Com todo respeito aos bichinhos, os tucanos são bem parecidos com os
ratos - que abandonam o navio quando ele está afundando. Nesta semana, a
mídia deu grande destaque à decisão do PSDB de pedir o imediato
afastamento de Eduardo Cunha da presidência da Câmara Federal. Carlos
Sampaio, o líder tucano mais ligado ao correntista suíço, nem disfarçou o
seu cinismo ao anunciar a decisão na tribuna da Casa. No seu falso
moralismo, ele alegou que as explicações dadas sobre as contas no
exterior não convenceram os falsos éticos. As razões deste atrasado
divórcio, porém, são outras e revelam todo o oportunismo do PSDB - que
será seguido em breve pelos seus satélites no parlamento - DEM e PPS.
Uma notinha na Folha desta quinta-feira (12) revela
os reais motivos desta traição. "Até pouquíssimo tempo atrás 'amigos de
infância' do presidente da Câmara, o PSDB e setores do PMDB já torcem
pelo rápido afastamento de Eduardo Cunha para que o pedido de
impeachment de Dilma Rousseff possa ser conduzido por alguém que, nas
palavras de integrantes dos dois grupos, não 'desmoralize' o processo de
deposição da petista. 'A vilã é ela. Você está deixando ela ser
substituída nesse papel', disse Carlos Sampaio a Cunha, segundo relatos.
O receio de dirigentes tucanos é o de que o sucessor do peemedebista
seja alguém mais alinhado ao Planalto, que não dê andamento ao pedido na
Casa".
Além de ainda insistirem na tese golpista do impeachment de Dilma,
capenga com a morte prematura de Eduardo Cunha, os ratos-tucanos também
tentam limpar sua imagem. Pesquisas internas já teriam indicado que o
PSDB saiu enlameado com sua aliança oportunista com o lobista carioca.
Os recentes protestos de rua que exigiram o "fora Cunha", em especial os
da "primavera das mulheres", também respingaram no tucanato. Como
apontou o editorial do Jornal do Brasil, "depois da porta arrombada, o
PSDB decidiu atacar Eduardo Cunha". A manobra, porém, pode não surtir os
resultados desejados:
"O PSDB se esgarçou o quanto pode, apoiando Eduardo Cunha, apesar de
todas as evidências contra o presidente da Câmara Federal, apenas para
que ele colocasse em votação a abertura de pedido de impedimento de
Dilma. Como não obteve êxito, agora a frustração dos tucanos os coloca
no outro lado. Sampaio chegou a dizer que não se trata de um rompimento,
já que, segundo ele, o PSDB nunca foi aliado de Cunha. Mas basta
resgatar algumas notícias para provar que os tucanos são responsáveis
por sustentar o presidente da Câmara, quando afirmavam que não havia
evidências para cassação ou renúncia. Agora que o povo está indo às ruas
pedir a saída de Cunha e cobrar moralidade na política, o PSDB quer
pegar carona".
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