*José
Álvaro de Lima Cardoso
No
próximo sábado se comemora o Dia Internacional dos Trabalhadores, celebrado anualmente
no dia 1º de maio,
em quase todos os países do mundo, sendo feriado em
muitos deles. A homenagem é referente ao dia 1º de maio de 1886, quando uma
greve foi iniciada na cidade norte-americana de Chicago,
com o objetivo de conquistar condições melhores de trabalho. Principalmente a
redução da jornada de trabalho diária, que chegava a
17 horas.
Em
Chicago a greve teve adesão imediata dos trabalhadores de várias empresas. No
dia 3 de maio, durante uma manifestação, trabalhadores grevistas de uma
fábrica saem em perseguição aos fura greves, contratados pela empresa para
derrotar o movimento. São recebidos à bala pelos detetives da agência
Pinkerton, mais alguns policiais armados de rifles. O confronto termina com três
operários assassinados. No dia seguinte os trabalhadores realizam uma marcha de
protesto e, à noite, após a multidão se dispersar, restaram cerca de 200 manifestantes
e o mesmo número de policiais nas ruas. Neste momento explode uma bomba perto
dos policiais, matando um deles. Sete outros foram mortos no confronto que veio
a seguir.
Em função
desses acontecimentos, cinco sindicalistas foram condenados à forca, apesar da total
inexistência de provas. Um deles, Louis Lingg cometeu suicídio na prisão, ingerindo
uma cápsula explosiva. Os outros quatro trabalhadores foram enforcados em 11 de
novembro de 1887. Três outros foram ainda condenados à prisão perpétua. Em 1893 foram todos inocentados
e reabilitados pelo governador de Illinois,
que revelou ter sido o chefe da polícia quem tinha organizado tudo, inclusive preparando
o atentado para justificar a repressão que viria em seguida. Como se
sabe, em qualquer lugar, a polícia existe para defender os interesses dos donos
do capital.
No caso
dos trabalhadores brasileiros este dia 1º de maio coincide com um período no
qual a classe trabalhadora jamais foi tão atacada em seus direitos em toda a
história. A partir do golpe de 2016, são centenas de ações, destruindo direitos
e renda, como nunca foi visto na história do Brasil. Tais ataques vieram na
esteira de um crime de grandes proporções contra o país, que foi o golpe de
Estado. Esse golpe teve como momento crucial o impeachment da presidenta Dilma
em 2016, mas obviamente não se limita a ele.
É um golpe “em processo”.
Resgatar
o golpe não é uma questão de capricho ou de alguma razão moral. É que ele define
a vida dos trabalhadores. A essência do golpe está, justamente, no que veio
após a derrubada de um governo legitimamente eleito. Centenas (talvez mais de mil)
medidas, objetivando: 1.destruiir direitos; 2.tirar renda dos trabalhadores; 3.liquidar
o pouco de soberania que o Brasil possuía; 4. Roubar o Brasil.
Com o
golpe, foram cometidos crimes em série contra o país e seu povo. Os golpistas são
verdadeiros serial killers:
a) Segundo o DIEESE, somente a operação Lava Jato
fez o Brasil perder R$ 172,2 bilhões em investimentos e destruiu 4,4 milhões de
empregos, entre 2014 a 2017;
b) destruíram também a frestinha que havia de
democracia no país;
c) causaram a maior recessão/estagnação da história
e provocaram a perda de milhões de empregos;
d) liquidaram centenas de direitos trabalhistas e
sociais;
e) estão desmontando a Previdência Social
f) estão destruindo o mercado consumidor interno e a
indústria.
g) a fome voltou com força no Brasil. São milhões de
pessoas com fome crônica. Voltamos às campanhas contra a fome no país.
h) são milhares de pessoas mortas pela Covid-19, em
parte, desnecessariamente (já estamos com quase 400 mil mortos, oficialmente,
vamos chegar a meio milhão dentro de um mês), o que coloca Bolsonaro na
condição de maior criminoso da história do país;
i) desmonte do serviço público, que estão
providenciando à galope;
j) desmonte do Programa de Energia Nuclear do Brasil;
O golpe foi
coordenado pelos EUA, país que é a principal força na coalizão golpista. Os
Estados Unidos para continuar na condição de potência, dependem crescentemente
dos recursos naturais da América Latina e, por esta razão, não pode perder o
controle político e econômico da Região. Mas só iremos entender este conjunto
de ataques aos trabalhadores brasileiros, 135 anos após os acontecimentos dos
“mártires de Chicago”, se entendermos que todas eles, sem exceção, visam
solucionar uma crise do capitalismo ao nível internacional, aumentando o
repasse, aos países imperialistas, de: petróleo, água, minerais e território
para instalação de bases militares (como feito com a base de Alcântara, no
Maranhão). Além das outras formas tradicionais de extorsão e exploração do país.
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