em média por ano, 4,5%. O Governo tem medo da volta ao passado. Busca reagir. Teme uma trajetória de pibinhos. Repetir em 2012 o crescimento do PIB de 2011 representará, em termos econômicos, uma descontinuidade em relação à era Lula.
Para reagir, desde o final de agosto, o Banco Central iniciou um processo de redução da taxa de juros Selic. Recentemente, o Governo adotou medidas de isenções tributárias para a linha branca e fez um alívio irrisório no custo do crédito ao consumo. A Caixa disponibilizou recursos para fins de crédito pessoal. Foi dado também um diminuto incentivo fiscal para a construção de casas populares. O Plano Brasil Maior, um plano excelente, lançado em agosto pela presidente Dilma, tem o mesmo caráter: desonerar e reduzir juros para a atividade empresarial.
Essas medidas, contudo, parecem ter pouca potência diante do tamanho da crise internacional e da desaceleração da economia brasileira, que está em curso. O Governo ainda está tímido. Provavelmente, porque aposta muitas fichas no vigor do aumento do salário mínimo, de mais de 14%, que vai valer a partir de 1º de janeiro. Vamos esperar e conferir.

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