A Petrobras vendeu a sua
participação de 66% no campo Carcará, no pré-sal na Bacia de Santos, à
petroleira estatal norueguesa Statoil, por US$ 2,5 bilhões. O jornalista Fernando Brito, do blog Tijolaço, havia
feito uma conta básica, que, com uma modesta estimativa de lucro de 5 dólares
por barril, o montante de lucro em Carcará chegaria a mais de US$ 10 bilhões de
dólares. É uma conta conservadora, corretamente feita por baixo, como deve ser
esse tipo de estimativa. Pelo câmbio atual seriam cerca de R$ 21,5 bilhões de
lucro já que a Petrobrás detinha dois terços da área. O campo foi vendido por apenas
R$ 8,5 bilhões, metade a vista e metade dependente de processos de unitização (acordo
feito entre concessionárias de diferentes áreas, quando há casos em que as
reservas de dois ou mais blocos são ligadas).
Mas o baixo preço de venda é problema secundário, a questão é a venda em
si. Ao invés do lucro do investimento permanecer com uma estatal nacional, com
a venda se transfere a oportunidade do mesmo a uma multinacional, que depois
irá remeter estes lucros para o país de origem, pressionando o balanço de
pagamentos do Brasil. Além, é claro, de exportar um recurso natural esgotável, com
forte tendência a aumentar de preço nos próximos anos, e que responde ainda por
90% da energia que move a economia mundial. Carcará, e todos os recursos do pré-sal
são frutos de décadas de altos investimentos em pesquisa, mapeamento das
reservas, perfuração de poços pioneiros. Todos esses gastos foram bancados pela
Petrobrás com recursos públicos e com o lucro obtido pelo próprio negócio.
A estimativa da Petrobrás, é que
Carcará tem, no mínimo, 2,1 bilhões de barris de óleo recuperável, ou seja,
óleo que pode ser extraído (os poços do pré-sal garantem, em média, 88% de óleo
recuperável sobre o total existente nas reservas, número que é de 75% na Arábia
Saudita, 65% na Rússia e 55% nos EUA). No entanto, segundo o geólogo Luciano
Seixas Chagas, coordenador do grupo de assuntos de petróleo da Federação
Brasileira de Geólogos, as reservas de Carcará podem alcançar 6 bilhões de
barris recuperáveis, superando os montantes estimados inicialmente pela
Petrobrás.
Em seu site a empresa que adquiriu Carcará festejou o negócio: “Por meio
dessa aquisição, nós estamos tendo acesso a um ativo de primeira classe e
fortalecendo nossa posição no Brasil, uma das áreas consideradas chave para a
Statoil devido ao grande volume de recursos e à sintonia perfeita com nossas
tecnologias e nossa capacidade de execução. O campo de Carcará irá aumentar
significativamente os volumes produzidos internacionalmente pela Statoil a
partir da década de 2020”. Os golpistas têm pressa em entregar os estimados 300
bilhões de barris de petróleo (70 bilhões já comprovados), contidos nos campos
do pré-sal.
Mesmo para quem acompanha com alguma atenção os detalhes do jogo estratégico
do petróleo (possivelmente a motivação primeira do golpe), não deixa de ser
impressionante a voracidade com que a nova direção da Petrobrás está se
desfazendo do patrimônio da empresa. O Conselho de Administração da Petrobrás
já anunciou, por exemplo, que ainda neste mês de setembro, deverá aprovar a
venda de 90% da sua maior e mais lucrativa malha de gás, a Nova Transportadora
do Sudeste (NTS), subsidiária que responde pelo escoamento de 70% do gás
natural do país.
Economista.
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