quarta-feira, 22 de agosto de 2018

A tragédia da reforma trabalhista

Por Ana Luíza Matos de Oliveira, no site da Fundação Perseu Abramo. Retirado do blog do Miro.

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) revelam: a taxa de subutilização da força de trabalho, conceito que agrega os trabalhadores desocupados, os subocupados por insuficiência de horas (trabalham menos de 40 horas semanais e gostariam de trabalhar mais) e a força de trabalho potencial, foi de 24,6% no segundo trimestre de 2018. Em números absolutos, isso significa 27,6 milhões de pessoas na subutilização e 1,3 milhão de pessoas a mais nessa estatística desde o segundo trimestre de 2017.

Batendo recordes históricos, o número de desalentados (aqueles que desistiram de procurar emprego) chegou a 4,8 milhões no segundo trimestre de 2018. Para chegar o número de subutilizados, somam-se esses 4,8 milhões aos 3,3 milhões que podem trabalhar mas não têm disponibilidade (formando a força de trabalho potencial), acrescidos dos treze milhões de desocupados e os 6,5 milhões que trabalham, mas uma quantidade de horas insuficiente.

É importante ainda lembrar que, no segundo trimestre de 2018, 74,9% dos empregados no setor privado tinham carteira de trabalho assinada, um índice 0,9 p.p. menor que no mesmo trimestre do ano anterior, o que mostra uma ampliação da informalidade no último ano. O contingente de trabalhadores com carteira assinada chegou, nesse mesmo segundo trimestre de 2018, ao ponto mais baixo da série histórica, com 32,8 milhões de trabalhadores.

Todos esses dados exemplificam que a reforma trabalhista não foi capaz de criar empregos de qualidade e, ao contrário, cresce o contingente de trabalhadores que se desiludem e param de buscar emprego.

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