terça-feira, 1 de novembro de 2011

Produção industrial registra forte queda em setembro, segundo IBGE

Resultados
  • Segundo o IBGE, a produção física da indústria em setembro se situou em nível 1,6% inferior ao registrado no mesmo mês de 2010 – o que representou queda de 2,0% em relação a agosto, descontada a sazonalidade. Estes resultados ficaram bastante abaixo das expectativas da LCA (+0,0% YoY e -0,6% MoM) e do mercado (-1,0% YoY e -1,2% MoM, segundo coleta da Bloomberg). Vale destacar que houve revisão do resultado de agosto, tanto na comparação interanual (de +1,8% para +2,0%), como na variação marginal dessazonalizada (-0,2% para -0,1%).
  • Com exceção da categoria de bens intermediários, que registrou estabilidade na comparação marginal (sempre com ajuste sazonal), todas as demais categorias ficaram no vermelho nesta leitura de setembro. O destaque negativo ficou uma vez mais para a produção de bens de consumo duráveis, que recuou 9,0%. No mesmo sentido, a produção de bens capital caiu 5,5%, ao passo que a de semiduráveis registrou queda de 1,3%.
  • Em linha com a queda da produção física da indústria geral, o índice de difusão – proporção dos ramos de atividade que registraram expansão no mês, na série dessazonalizada – registrou forte queda entre agosto (55,6%) e setembro (40,7%), situando-se abaixo da média histórica de 54,6% (1991-2010). Esta queda da difusão indica que a desaceleração foi bastante espraiada entre os diferentes setores industriais.
  • Desse modo, no 3º trimestre de 2011 a produção da indústria geral registrou queda de 0,8% sobre o 2º trimestre, permanecendo estável (0,0%) em relação ao 3º trimestre de 2010. No acumulado do ano, a produção apresentou alta de apenas 1,1% em relação ao mesmo período do ano passado. Dentre as categorias de uso, o pior desempenho no 3T11 (na comparação com o 2T11, com ajuste sazonal) coube à produção de bens duráveis (-2,2%), seguido pelos bens intermediários (-1,1%). As indústrias de bens de capital e bens semiduráveis registraram desempenho positivo nesta comparação, mas ainda assim bastante modesto (+0,6% e +0,1%, respectivamente).
  • Segundo estimativas da LCA, o consumo aparente de bens industriais encolheu 1,5% MoM em setembro – resultado da queda das exportações (-8,2%) mais forte do que das importações (-1,5%). Essa medida de consumo aparente engloba tanto a variação da demanda final por bens industriais (consumo e investimento) como da variação de estoques (na indústria e no comércio).
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§  Perspectivas
  • Os indicadores prospectivos da FGV divulgados ontem reforçam a expectativa de que a indústria manterá ritmo modesto de crescimento no último trimestre do ano. O índice de confiança do empresariado industrial registrou a décima queda consecutiva, passando de 101,1 em setembro para 100,7 na série dessazonalizada – nível próximo da linha divisória entre otimismo e pessimismo. Foi também o menor patamar desde agosto de 2009 (100,2 pontos). Já o nível de utilização da capacidade instalada (NUCI) registrou ligeira queda, passando de 83,6% em setembro para 83,5% em outubro. Por fim, o percentual de empresas industriais relatando estoques excessivos continuou bastante acima daquelas reportando estoques insuficientes – o que denota que, a despeito da forte retração da produção, a demanda final deve ter encolhido num ritmo semelhante, mantendo os estoques indesejados em níveis elevados.
  • No mesmo sentido, os indicadores de expectativa aferidos pela CNI apontaram menor otimismo dos empresários em relação ao futuro próximo. Os componentes de perspectiva de demanda e emprego para os próximos seis meses (da Sondagem Industrial) continuaram em trajetória de queda na leitura de outubro, ao passo que o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) recuou para o menor patamar desde o início de 2009.
  • Outro indicador de “pulso” da atividade industrial, o Índice de Gerentes de Compras do setor fabril (PMI Manufacturing), a despeito de ter avançado de 45,5 em setembro para 46,5 em outubro, se manteve pelo quinto mês consecutivo em nível bastante abaixo dos 50 pontos, linha divisória entre expansão e retração.
  • Em suma, estes são indícios que reiteram a percepção de que o setor fabril continuará apresentando ritmo fraco de crescimento nos próximos meses. Um modelo econométrico elaborado pela LCA para prever a PIM a partir dos dados do PMI Manufacturing (além de outros, como ONS, Fenabrave e MDIC) sugere que a produção industrial deve ter registrado queda interanual de 1,5% em outubro, o que, descontada a sazonalidade, representa estabilidade em relação a esta última leitura.
  • Com efeito, revisaremos nossa projeção de crescimento da produção industrial em 2011 para algo próximo de 1% (atualmente em +1,4%). Nossa estimativa para o desempenho do PIB no 3T11 também será rebaixada de +2,5% YoY e 0,0% QoQ para 2,1% YoY e -0,2% QoQ. Tais revisões, portanto, colocam também sob viés de baixa nossa perspectiva para o crescimento em 2011 (atualmente em 3,0%) e 2012 (por conta de um carry-over menor).
  • Esses números também indicam que a projeção de mercado para a atividade econômica brasileira ainda parece demasiadamente otimista. Segundo o último relatório Focus, a expectativa mediana aponta para uma alta do PIB em torno de 3,0% YoY no 3T11, o que corresponde a um crescimento dessazonalizado de 0,7% QoQ. Desse modo, acreditamos que o mercado continuará revisando para baixo a expectativa para o PIB nas próximas semanas.                             

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