*José Álvaro de Lima Cardoso.
Se referindo à crise cambial atual – que levou o Banco Central Brasileiro, em um mês, a colocar no mercado, através dos chamados swaps cambiais US$ quase 39 bilhões, visando conter a disparada da cotação da moeda norte-americana - o presidente do BC declarou que pode vir a usar as reservas internacionais brasileiras para resolver o problema. Os mais atingidos pela crise, até o momento, são os países de economias dependentes, como Brasil, Chile, Argentina, Colômbia e Turquia. Em função da tendência de elevação da taxa básica de juros nos EUA, esses países têm sofrido fugas em massa de capitais especulativos, que buscam manter seus lucros, garantindo ao mesmo tempo a segurança das aplicações. Esse movimento tende a provocar um “efeito manada”, ou seja, a fuga de capitais leva a desvalorizações das moedas desses países, o que por sua vez, leva a mais fuga de capitais.
Se referindo à crise cambial atual – que levou o Banco Central Brasileiro, em um mês, a colocar no mercado, através dos chamados swaps cambiais US$ quase 39 bilhões, visando conter a disparada da cotação da moeda norte-americana - o presidente do BC declarou que pode vir a usar as reservas internacionais brasileiras para resolver o problema. Os mais atingidos pela crise, até o momento, são os países de economias dependentes, como Brasil, Chile, Argentina, Colômbia e Turquia. Em função da tendência de elevação da taxa básica de juros nos EUA, esses países têm sofrido fugas em massa de capitais especulativos, que buscam manter seus lucros, garantindo ao mesmo tempo a segurança das aplicações. Esse movimento tende a provocar um “efeito manada”, ou seja, a fuga de capitais leva a desvalorizações das moedas desses países, o que por sua vez, leva a mais fuga de capitais.
Essa
espiral de especulação e pavor de perdas, que conduz à quebradeira financeira, é
bastante familiar ao Brasil que, até 2002, enfrentou várias e graves crises
cambiais. Foi uma crise desse tipo que levou recentemente a Argentina a tomar
emprestado US$ 50 bilhões do FMI e, para tentar deter a sangria de capitais, elevar
a taxa básica de juros para 40% ao ano. Juros nas alturas, como se sabe, inviabilizam
o crescimento e colocam a taxa de desemprego nos píncaros. No caso da Argentina
a situação é ainda mais grave porque o país, antes da crise cambial, vinha
financiando o déficit no balanço de pagamentos em conta corrente (que inclui
comércio de bens, serviços, juros e outras rendas do capital) com endividamento
externo. Prova disso é que, entre 2015 e 2017, a dívida externa da Argentina
saltou de 28% para 36% do PIB.
No
caso do Brasil, um dos aspectos que deu errado no golpe foi o aprofundamento da
crise econômica, que colocou o Brasil naquela que seja, possivelmente, a maior
estagnação de toda a sua história. Muitos incautos entraram na conversa de que,
afastada a presidenta Dilma (nem nenhum crime de responsabilidade), a “fada da
confiança” traria os investimentos de volta e a economia entraria em céu de
brigadeiro. Não apenas a fada não veio, como conduziram o país para uma das
maiores crises da sua história. Isso afastou muitos apoiadores de primeira hora
do golpe, que se sentiram enganados, levando a uma impopularidade de um governo,
que nem os piores da ditadura militar de 1964, enfrentaram. Gerou também um
ambiente que pode conduzir, no médio prazo, a um grande movimento de massas
contra o golpe. O que, obviamente, não está nos planos de quem o perpetrou.
No processo de retrocesso
político que assistimos em vários países da América do Sul, seja através de
golpes de Estado, seja mesmo através de eleições, um dos aspectos que tem
ficado evidente é o aumento da fragilidade econômica dos países. Tal
fragilidade está muito relacionada com as opções de políticas macroeconômicas.
Sempre que estes países apostaram na ampliação do mercado interno, na
valorização dos salários e no crescimento, a vulnerabilidade diminuiu. Vimos
isso recentemente na América do Sul. Os
países que reduziram sua vulnerabilidade externa na Região, tinham assentado suas
políticas socioeconômicas em três pilares básicos: 1º) Inclusão social e
combate à pobreza; 2º) recuperação do papel do Estado em todos os aspectos; 3º)
política externa com relativa independência.
Taís políticas, como se sabe, sofreram
desde o início, dura oposição do governo imperialista dos EUA e de seus braços
políticos e econômicos, como o Fundo Monetário Internacional (FMI). A
experiência histórica recente mostra que países que congelam gastos públicos,
que destroem mercado consumidor interno, e achatam salários, enfrentam estagnação
do PIB e crescente dependência de capitais externos. Quando não há crescimento
nem expansão do mercado interno, os capitais ingressam para especular e para
adquirir ativos baratos, como estamos assistindo com o desmonte da Petrobrás.
Afinal, qual seria a racionalidade de um investidor, realizar aportes produtivos
num país em que o mercado interno está encolhendo?
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