*José Álvaro de Lima Cardoso.
A
direção da Petrobrás informou ontem (1º.03.18), através de nota, ter conseguido
da Corte Federal de Nova Iorque, nos Estados Unidos, a aprovação preliminar de
um acordo para encerrar uma ação coletiva, movida por especuladores do mercado
de ações contra a empresa brasileira, com base nas denúncias da Operação Lava
Jato. Segundo a direção da empresa, a decisão significa “um passo importante
para resolver os processos contra a Petrobras perante a Corte Federal de Nova
Iorque, relacionados a crimes praticados contra a companhia que foram
descobertos pela Operação Lava Jato”.
Esse
acordo com a justiça norte-americana, que vem sendo negociado há alguns meses,
significará, ao que se sabe, o pagamento de US$ 2,95 bilhões pelos supostos
prejuízos causados aos especuladores dos EUA com os casos investigados pela
Lava Jato. Não se trata de decisão judicial: através de acordo a direção da
Petrobrás atendeu às exigências dos investidores. Para termos ideia do vira-latismo
que representa esse acordo, o seu valor é quase 7 vezes o montante que a
empresa recuperou com a Lava Jato (R$ 1,475 bilhão). Ou seja, a Petrobrás, que
foi a empresa vitimada pela corrupção de alguns de seus executivos, está pagando
indenização bilionária e antecipada aos especuladores norte-americanos.
O motivo da ação judicial coletiva são os
prejuízos que os especuladores tiveram com a queda do preço das ações no
mercado financeiro americano, uma decorrência dos ataques à empresa com a
operação golpista Lava Jato. Todos sabem que investimentos em ações são de risco,
o investidor pode ganhar ou perder dinheiro, dependendo da composição do investimento
e de uma série de outras variáveis. Quando um investidor corre riscos extraordinários
com determinada ação, procura compensar isso através de uma rentabilidade
maior. Rentabilidade esta que garante uma “gordura financeira”, em caso de
queda do valor das ações. É assim que o mercado de ações funciona. Imaginem se
os brasileiros que compraram ações da empresa norte-americana de tecnologia
Apple, uma das mais requisitadas no mercado, entrassem com ações na justiça por
prejuízos advindos da queda do preço das ações da empresa.
Ao que se sabe até o momento, os
beneficiários da bilionária transação são basicamente seis fundos chamados de
"abutres", fundos especulativos que compram títulos de dívida não
pago ou em quebra, visando ter lucros exorbitantes no médio ou longo prazo. Esses
fundos compram títulos a um preço muito mais baixo do que o seu valor real e
exigem pela via judicial o pagamento total da dívida, o que pode significar a
soma de juros e multas, além do valor principal. Muitos países pobres do
hemisfério sul já foram vítimas dos abutres, que têm como norma ameaçar e fazer
chantagem com ações legais.
Esses fundos montam, na verdade, esquemas
profissionais de extorsão, ou seja, adquirem as ações de determinado título já
prevendo processar o emissor. São fundos picaretas, que não trazem nenhum
benefício para a sociedade e que não por acaso são chamados de “abutres”.
Segundo informações de especialistas, o acordo da Petrobrás é o maior acordo
jamais fechado por uma empresa estrangeira nesse tipo de ação, dentro dos EUA. Existem
mais 13 ações judiciais nos EUA contra a Petrobrás e o acordo abre um
precedente contra a empresa. Obviamente foi um acordo de lesa pátria, contra a
Petrobrás e contra os interesses nacionais. É um acordo que fragiliza a empresa
e revela uma profunda subserviência dos atuais dirigentes da Petrobrás aos
investidores norte-americanos.
Os abutres internos devem estar eufóricos
com o acordo, pois apoiam tudo que possa prejudicar a Petrobrás e favorecer os
EUA, sejam as empresas ou o governo daquele país. Desde o início da Lava Jato procuradores,
juízes e agentes públicos
trocaram informações o tempo todo com organismos do Estado norte-americano,
inclusive alimentando órgãos de espionagem com informações que foram usadas
contra a Petrobrás. Como uma companhia
que foi vítima de ladrões aceita pagar uma indenização bilionária, mesmo antes
de haver qualquer decisão judicial? Mesmo que houvesse decisão da justiça, essa
teria que ser questionada, e deveriam ser esgotadas todas as possibilidades
jurídicas e políticas antes de se assinar um acordo deste tipo, extremamente lesivo
ao país e à empresa. É que o golpe
foi perpetrado, patrocinado, e é mantido por abutres, internos e externos que,
neste momento, subjugam o País com suas garras.
*Economista.
02.03.18.
Nenhum comentário:
Postar um comentário