segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

O petróleo continua a ser um negócio das Arábias

aramco
A imprensa brasileira, em geral, está “comendo mosca”.
Muito preocupada em dizer que a crise da Petrobras é fruto das roídas dos ratos que por lá andaram, minimizando os efeitos da estúpida crise mundial do petróleo, pouco ou nada falou do que a revista The Economist publicou, indagando se será “A venda do Século”.
A Aramco, companhia estatal que controla a produção de petróleo na Arábia Saudita  cogita vender uma parte não especificada de seu capital, hoje totalmente sob controle do Governo.
A empresa (que nasceu com o nome de California-Arabian Standard Oil, vejam só…)  pode fazer de volta o caminho que percorreu desde que, nos anos 70, começou a ser progressivamente assumida pelo estado saudita, na década seguinte.
Tem 261 bilhões de barris em reservas e extrai, por dia, mais que toda a América Latina, incluídos aí Venezuela e Equador, dois megaprodutores e exportadores de óleo: 11 milhões de barris.
Há pouca informação, mas parece evidente que o rebaixamento do preço do petróleo a níveis absurdamente artificiais apertou os sauditas a um ponto em que já não podem suportar, quando a política do país foi recusar a posição de outros integrantes da Opep para reduzir a produção e impedir parte da queda.
“Tudo está sobre a mesa. Estamos dispostos a considerar opções que não estavam dispostos a chegar em nossas cabeças em torno no passado “, diz um funcionário da Aramco à The Economist.
Os nossos amigos “economistas-contadores”, que só enxergam contas e planilhas bem que poderiam explicar porque é que, segundo a  consultoria Rystad Energy, citada pela revista, os EUA conseguem  sustentar a viabilidade de sua indústria de petróleo – especialmente a do “shale oil” extraindo a um custo duas vezes superior ao preço de venda até por de joelhos os sauditas, que ainda retiram o barril por metade do valor oferecido pelo mercado.
(Aliás, num parêntesis, a um custo bem semelhante ao do pré-sal brasileiro).
A resposta que eles não podem dar é a de que petróleo é política.
Não é uma simples gosma viscosa e fedorenta, é  parte inseparável de qualquer projeto de soberania nacional.
Até lá na Arábia Saudita, onde transformou alguns chefes tribais seminômades, em menos de meio século, no mais poderoso país da região.
E ninguém ache que, como o petróleo tendo virado, como dizem, “uma porcaria”, cujo litro vale menos que uma copinho de água mineral (R$ 0,80, à cotação de hoje), não vão correr para comprar, a preço de banana, a Saudi Aramco.
E fazer a sigla que deu nome à empresa  voltar a ter o sentido original, não necessariamente na mesma ordem: Arab American Oil Company.

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