O Brasil reduziu em 75% a pobreza extrema, entendida como
número de pessoas com renda inferior a US$ 1 ao dia, entre 2001 e 2012. O dado está no relatório sobre o estado da
insegurança alimentícia no mundo, apresentado ontem pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e
Alimentação (FAO, na sigla em inglês). O País foi citado como caso de sucesso no esforço mundial pela
redução da fome. Segundo a entidade, somente 1,7% da população (3,4 milhões de pessoas) permanece em
situação de insegurança alimentar. O índice abaixo dos 5% aponta o fim da fome estrutural no País.
De acordo com o levantamento, o Programa Fome Zero, que colocou a segurança alimentar no centro da agenda política, foi
o que possibilitou o Brasil a atingir a redução, incluída entre os Objetivos do Milênio (ODM) da Organização
das Nações Unidas (ONU). O estudo também destaca os programas de erradicação da extrema pobreza, a agricultura
familiar e as redes de proteção social como medidas de inclusão social no País. “No Brasil, os esforços que
começaram em 2003 têm resultado em processos bem sucedidos e políticas que tem reduzido de forma eficiente a pobreza e a
fome”, diz o relatório.
Para a deputada Margarida Salomão (PT-MG), o “reconhecimento mundial” de uma agência da ONU
é “importantíssimo” para o Brasil. “Esse relatório demonstra os avanços preciosos em
relação à fome, que até bem pouco tempo atrás era uma condição naturalizada. E o relatório da
FAO também mostra que as políticas sociais adotadas nesses 12 anos dos governos Lula e Dilma constituem uma grande vitória da
sociedade e que o Brasil é um sucesso mundial, fato que devemos comemorar muito”, afirma a parlamentar.
O deputado Artur Bruno (PT-CE) lembra
que essa conquista sempre foi uma meta e um compromisso do PT. “Diante
do
que mostra esse relatório, nos sentimos plenamente realizados quando,
com o PT no governo, conseguimos alcançar o objetivo de diminuir
radicalmente a fome e a miséria no Brasil. Hoje somos exemplos no mundo
de políticas bem sucedidas para o combate e a
redução da pobreza e da miséria”, analisa.
“Nos últimos anos, o tema da segurança alimentar foi posto no centro da agenda política do Brasil. Isso
permitiu que o País alcançasse tanto o primeiro objetivo do ODM, como da Cúpula Mundial da Alimentação”,
avalia a Representante Regional Adjunta da FAO para a América Latina e Caribe, Eve Crowley.
Segundo ela, os atuais programas de distribuição de renda e erradicação da pobreza estão focados na
vinculação de políticas para o fortalecimento da agricultura familiar com a proteção social. “Há ainda
muito a ser feito no Brasil, mas as conquistas estão preparando o País para os novos desafios que deverão enfrentar”,
afirma a representante.
Eve disse que o Brasil é um dos melhores exemplos do mundo na redução da fome: “Temos
obrigação de ajudar países dentro da região. Todos têm direito a uma alimentação saudável.
É um imperativo político e moral”.
A consultora da FAO, Anne Kepple, ressaltou a
importância de ter elevado as políticas a uma obrigação do
Estado, por meio de lei. Para ela, a diferença do Brasil foi adotar um
processo participativo e intersetorial que envolve diversas esferas e se
tornou prioridade nacional. De acordo com Anne, entre as políticas que
mais contribuíram para a redução está o
fortalecimento da alimentação escolar e programas que beneficiam os
agricultores familiares, um dos mais atingidos pela falta de
garantia de renda.
“Isto prova que podemos ganhar a guerra contra a fome e
devemos inspirar os países a seguir adiante, com a ajuda da
comunidade internacional se for necessário”, dizem, no relatório, o
diretor-geral da FAO, o brasileiro José Graziano da
Silva; o presidente do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola
(Fida), Kanayo Nwanze; e a diretora-executiva do Programa Mundial de
Alimentos (PMA), Ertharin Cousin. Eles ressaltaram que “substancial e
sustentável redução da fome é possível
com comprometimento político”.
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