Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:
O mundo não se divide entre os que gostam ou não gostam de Lula ou de Temer, e sim entre os que trabalham ou não pelo Brasil, quando o país precisa.
Não foi só com esta frase, aqui fora de aspas, que Henrique Meirelles tratou ontem, ao ser crismado candidato pelo MDB, de descolar-se de Temer e de tentar se aproximar do eleitorado lulista.
Lembrou mais de uma vez que presidiu o Banco Central nos oito anos do governo Lula, uma forma de declarar-se corresponsável pelo que houve de bom naquele tempo.
Mas foi nos jingles de campanha que o esforço foi escancarado. O PT tudo anotou e não chiou: acha que Meirelles não tira voto de ninguém e que, falando bem dos anos Lula, ajudará o candidato do PT.
Um dos jingles tocados na convenção gira em torno do mote “chama, chama, chama o Meirelles, que ele tem a solução”, intercalado por dísticos em rimas pobres mas sintomáticas.
“Quando se quer a esperança de volta, chama o Meirelles que ela bate à sua porta”.
A “esperança de volta” ecoa um dos motes da campanha de Lula, “para o Brasil ser feliz de novo”.
Em outro, o candidato da continuidade admite em versos a necessidade de mudança.
“Tem honestidade e coragem, e tem pulso para mudar a direção”.
O candidato do governo pode rasgar dinheiro, mas não comete a estupidez de insistir na continuidade sem acenar com mudanças. Segundo a última pesquisa Datafolha, 82% dos brasileiros rejeitam Temer, 92% não votariam em candidato por ele indicado e 72% acham que com ele a vida piorou.
Rico, Meirelles dispõe-se a gastar até R$ 70 milhões (limite legal para o gasto numa campanha presidencial) para realizar um sonho.
Entrou na disputa sabendo que seu investimento será a fundo perdido.
Mesmo tendo apenas 1% nas pesquisas, sua candidatura foi aprovada por 85% dos convencionais do MDB. Ele sabe que isso não significa que o partido vai suar a camisa para lhe conseguir votos.
O que vimos ontem, na convenção, foi a assinatura pública de um contrato de mútuo.
O MDB lhe deu a legenda para que ele persiga o sonho.
Meirelles, assumindo os custos com sua campanha, deixará ao partido a totalidade de seus R$ 240 milhões do Fundo Eleitoral para investir na eleição de governadores, deputados e senadores.
O MDB sempre viveu de vender apoio, mas este ano, com a impopularidade de Temer, candidatos de outros partidos não o quiseram como aliado.
Alguns protestaram em vão, como Renan Calheiros e Roberto Requião, mas prevaleceu o casamento de conveniência. Que não foi o único da temporada, é claro.
Acenos a Ciro
PT e PSB agora administram as reações ao acordo firmado.
O recurso de Marília Arraes e apoiadores pernambucanos contra o sacrifício da candidatura dela deve ser hoje examinado e negado pelo Diretório Nacional.
O PSB também baixará o tacão em Minas, enquadrando Márcio Lacerda, que insiste na candidatura desautorizada.
Como tem dito o líder Júlio, foi ele que inviabilizou o acordo com o PDT, negando-se a ser vice de Ciro Gomes.
O esperneio bilateral era esperado, assim como a reação de Ciro Gomes, que se sente apunhalado pelo PT, que lhe tirou a última possibilidade de aliança.
Alguns petistas já lhe fazem acenos pacificadores, como o vice-presidente Márcio Macedo, quando diz:
“O acordo com o PSB não foi uma ação contra Ciro e sua candidatura, que sempre respeitamos. Embora passe por acordos eleitorais nos estados, o entendimento com o PSB foi ditado pela prioridade nacional. Ele restabeleceu a chance de unidade da esquerda, para vencermos a eleição e revertermos os retrocessos trazidos pelo golpe. Queremos continuar dialogando com o PC do B, com o PDT e com Ciro”.
Há 15 dias, o PT chegou a oferecer a vice de Lula a Ciro, mas a oferta foi considerada tardia.
A evolução do quadro nas próximas semanas, dizem alguns petistas, poderá permitir o reexame desta hipótese. Não antes, certamente, da decisão sobre a inelegibilidade de Lula.
O mundo não se divide entre os que gostam ou não gostam de Lula ou de Temer, e sim entre os que trabalham ou não pelo Brasil, quando o país precisa.
Não foi só com esta frase, aqui fora de aspas, que Henrique Meirelles tratou ontem, ao ser crismado candidato pelo MDB, de descolar-se de Temer e de tentar se aproximar do eleitorado lulista.
Lembrou mais de uma vez que presidiu o Banco Central nos oito anos do governo Lula, uma forma de declarar-se corresponsável pelo que houve de bom naquele tempo.
Mas foi nos jingles de campanha que o esforço foi escancarado. O PT tudo anotou e não chiou: acha que Meirelles não tira voto de ninguém e que, falando bem dos anos Lula, ajudará o candidato do PT.
Um dos jingles tocados na convenção gira em torno do mote “chama, chama, chama o Meirelles, que ele tem a solução”, intercalado por dísticos em rimas pobres mas sintomáticas.
“Quando se quer a esperança de volta, chama o Meirelles que ela bate à sua porta”.
A “esperança de volta” ecoa um dos motes da campanha de Lula, “para o Brasil ser feliz de novo”.
Em outro, o candidato da continuidade admite em versos a necessidade de mudança.
“Tem honestidade e coragem, e tem pulso para mudar a direção”.
O candidato do governo pode rasgar dinheiro, mas não comete a estupidez de insistir na continuidade sem acenar com mudanças. Segundo a última pesquisa Datafolha, 82% dos brasileiros rejeitam Temer, 92% não votariam em candidato por ele indicado e 72% acham que com ele a vida piorou.
Rico, Meirelles dispõe-se a gastar até R$ 70 milhões (limite legal para o gasto numa campanha presidencial) para realizar um sonho.
Entrou na disputa sabendo que seu investimento será a fundo perdido.
Mesmo tendo apenas 1% nas pesquisas, sua candidatura foi aprovada por 85% dos convencionais do MDB. Ele sabe que isso não significa que o partido vai suar a camisa para lhe conseguir votos.
O que vimos ontem, na convenção, foi a assinatura pública de um contrato de mútuo.
O MDB lhe deu a legenda para que ele persiga o sonho.
Meirelles, assumindo os custos com sua campanha, deixará ao partido a totalidade de seus R$ 240 milhões do Fundo Eleitoral para investir na eleição de governadores, deputados e senadores.
O MDB sempre viveu de vender apoio, mas este ano, com a impopularidade de Temer, candidatos de outros partidos não o quiseram como aliado.
Alguns protestaram em vão, como Renan Calheiros e Roberto Requião, mas prevaleceu o casamento de conveniência. Que não foi o único da temporada, é claro.
Acenos a Ciro
PT e PSB agora administram as reações ao acordo firmado.
O recurso de Marília Arraes e apoiadores pernambucanos contra o sacrifício da candidatura dela deve ser hoje examinado e negado pelo Diretório Nacional.
O PSB também baixará o tacão em Minas, enquadrando Márcio Lacerda, que insiste na candidatura desautorizada.
Como tem dito o líder Júlio, foi ele que inviabilizou o acordo com o PDT, negando-se a ser vice de Ciro Gomes.
O esperneio bilateral era esperado, assim como a reação de Ciro Gomes, que se sente apunhalado pelo PT, que lhe tirou a última possibilidade de aliança.
Alguns petistas já lhe fazem acenos pacificadores, como o vice-presidente Márcio Macedo, quando diz:
“O acordo com o PSB não foi uma ação contra Ciro e sua candidatura, que sempre respeitamos. Embora passe por acordos eleitorais nos estados, o entendimento com o PSB foi ditado pela prioridade nacional. Ele restabeleceu a chance de unidade da esquerda, para vencermos a eleição e revertermos os retrocessos trazidos pelo golpe. Queremos continuar dialogando com o PC do B, com o PDT e com Ciro”.
Há 15 dias, o PT chegou a oferecer a vice de Lula a Ciro, mas a oferta foi considerada tardia.
A evolução do quadro nas próximas semanas, dizem alguns petistas, poderá permitir o reexame desta hipótese. Não antes, certamente, da decisão sobre a inelegibilidade de Lula.
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