BRASÍLIA - O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, avalia que a fase
"mais crítica" da crise econômica está passando e "temos que ter as
bases para um novo ciclo de crescimento", liderado por ganhos de
produtividade e expansão do investimento. Para ele, a retração da
economia no terceiro trimestre será menor que o recuo de 1,9% registrado
no segundo trimestre em relação ao primeiro. Nos três últimos meses do
ano, disse ele, a economia deverá se estabilizar - avaliação bem mais
otimista que a dos mercados.
Em entrevista ao Valor, Barbosa salientou que o governo precisa de uma
"proposta clara e objetiva de recuperação da economia, uma política
fiscal de longo prazo e muito diálogo".
Ontem, o ministro passou parte do dia em conversas com parlamentares da
base aliada para convencê-los de que serão necessárias reformas
estruturais para cobrir o rombo nas contas públicas. O projeto de lei do
Orçamento para 2016 foi enviado ao Congresso com déficit de 0,5% do
PIB. Ele disse que o governo vai apresentar propostas para enfrentar o
desequilíbrio fiscal que dependem do Congresso.
Elas vão contemplar contenção dos gastos obrigatórios em três das
maiores despesas: Previdência Social, folha de salários e saúde. "Na
saúde não basta botar mais recursos. É preciso discutir fontes e usos, a
qualidade do gasto", disse.
A rigidez orçamentária deve ser enfrentada. Apenas 9,5% do Orçamento de
R$ 1,210 trilhões são gastos discricionários passíveis de
contingenciamento. O resto são gastos obrigatórios por lei e indexados à
variação do PIB ou às receitas. "Temos que ter essa discussão",
afirmou.
Às críticas de que o Orçamento traz aumento do gasto e não cortes - um
dos focos de desentendimento entre ele e o ministro da Fazenda, Joaquim
Levy -, Barbosa rebateu que seu ministério fez uma análise criteriosa de
todos as despesas.
Para superar os efeitos da recessão sobre a arrecadação é preciso
retomar o crescimento econômico. Os primeiros "sinais de vida", disse,
vieram da recuperação do saldo comercial. Barbosa confia que a segunda
etapa será a expansão dos investimentos, no primeiro semestre de 2016.
No segundo semestre, espera a recuperação do consumo das famílias.
"Estaremos criando um novo ciclo de recuperação do consumo e do crédito
em bases sustentáveis", avalia.
Fase mais crítica da recessão já passou, diz Nelson Barbosa
Para o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, a fase "mais crítica"
da crise econômica já está passando e "temos que ter as bases para um
novo ciclo de crescimento", liderado por ganhos de produtividade e
expansão de investimentos. Ele acredita que depois da queda de 1,9% da
atividade econômica, no segundo trimestre sobre o primeiro, a retração
no terceiro trimestre será mais moderada e a economia se estabiliza nos
três últimos meses do ano, encerrando o exercício com contração de 1,8%.
Em entrevista ao Valor, o ministro disse que é preciso uma proposta
"clara e objetiva de recuperação da economia, uma política fiscal de
longo prazo e muito diálogo".
A contenda fiscal que envolveu os ministros do Planejamento e da
Fazenda, Joaquim Levy, ainda não acabou. Barbosa informou que o
resultado consolidado fiscal para 2016 é um déficit de 0,34% do PIB,
sendo que o governo central terá déficit de 0,5% do PIB. Levy, ontem,
disse que "temos que trabalhar para alcançar a meta de superávit
primário de 0,7% do PIB, que já é reduzida", em audiência pública na
Câmara dos Deputados. Levy está preocupado com a trajetória da dívida
pública. O ministro do Planejamento considera que o mundo não vai acabar
se a dívida crescer temporariamente, desde que o governo tenha um plano
de ajuste fiscal de longo prazo. O clima entre os dois não é bom.
Ontem, Barbosa passou parte do dia em conversas com parlamentares da
base aliada para convencê-los de que serão necessárias reformas
estruturais para sanear o "rombo" nas contas públicas. O projeto de lei
do Orçamento para 2016 foi para o Congresso com um déficit de 0,5% do
PIB mas ele confia que o Estado "tem plenas condições de resolver seus
problemas" e avisou que o governo tem propostas para enfrentar o
desequilíbrio fiscal, mas elas dependem do Congresso.
Ele não subestimou o esforço do governo este ano para colocar a casa em
ordem. "A presidente se convenceu da necessidade de uma reforma da
previdência, da reforma administrativa que vai reduzir de 39 para 29 o
número de ministérios, concordou com os reajustes dos preços da energia e
ainda abraçou as concessões". Admitiu rever as metas do Fies e do
Pronatec, "programas que lhe são muito caros", além das medidas
aprovadas no primeiro semestre que restringiram acesso a benefícios
trabalhistas e previdenciários e corte dos subsídios no crédito do
BNDES.
Esse conjunto de iniciativas talvez não seja suficiente para enfrentar o
tamanho da crise que o país vive, herdada do primeiro mandato de Dilma.
O ministro alega, porém, que "é preciso ter calma". Ele está convencido
de que "o paciente vai se recuperar e a arrecadação do governo federal
vai crescer. Não se resolve problemas estruturais simplesmente virando a
chave".
O governo vai apresentar propostas para conter o crescimento dos gastos
obrigatórios em três das maiores despesas públicas: previdência social,
folha de salários e saúde. "Na saúde não basta botar mais recursos. É
preciso discutir fontes e usos, qualidade do gasto", disse.
A rigidez orçamentária deve ser enfrentada. Apenas 9,5% de um orçamento
de R$ 1,210 trilhão, ou seja, R$ 115 bilhões, são gastos discricionários
passíveis de contingenciamento. O resto são gastos obrigatórios por lei
e despesas indexadas seja à variação do PIB seja às receitas. "Temos
que ter essa discussão", disse.
Os gastos discricionários, que em 2014 consumiram 4,7% do PIB, para 2016
devem ficar em 4% do PIB, nível igual ao deste ano. Houve, assim, uma
redução de cerca de R$ 40 bilhões em relação ao ano das eleições
presidenciais. As despesas obrigatórias crescem de 15% do PIB para 15,4%
do PIB entre 2015 e 2016.
O ministro, encarregado da elaboração da proposta orçamentária, disse
que o governo não se eximiu da responsabilidade de apresentar o projeto
de lei ao Parlamento. "Apresentamos a proposta do Orçamento com base nas
regras. Ele é deficitário e não estamos confortáveis com isso. Queremos
fazer superávit".
Às críticas de que o Orçamento traz aumento do gasto, ele informou que o
ministério fez uma análise criteriosa dos gastos, reviu metas, alongou
prazos. Ciência sem Fronteiras, por exemplo, em 2016 apenas manterá os
alunos que já estão no exterior. O orçamento do Minha Casa, Minha Vida é
praticamente suficiente para concluir as obras já iniciadas.
Do lado das receitas "o esforço é reduzir a complexidade e manter a
arrecadação como proporção do PIB". Sobre ideias de elevação substancial
do imposto sobre herança e criação do imposto sobre grandes fortunas,
Barbosa as considera corretas do ponto de vista social, mas de baixo
poder arrecadatório.
Para superar os efeitos da recessão sobre as receitas da União, é
preciso retomar o crescimento econômico. Barbosa avalia que os primeiros
sinais de vida foram dados pela recuperação do saldo comercial. A
desvalorização da taxa de câmbio incentivou a substituição das
importações.
Confia que a segunda etapa será a expansão dos investimentos, que
ocorrerá ainda no primeiro semestre de 2016. Até lá a estabilidade
econômica estará consolidada com inflação baixa, melhora da regulação
dos mercados, taxa de câmbio desvalorizada, concessões de obras de
infraestrutura e a questão fiscal bem encaminhada.
Nesse ambiente de inflação baixa, os juros estarão em queda e, no
segundo semestre do próximo ano, o ministro conta com a recuperação do
consumo das famílias. "Estaremos criando um novo ciclo de recuperação do
consumo e do crédito em bases sustentáveis", avalia.
Se esse é o quadro esperado para a demanda, do lado da oferta o foco
será a produtividade que será alcançada com base em quatro eixos:
aumento dos investimentos em máquinas e equipamentos e em
infraestrutura; aumento dos investimentos em educação; estímulo à
inovação "incremental" (adotando tecnologias de informação já
disponíveis no exterior); e as reformas institucionais. Para Barbosa, o
país está "atravessando uma fase difícil, mas o período mais crítico
está passando". Hoje a maior dificuldade é, para ele, "estabelecer
consenso político".

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