*José Álvaro de Lima Cardoso
A
produção de petróleo na camada de pré-sal ultrapassou um milhão de barris de
petróleo e gás, diários, no mês de julho. Segundo a Petrobrás foram 812,1 mil
barris, em média, de petróleo e 30,5 milhões de m³ de gás, diários. Em um ano a
produção de petróleo e gás, na província do pré-sal apresentou crescimento de
72,3%, um recorde de velocidade de crescimento, em toda a história do petróleo.
Nada mal para uma área que, quando descoberta, se dizia que a extração do óleo depositado
era economicamente inviável, em função do alto custo de produção (o custo de
extração do pré-sal é um dos menores do mundo: US$ 9,1 por barril, abaixo da
média da empresa, de US$ 14,6 por barril, e da média das empresas do setor, de
US$ 15 por barril).
A produção
superior a um milhão barris por dia foi alcançada apenas nove anos após a
primeira descoberta de petróleo na província do pré-sal, ocorrida em 2006. Para
se alcançar a produção de óleo de 800 mil barris por dia no Brasil, foram
precisos 40 anos e a operação de 6.374 poços. A produção de petróleo fora do
pré-sal está estagnada e só não é declinante porque a Petrobras tem
desenvolvido programas de otimização dos poços do pós-sal. A área do pré-sal,
ao contrário, onde entraram em produção pouco mais de 5% dos poços perfurados
na plataforma continental, é crescente. Entre maio de 2014 até agora passou de
549 mil barris/dia para os atuais um milhão barris/dia, crescimento acima de 80%.
As
tentativas de depreciar e subestimar a importância das descobertas do pré-sal,
ou de entregar as suas reservas numa bandeja de prata às multinacionais do
petróleo, tentam esconder um dado irrefutável. O petróleo é um recurso singular
da natureza e ainda não se descobriu um substituto à altura, com igual
densidade energética ou propriedades físico-químicas semelhantes. É recurso tão
estratégico que, está no centro do jogo de poder, pelo menos desde a 1ª Guerra
Mundial e sua história é a de quarteladas, golpes, revoluções e assassinatos.
Boa
parte dos movimentos e riscos de guerra no planeta, invariavelmente protagonizados
pelo Pentágono, estão diretamente relacionados à disputa pelo controle do
petróleo, gás natural e outros recursos minerais disponíveis no mundo. Os
interesses bilionários das multinacionais do petróleo, e seu poderio, levam a
uma guerra da informação que é briga de cachorro grande. O poder avassalador e
os interesses das multinacionais do petróleo corrompem políticos, meios de
comunicação, altos funcionários públicos, etc. Exatamente por isso, no Brasil,
regra geral as pessoas têm a ideia de que a Petrobrás é um antro de corrupção e
de ineficiência, quando é exatamente o contrário. Essa imagem não é casual, mas
é construída e faz parte da tentativa de entregar a riqueza do pré-sal às
gigantes mundiais do petróleo.
Alguns
incautos, defendem que o petróleo será substituído e, dessa forma, seria
fundamental atrair rapidamente multinacionais para explorar o pré-sal, antes
que as reservas percam o seu valor, em função de alternativas energéticas mais
baratas e eficientes. Para esses, a urgência na retirada do petróleo contido no
pré-sal justificaria a cessão da condição da Petrobrás de operadora dos
consórcios. Porém, o que se sabe é que o petróleo é mercadoria de difícil
substituição, e 90% do transporte mundial de carga e pessoas são movidos por
seus derivados. Não existe substituto que possa garantir os derivados do
petróleo, como combustíveis líquidos, de produtos petroquímicos, fertilizantes,
etc..
*Economista e
supervisor técnico do DIEESE em Santa Catarina.
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