domingo, 25 de setembro de 2016

Não é petróleo, é o futuro da nação que corre perigo.




"Estamos, portanto, diante da liquidação do maior patrimônio nacional. O desmonte da Petrobras será o desmonte do país. Os petroleiros têm travado imensas batalhas para impedir que esse crime se consolide. Essa, no entanto, é uma luta que não venceremos sozinhos. Ou a sociedade se levanta contra a entrega da Petrobras e do pré-sal ou o Brasil perderá de vez o seu futuro" (nota da Federação Única dos Petroleiros, 23.09)
        O novo Plano de Negócios e Gestão 2017-2021 da Petrobrás prevê redução dos investimentos da empresa para os próximos cinco anos. O valor previsto para os investimentos no novo Plano, US$ 74,1 bilhões, ainda é um dos elevados entre as petroleiras em todo o mundo, se não for o maior. Porém representa uma redução de 25% em relação ao plano anunciado anteriormente (período de 2015 a 2019), que projetava investimentos de US$ 98,4 bilhões. Na administração de Aldemir Bendine, por exemplo, o plano para o período 2014-2018 era estimado em cerca de US$ 220 bilhões, valor que reduziu para cerca de US$ 130 bilhões no período 2015-2019.
        A pressa dos golpistas em desmontar a Petrobrás, é reveladora do que está por trás do golpe. A nova direção da empresa já vendeu a sua participação de 66% no campo Carcará, no pré-sal na Bacia de Santos, à petroleira estatal norueguesa Statoil, por US$ 2,5 bilhões, com bilhões de prejuízo (Ver o artigo “Os golpistas têm pressa”). Já foi anunciado pelo Conselho de Administração da Petrobrás que ainda neste mês de setembro, deverá aprovar a venda de 90% da sua maior e mais lucrativa malha de gás, a Nova Transportadora do Sudeste (NTS), subsidiária que responde pelo escoamento de 70% do gás natural do país. O gás natural, como alertam os petroleiros, além de ser usado no consumo doméstico, é utilizado pela indústria e está cada vez mais presente na matriz energética brasileira, via as termelétricas. Segundo a FUP, a venda da NTS significa colocar a população brasileira à mercê dos preços que os novos proprietários definirão. Como os petroleiros têm denunciado, o desmonte planejado e deliberado da Petrobrás compromete a ideia de uma empresa integrada de energia, como tem que ser.
        Uma coisa é certa. Só é possível entender esse tipo de decisão irresponsável e contra os interesses do país, se compreendermos que a venda dos ativos públicos brasileiros, especialmente o petróleo, significa o golpe dentro do golpe. Enquanto o movimento social e sindical tenta se defender dos inúmeros e impressionantes ataques aos direitos sociais e trabalhistas, os golpistas vão preparando as condições para entregar o patrimônio público brasileiro na “bacia das almas”. Como se sabe o golpe tem dois eixos principais: destruição de direitos sociais e trabalhistas e a privatização dos ativos públicos, incluindo a Petrobrás e o próprio Aquífero Guarani, maior reserva subterrânea de água doce do mundo.
        Este é o verdadeiro crime contra os brasileiros: entregar patrimônio público estratégico, à preço de banana, para atender as ambições imperialistas. Se as privatizações se consumarem, incluindo a riqueza do pré-sal; se for implodido o sistema da Previdência Social hoje, da forma como pretendem, apressadamente e por razões que não podem confessar (para levar ainda mais dinheiro para os bolsos dos banqueiros) e se PEC 241 for aprovada, é grande o risco de desagregação social, com consequências imprevisíveis. A essência e a lógica do golpe - fazer a população engolir em seco um conjunto de propostas que beneficia menos de 1% da população e entregar as riquezas da nação – fere profundamente a soberania e compromete o futuro do país.
                                                                           *Economista.

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