"Estamos,
portanto, diante da liquidação do maior patrimônio nacional. O desmonte da
Petrobras será o desmonte do país. Os petroleiros têm travado imensas batalhas
para impedir que esse crime se consolide. Essa, no entanto, é uma luta que não
venceremos sozinhos. Ou a sociedade se levanta contra a entrega da Petrobras e
do pré-sal ou o Brasil perderá de vez o seu futuro" (nota da Federação
Única dos Petroleiros, 23.09)
O novo Plano de Negócios e Gestão
2017-2021 da Petrobrás prevê redução dos investimentos da empresa para os
próximos cinco anos. O valor previsto para os investimentos no novo Plano, US$
74,1 bilhões, ainda é um dos elevados entre as petroleiras em todo o mundo, se
não for o maior. Porém representa uma redução de 25% em relação ao plano
anunciado anteriormente (período de 2015 a 2019), que projetava investimentos
de US$ 98,4 bilhões. Na administração de Aldemir Bendine, por exemplo, o plano
para o período 2014-2018 era estimado em cerca de US$ 220 bilhões, valor que
reduziu para cerca de US$ 130 bilhões no período 2015-2019.
A pressa dos golpistas em desmontar a
Petrobrás, é reveladora do que está por trás do golpe. A nova direção da
empresa já vendeu a sua participação de 66% no
campo Carcará, no pré-sal na Bacia de Santos, à petroleira estatal norueguesa
Statoil, por US$ 2,5 bilhões, com bilhões de prejuízo (Ver o artigo “Os
golpistas têm pressa”). Já foi anunciado pelo Conselho de Administração
da Petrobrás que ainda neste mês de setembro, deverá aprovar a venda de 90% da
sua maior e mais lucrativa malha de gás, a Nova Transportadora do Sudeste
(NTS), subsidiária que responde pelo escoamento de 70% do gás natural do país. O
gás natural, como alertam os petroleiros, além de ser usado no consumo
doméstico, é utilizado pela indústria e está cada vez mais presente na matriz
energética brasileira, via as termelétricas. Segundo a FUP, a venda da NTS significa
colocar a população brasileira à mercê dos preços que os novos proprietários definirão.
Como os petroleiros têm denunciado, o desmonte planejado e deliberado da
Petrobrás compromete a ideia de uma empresa integrada de energia, como tem que ser.
Uma coisa é certa. Só é possível
entender esse tipo de decisão irresponsável e contra os interesses do país, se
compreendermos que a venda dos ativos públicos brasileiros, especialmente o
petróleo, significa o golpe dentro do golpe. Enquanto o movimento social e
sindical tenta se defender dos inúmeros e impressionantes ataques aos direitos
sociais e trabalhistas, os golpistas vão preparando as condições para entregar
o patrimônio público brasileiro na “bacia das almas”. Como se sabe o golpe tem
dois eixos principais: destruição de direitos sociais e trabalhistas e a
privatização dos ativos públicos, incluindo a Petrobrás e o próprio Aquífero
Guarani, maior reserva subterrânea de água doce do mundo.
Este é o verdadeiro crime contra os
brasileiros: entregar patrimônio público estratégico, à preço de banana, para
atender as ambições imperialistas. Se as privatizações se consumarem, incluindo
a riqueza do pré-sal; se for implodido o sistema da Previdência Social hoje, da
forma como pretendem, apressadamente e por razões que não podem confessar (para
levar ainda mais dinheiro para os bolsos dos banqueiros) e se PEC 241 for
aprovada, é grande o risco de desagregação social, com consequências
imprevisíveis. A essência e a lógica do golpe - fazer a população engolir em
seco um conjunto de propostas que beneficia menos de 1% da população e entregar
as riquezas da nação – fere profundamente a soberania e compromete o futuro do
país.
*Economista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário