segunda-feira, 23 de maio de 2011

Estudo põe trabalhador brasileiro em vantagem sobre EUA

segunda-feira, 23 de maio de 2011



  Estudo põe trabalhador brasileiro em vantagem sobre EUA


Um estudo realizado em parceria entre a Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp) e a Universidade Federal da Bahia (UFBA) abrangendo
70% dos trabalhadores formais urbanos do Brasil (55 milhões de pessoas)
e dos Estados Unidos (116 milhões) causou surpresa, entre os próprios
pesquisadores, ao atestar que, no Brasil, os assalariados têm mais
proteção social e os empregos gerados têm sido de melhor qualidade do
que nos Estados Unidos - mesmo antes da eclosão da crise financeira
mundial, em 2008.

No ensaio "Os sentidos das precariedades em dois mercados nacionais de
trabalho: Brasil e Estados Unidos", os pesquisadores Claudio Salvadori
Dedecca e Wilson Menezes, professores, respectivamente, da Unicamp e da
UFBA, levam em consideração dados oficiais dos países e fatores como
remuneração, desigualdade da massa salarial e perfil do contrato de
trabalho, de acordo com a segurança oferecida ao trabalhador.

De acordo com os pesquisadores, os resultados contestam teses que
relacionam melhorias na remuneração média e na proteção social dos
assalariados com menos regulação nos contratos de trabalho.

Segundo o estudo, enquanto houve, na última década, no Brasil, expansão
na absorção de trabalhadores pelo mercado formal - com mais proteção
social -, com aumento real na média de salários (13% entre 2001 e 2009),
nos Estados Unidos ocorreu fenômeno inverso: a ampliação de vagas ocorre
principalmente em áreas de remuneração mais baixa, como em grandes redes
varejistas, e é seguida por constante diminuição na proteção social.
Além disso, não resulta em aumento salarial médio real (3% entre 2001 e
2009).

Hoje, mostra a pesquisa, o trabalhador norte-americano não conta com
diversos direitos legais com os quais os empregadores brasileiros têm de
arcar, como férias e feriados remunerados, pagamento de horas extras e
licença-maternidade.

"Os resultados apontam para uma redução das precariedades dos contratos
de trabalho no mercado brasileiro, (...) situação que não encontra
sinalização para o mercado de trabalho americano", conclui o estudo. "A
constatação não confirma a tese que associa um menor desemprego e maior
proteção a uma menor regulação dos contratos de trabalho,
independentemente da efetividade das matrizes institucionais."

O levantamento integra um projeto maior, que inclui pesquisadores e
universidades da Europa e dos Estados Unidos. A próxima etapa será
comparar as realidades dos mercados de trabalho brasileiro e
norte-americano com o mexicano.

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